13/12/2016
Opção, oferecida por instituições de ensino superior de ponta, é uma forma de encurtar caminho, baratear processo e também enriquecer a experiência.
Se no mundo globalizado o ritmo dos acontecimentos dita a velocidade do aprendizado, estudar no idioma oficial dos negócios sem ter de sair do País é uma forma de encurtar o caminho, baratear o processo e ainda enriquecer a experiência. Esse é o mote dos cursos de MBA em educação executiva oferecidos no Brasil, mas sem uma única linha escrita ou qualquer palavra falada na língua portuguesa.
“Uni todas as vantagens de um MBA no exterior, mas com um custo menor e sem ter de alterar toda a minha rotina”, afirma Vivian Mayumi Ueda, de 35 anos, estudante do Executive MBA da Business School São Paulo (BSP), a primeira instituição no Brasil a criar, em 1994, um MBA Executivo com todo o conteúdo ministrado em inglês.
A inspiração para o modelo veio das escolas europeias e norte-americanas, que já trabalhavam os desafios mundiais sob um olhar global, explica a coordenadora da pós-graduação da BSP, Monica Sabino Hasner. “O idioma ajuda muito porque podemos ter professores estrangeiros e usar casos e literatura recentes e internacionais.”
No início, as turmas eram uma mescla de estrangeiros e brasileiros. Com o tempo, os brasileiros se tornaram quase a totalidade dos matriculados. É gente que ocupa cargos que exigem interação global e que, muitas vezes, têm subordinados fora do País, como é o caso de CEOs e de diretores.
Vivian, por exemplo, usa o idioma diariamente no trabalho. A fluência foi verificada no processo de seleção – com entrevista e prova em inglês – e é aperfeiçoada no desenrolar do curso. “No início, fiquei um pouco apreensiva. Foi difícil virar a chave porque a gente tende a pensar em português. Mas peguei o ritmo. Além de os próprios colegas ajudarem a completar uma frase, os professores também intervêm se percebem que a gente está com dificuldade de formular uma ideia”, conta Vivian.
O curso é dado em um ano, com quatro semanas de imersão, sendo duas delas fora do País. A escolha pelo formato de imersão, e não por encontros semanais ou quinzenais, visa a propiciar um contato mais estreito entre alunos e a ter menos interferência do ambiente externo.
“A maioria dos alunos está de férias ou afastada do trabalho na semana da imersão. Isso faz com que a gente consiga se concentrar sem ter, por exemplo, de atender telefonemas ou responder e-mails urgentes. Além disso, passar uma semana inteira pensando em inglês faz a fluência melhorar muito”, afirma Vivian.
Sem perder o timing. E se você puder ter aulas no Brasil com aquele especialista que é referência mundial em determinado assunto? É isso o que o Insper propõe ao trazer os melhores do mundo para falar sobre temas emergentes.
“A gente percebeu que muita gente sai do País e vai fazer um curso fora por conta da expertise dos professores e da experiência de determinado local em lidar com um assunto”, afirma Rodrigo Amantea, coordenador da Educação Executiva da instituição. “Ao trazermos esses especialistas para cá, o estudante tem esse acesso sem ter de ir para fora.”
No mês passado, dois cursos do Insper de curta duração – Innovation Strategy e Futuring: Designing Strategic Scenarios – foram ministrados, respectivamente, por Phil Swisher e Mia A.M. de Kuijper, ambos docentes da Universidade Harvard.
“Muitos se inscrevem porque conhecem os professores, já fizeram curso fora e estão acostumados com uma leitura mais complexa em inglês e com um modelo mais intensivo de educação executiva”, explica Amantea.
E, especificamente nesses cursos de curta duração do Insper, assistir a esses especialistas no Brasil tem uma vantagem: dá para usar o serviço de tradução simultânea. Do público total, Amantea estima que 25% usam o fone para conseguir entender alguns detalhes mais complexos.
O acesso ao áudio traduzido, no entanto, é uma exceção. Na maioria dos cursos oferecidos no Brasil, o inglês é pré-requisito e o domínio do idioma é aferido, como na BSP e na Fundação Instituto de Administração (FIA). Essa última oferece três cursos na modalidade: o Americas MBA, o International MBA e o International MBA Full Time. O acesso a qualquer um deles é feito mediante uma prova e uma entrevista realizadas em inglês.
Público. Enquanto nos dois primeiros cursos o público é majoritariamente brasileiro, o International MBA Full Time é procurado principalmente por estrangeiros que veem para o Brasil para um período sabático, com ou sem intenção de se estabelecer por aqui.
Boa parte dos interessados busca fazer um curso de qualidade similar ao que encontraria no país de origem, mas em um ambiente menos óbvio. Na turma de 2015 havia profissionais de 12 países, da Europa, da Ásia e do Oriente Médio.
O dinamarquês Jakob Ammerlaan Stenbaek veio com a família após a mulher ser transferida temporariamente para o Brasil. Após chegar, há dois anos, se matriculou no MBA da FIA e agora, com o diploma na mão, quer atuar no País por ao menos três anos, tempo estimado para a volta à Europa.
“Mais valioso do que tudo que eu pudesse aprender foi a experiência de trabalhar e socializar com gente de tantos lugares diferentes”, afirma ele, que enxergou riqueza até na profusão de sotaques. “Como a maioria dos alunos não é falante nativo do inglês, estamos todos no mesmo barco. Isso torna tudo ainda melhor, e ajuda a criar uma experiência internacional.”
Fonte: Estadão.com – 11/11/2016