Curso Riscos Políticos auxilia empresários a entender a confusa lógica institucional brasileira
A vida política brasileira já foi ironizada pela série House of Cards, da Netflix, na qual um dos personagens da ficção reclama da dificuldade de competir com a realidade do país. O cenário, de fato, é de instabilidade. O Congresso aprovou o impeachment da presidente Dilma Roussef há um ano, o vice-presidente empossado Michel Temer está no meio de um escândalo disparado pela delação dos irmãos Joesley e Wesley Batista, e não há semana desde então sem que uma novidade negativa apareça na imprensa, em um país dividido nas ruas.
Como os empresários e CEOs podem conduzir suas empresas em um mar tão revolto? Para ajudá-los a identificar quais indicadores do governo e fatores de risco institucionais devem ser considerados, o Insper oferece a partir de julho, dentro de sua área de Educação Executiva, o curso Riscos Políticos. “A presença do Estado é tão grande no país que quando ele fica parado acaba travando toda a economia”, afirma o engenheiro Milton Seligman, que ocupou vários cargos públicos ao longo do governo Fernando Henrique Cardoso e é um dos coordenadores do curso.
“Muitos setores do mercado acreditam que a lógica econômica dá o tom das decisões no país”, diz o cientista político Carlos Melo, professor do curso. “Mas em geral os grupos reagem não de acordo com a racionalidade, mas pela força política que possuem.” Um dos temas tratados em Riscos Políticos lida justamente com o modelo institucional brasileiro e seus grupos de pressão, como os de integrantes de carreira de Estado, por exemplo, juízes e promotores. O risco, de acordo com Melo, ocorre quando os princípios da razão econômica não são capazes de se sustentar no campo político. “É importante olhar para nosso sistema político e saber do que ele é capaz”, diz. “Em outras palavras, é preciso entender a índole da maioria, que pode ser um horror, mas não é surpreendente. O que pretendemos com o curso é mostrar a complexidade da questão política, identificando fatores estruturais para que se possa compreender a conjuntura.”
“É preciso trabalhar na direção da redução de riscos, estabelecer a noção de protocolos”, afirma o professor do Insper Sandro Cabral, estudioso da eficiência em serviços públicos e também professor do curso. “Hoje, cada órgão de controle, por exemplo, faz o que quer, sem coordenação, em geral avançando sobre atribuições uns dos outros, e isso é um grande fator de incerteza.” Como afirma Seligman, “no Brasil, é preciso saber ler a política para entender o caminho do mercado”.
O curso Riscos Políticos também contará com a participação dos consultores da Eurasia Group, a maior consultoria de risco do mundo e terá início no dia 26 de julho. As inscrições podem ser feitas no site.