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Itaú Cultural apresenta a genialidade criativa de Bispo do Rosário
09/06/2022
Mostra traz 400 obras do artista plástico sergipano, que passou a maior parte da vida em manicômios
O Itaú Cultural apresenta, até 2 de outubro, a mostra “Bispo do Rosário – Eu Vim: Aparição, Impregnação e Impacto”, com mais de 400 obras do artista plástico sergipano Arthur Bispo do Rosário (1909-1989). São mantos, estandartes, esculturas e outras peças que Bispo do Rosário produziu em casas psiquiátricas, onde passou a maior parte de sua vida.
Nascido na cidade de Japaratuba, interior do Sergipe, Bispo do Rosário mudou-se em 1926 para o Rio de Janeiro, onde se alistou na Marinha e permaneceu por nove anos. Na Marinha, ele começou a lutar boxe e logo se tornou campeão dos pesos-leves. Seu envolvimento com o esporte causou muitos atritos, o que levou o sergipano a se desligar da Marinha.
Passou a trabalhar na companhia de energia Light como vulcanizador no setor de transportes, ao mesmo tempo em que investia na carreira como pugilista. Em 1936, porém, sofreu um acidente — teve o pé esmagado pela roda de um bonde, o que o deixou manco e o levou a abandonar o boxe.
“Revelação”
Dois anos depois, Bispo do Rosário teve uma “revelação”. Ele se apresentou em uma igreja no centro do Rio de Janeiro, dizendo estar ali por ser um “enviado de Deus” que iria “julgar os vivos e os mortos”. Foi levado para a Colônia Juliano Moreira, em Jacarepaguá, onde recebeu o diagnóstico de esquizofrenia paranoide.
Entre idas e voltas, Bispo do Rosário permaneceu em manicômios por cerca de 50 anos. Ele morreu na Colônia Juliano Moreira, em 1989. Foi nessa colônia que criou várias obras de arte usando o material que encontrava no local, como canecas, pentes, garrafas, calçados e papelão. Produziu mais de mil peças, mas passou a maior parte da vida no anonimato, até ser descoberto em uma reportagem de TV feita em uma clínica de tratamento de pacientes com problemas mentais. A genialidade e Bispo do Rosário, no entanto, só foi reconhecida após sua morte.
A obra em exposição no Instituto Cultural é relacionada às memórias que Bispo do Rosário trouxe da infância, de seu trabalho na Marinha e na Light e da vida no manicômio. A mostra, que ocupa três andares do espaço cultural, foi aberta em 18 de maio, o Dia da Luta Antimanicomial, data instituía para reconhecer os direitos das pessoas com sofrimento mental. Além de obras de Bispo do Rosário, há cerca 300 trabalhos de artistas que se inspiraram nele ou que passaram por ateliês de instituições psiquiátricas brasileiras.
Arthur Bispo do Rosário com uma das peças criadas por ele
SERVIÇO
Bispo do Rosário – Eu Vim: Aparição, Impregnação e Impacto
Curadoria de Ricardo Resende e cocuradoria de Diana Kolker, do Museu Arthur Bispo do Rosário – Arte Contemporânea (mBRAC)
Itaú Cultural (Av. Paulista, 149, São Paulo)
Terça a sábado, das 11h às 20h; domingo e feriados, das 11h às 19h