22/08/2019
O Insper Agro Global analisará os grandes vetores de transformação do agronegócio mundial e a dinâmica da inserção internacional do Brasil, desenvolvendo estudos estratégicos, desenho de políticas e formação de pessoas.
No dia 19 de agosto, realizamos o evento de lançamento do nosso novo centro de pesquisa e conhecimento, o Insper Agro Global. Vinculado ao Centro de Gestão em Políticas Públicas do Insper, o centro analisará os grandes vetores de transformação do agronegócio mundial e a dinâmica da inserção internacional do Brasil neste contexto, desenvolvendo estudos estratégicos, desenhos de políticas e formação de pessoas. À frente do Insper Agro Global está o professor e pesquisador Marcos Jank, que tem 10 anos de vivência acadêmica e profissional neste tema nos Estados Unidos, Europa e Ásia.
Na abertura do evento, o presidente do Insper, Marcos Lisboa, apresentou um panorama da história do agronegócio no Brasil, retratando desde o período pós-revolução industrial, com as exportações de café e algodão, passando pelos investimentos em tecnologia, com a criação da Embrapa nos anos 70, a abertura comercial nos anos 80, a expansão do crescimento do setor nos anos 90 e 2000 e a relevância da Esalq na formação de profissionais durante essa história.
“A produtividade do setor cresceu, em média, mais de 3% ao ano durante 40 anos. É um número astronômico. Isso apesar dos problemas de logística e de uma estrutura tributária completamente disfuncional que dificulta elaborar a produção”, ressaltou Marcos Lisboa.
O Coordenador do Insper Agro Global, Marcos Jank, iniciou sua apresentação abordando as principais conquistas e desafios do agronegócio brasileiro. “O agronegócio representa 20% do PIB, quase metade das exportações e 20% dos empregos. O Brasil tornou-se o 3º maior exportador mundial, atingindo 200 países. Isso nasce da disponibilidade de recursos naturais e avança com a tropicalização da agricultura via tecnologia. Ao mesmo tempo, temos uma série de desafios: vivemos tempos turbulentos, de guerras comerciais e comércio administrado, com o Brasil ausente de acordos comerciais. Precisamos, ainda, trabalhar a eficiência no pós-porteira, a percepção que questiona a sustentabilidade de nossos processos, a internacionalização de associações e empresas, além de elaborar uma visão estratégica de longo prazo”, analisou Marcos Jank.
Na sequência, Jank expôs os principais temas a serem trabalhados pelo Insper Agro Global, divididos em três áreas: Geopolítica e Demanda Global, Trinômio 3S (Sanidade, Saúde e Sustentabilidade) e Rupturas Necessárias em áreas como inovação, infraestrutura e diferenciação das exportações.
Geopolítica e Demanda Global
Mapear as grandes macrorregiões mundiais, lidar com a China e os EUA, analisar os impactos da abertura comercial brasileira no agro e a retomada das negociações comerciais além da União Europeia serão os principais temas abordados nesta área. “Daqui para frente, não existe demanda sem geopolítica. Até aqui, crescemos pelos nossos esforços em tecnologia e migração de pessoas, mas, daqui para frente, a nossa participação no mercado dependerá de saber lidar com um mundo fragmentado por interesses mercantilistas e geopolíticos”, destacou Jank.
Trinômio 3S (Sanidade, Saúde e Sustentabilidade)
De acordo com Jank, sanidade, saúde e sustentabilidade são três palavras fundamentais para o agronegócio de hoje, diante de um contexto em que se verifica a eclosão de doenças gravíssimas no mundo, como a peste suína africana na China, a necessidade de modernização do sistema sanitário no Brasil, as 820 milhões de pessoas que ainda passam fome ao mesmo tempo em que 2,1 bilhões sofrem com obesidade e doenças crônicas, além das percepções negativas em relação ao desmatamento, uso de terra e utilização de defensivos agropecuários no Brasil.
“Iremos apoiar os esforços de maior internacionalização de setores e empresas, além de promover diálogos sobre uso de terra, sobre onde e como produzir as commodities que o mundo vai precisar com atenção para a redução do desmatamento, desafio esse que não é só do Brasil, mas do planeta”, explicou Jank.
Rupturas Necessárias
Nesta área, o Centro desenvolverá estudos de impacto e desenhará estratégias a respeito de temas como inovação, bioenergia, infraestrutura e maior valor adicionado. “Isso com a intenção de sair da visão de comércio brasileira atual, de exportador agrícola, de supridor, para uma de maior integração internacional com as cadeias produtivas”, destaca Jank.
Em relação à inovação, a transformação se dá com as tecnologias de hoje, como internet das coisas, big data, biotecnologia, nanotecnologia, geotechs, drones e blockchains. “São novos paradigmas que permitem um casamento muito interessante entre economia, administração, agronomia e engenharia, áreas que formam a essência do Insper”, observa Jank, que ainda ressalta a mudança de logística de transporte rodoviário para ferrovias e hidrovias. “Isso vai acontecer nos próximos 10 anos. Essa transformação será extraordinária, pois atingirá a principal região marginal de produção de commodities do mundo, o nosso Centro-Oeste.”
Objetivo e equipe do Centro
“O objetivo do Centro é tornar-se referência nacional e internacional em temas do agronegócio global, no desenvolvimento de estudos estratégicos com densidade analítica e prospectiva, no apoio para o desenho de políticas públicas e privadas e na formação de pessoas, como os gestores públicos e lideranças do setor privado”, explicou o coordenador do Centro. Além de Marcos Jank, a equipe do Insper Agro Global é formada por Bruno Varella Miranda, Sergio Lazzarini, Paulo Furquim, Danny Pimentel Claro, Priscila Borin Claro, Tiago Fischer, Cinthia Cabral da Costa (EMBRAPA), Leandro Gilio (ESALQ/USP) e Marco Guimarães (ESALQ/USP).
Parcerias
O Insper Agro Global trabalhará em parceria com órgãos públicos como o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, o Ministério das Relações Exteriores e o Ministério da Economia, além de instituições ligadas à pesquisa e inovação agrícola como a Esalq e a Embrapa. “Após esse lançamento, também vamos procurar desenvolver parcerias com entidades de classe, fundações, ONGs e outros centros semelhantes localizados em vários países do mundo”, disse Jank.
Debate
O evento foi finalizado com um debate sobre a dinâmica do agronegócio no mundo e os desafios brasileiros, no qual participaram a senadora Ana Amélia Lemos, o presidente do grupo LIDE e ex-ministro do MDIC, Luiz Fernando Furlan, o professor e ex-ministro da agricultura Roberto Rodrigues, da FGV Agro, e Elizabeth Farina, presidente da Tendências Consultoria e membro da Comissão Externa de Avaliação do Insper.