01/09/2022
A FOKS, iniciativa do Centro de Empreendedorismo (CEMP), prevê inclusive acompanhamento de empreendedores que já obtiveram sucesso no desenvolvimento de startups
Bruno Toranzo
Sete em cada dez startups no Brasil são encerradas antes dos 20 meses de funcionamento, e outras 50% não conseguem apresentar resultados, de acordo com o estudo Mapeamento de Startups, realizado pelo Sebrae Paraná. Esse alto índice de mortalidade, aliado à dificuldade de gerar resultados, pode ser explicado por uma série de fatores, como falta de estruturação e processos definidos; erros ao pivotar; produto ou serviço sem mercado; e timing incorreto. Para auxiliar os alunos e ex-alunos empreendedores a obter sucesso com suas startups, o Insper lança sua aceleradora FOKS, que objetiva evitar esses erros comuns observados no mercado.
“Ajudaremos os empreendedores a entender a melhor roupagem para o negócio crescer efetivamente. Com o Centro de Empreendedorismo (CEMP), já estamos presentes desde o início, desde a intenção de empreender. Agora completamos o ciclo até o momento em que a startup se prova no mercado, ou seja, atuaremos do zero até a escala e as primeiras rodadas de investimento”, diz Thomaz Martins, professor do Insper e coordenador do CEMP. Esse Centro, área de negócio que apoia o Insper nas ações de empreendedorismo, dá suporte para o desenvolvimento dessa cultura na instituição de ensino. A aceleradora é o mais novo produto do CEMP, que existe desde 2006 atendendo o aluno e ex-aluno na tomada de decisão de empreender, no começo da exploração do mercado.
Com a aceleradora, esse processo de desenvolvimento da startup passa a ser completo, por meio de três momentos. O primeiro é o da descoberta: o empreendedor se descobre, entende se quer realmente empreender e, em caso afirmativo, explora as possibilidades do mercado. “Nessa etapa, interagimos com o interessado para que ele entenda se sua experiência de vida condiz efetivamente com a vontade de empreender. É uma jornada de introspecção do indivíduo, de intensa reflexão. Se ele trabalhou em banco, por exemplo, mostramos que pode existir oportunidade de empreender nesse mercado, já que a experiência em determinada atividade econômica não pode ser desprezada em termos de conhecimento ou domínio do mercado de atuação”, explica Filipi Tieppo, líder do programa de aceleração e analista do CEMP.
O segundo, chamado de advisory, já contempla o começo do negócio, com a construção dos produtos ou serviços e a aquisição dos primeiros clientes. Uma agenda mensal é disponibilizada ao empreendedor, com a definição dos objetivos-chave que devem ser cumpridos até o próximo encontro. “Iniciamos aqui a jornada para que o empreendedor entenda o perfil ideal de cliente da sua startup, assim como a jornada do seu consumidor. Um dos pontos relevantes é saber como ajudar o cliente a resolver seus problemas”, observa Tieppo.
E o terceiro, por fim, é de fato a aceleração FOKS, com o momento de descobrir o melhor modelo de negócio para escala. O papel da aceleradora é ajudar a desenhar a chamada máquina de vendas, definindo dessa forma aspectos como precificação, priorização de canais, estratégias de conversão, bem como a definição das métricas de crescimento. O objetivo é descobrir a melhor forma de refinar o produto ou serviço, monetizar e ganhar clientes. “Trouxemos mentores de mercado que já passaram por essa jornada, para acompanharem por seis meses os avanços da startup em aceleração, por meio de métricas de escalabilidade, definição de objetivos e muita reflexão sobre os resultados alcançados até o momento. São empreendedores e ex-alunos Insper que já captaram grandes rodadas com fundos de investimento e que devem compartilhar sua experiência e trajetória de sucesso a fim de ajudar os novos empreendedores”, afirma Martins. Nessa etapa, além de reuniões, são feitos workshops para ajudar a startup mentorada a acessar grandes mercados, e follow-ups com fundos de venture capital, tornando assim o negócio viável do ponto de vista financeiro.
“Não há momento específico para entrar na aceleração, mas existe duração limite de seis meses para ficar no programa, com o objetivo de aproveitar da melhor forma o conhecimento dos mentores convocados para a startup que está sendo acelerada”, diz Tieppo. “Desde o ano passado, atendemos, por meio do CEMP, 181 alunos e ex-alunos, com dois ou mais atendimentos para quase metade deles. Desse total de mentorados, 49 avançaram para a etapa de advisory, e oito já se encontram no momento de aceleração promovido pela FOKS.”