Um dos criadores do “Índice de Mudanças Abruptas” do mercado acionário – baseado em análises sismológicas -, Marco Antônio Leonel Caetano, do Insper, vê bom momento para investir. “Para quem está fora do mercado não existe melhor momento que este. A bolsa vai melhorar“, diz.
Após dois meses de forte queda, a bolsa tem conseguido mostrar uma recuperação em fevereiro, em grande parte puxada pela disparada das ações da Petrobras, que já subiram nada menos que 18% no período. O Ibovespa avançava 9,23% até sexta-feira e acumulava alta de 2,46% em 2015. Mas com tamanha volatilidade do mercado nos últimos tempos e com o tom pessimista prevalecendo, a visão sobre a valorização deste mês é de desconfiança para grande parte dos analistas. Há, contudo, exceções nesse grupo.
É o caso do pesquisador do Insper Marco Antonio Leonel Caetano, que desenvolveu, em parceria com Takashi Yoneyama, do Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), um método de análise com referência em um estudo de sinais para prever terremotos. Baseado nas frequências com que os preços se movem nos 60 dias anteriores, o Índice de Mudanças Abruptas (IMA) diário avalia o grau de estresse das bolsas nos períodos que antecedem crises ou que indicam bons momentos para compras.
E tudo aponta para uma inversão de rumo do cenário atual. “Para o investidor que está fora do mercado, não existe melhor momento que esse. A bolsa vai melhorar“, diz Caetano, para quem há uma espécie de “síndrome de neurose coletiva” no ar.
O IMA – do site “Mudanças Abruptas” (www.mudancasabruptas.com.br) – é composto por duas linhas que correm em direções opostas: o IMA-entrada, que indica a possibilidade de viradas para altas bastante significativas, e o IMA-crash, que identifica o perigo de viradas para quedas. Com uma variação entre zero e um, quanto mais perto dos limites, maior a possibilidade de o fundo ou o pico serem alcançados.
Com uma análise dirigida ao Ibovespa, enquanto o IMA-crash permanece em zero, o IMA-entrada está em um nível elevado, de 0,82, após bater 0,93 em dezembro. Quando o índice está situado acima de 0,8, mas começando a cair, ele sugere que a trajetória de queda está perto do fim. Este seria, portanto, o término do “fundo do poço” nos preços, o momento para se investir.
E a análise também vale para as ações preferenciais da Petrobras. O IMA-crash está próximo de zero, enquanto o IMA-entrada está acima de 0,8, mas em queda. “Isso é um ótimo sinal, com boa probabilidade de realmente a tendência de essa ação se reverter para alta“, afirma o professor.
Mesmo atento ao ciclo de alta dos juros, que mina parte da atratividade da renda variável, o pesquisador do Insper afirma que o investidor não deve ficar com medo. “Agora é hora de comprar mesmo, com foco no longo prazo.”
O risco para a interrupção do movimento que está se formando, aponta Caetano, vem de fora, mais especificamente do índice Dow Jones, que acumula leve ganho de 1,78% neste ano. Mas, pelo menos por enquanto, o pesquisador assinala que não dá para julgar o comportamento do referencial da bolsa americana, dado que os dois IMAs estão em zero, ou seja, não há uma tendência dominante nos últimos dois meses.
Fonte: Valor Econômico – 23/02/2015