A tecnologia trouxe mais acesso à informação para todos, independentemente de posicionamento, gênero ou raça.
Entrei no Facebook e tinha lá uma publicação de um amigo sobre um determinado julgamento. Fui para o Instagram e lá tinha um post do prefeito. No Whatsapp, recebi três mensagens sobre a roubalheira dos políticos. Acontecimentos políticos relevantes ocorrem todos os dias no cenário atual do nosso país. E nada mais natural que eles estejam na boca do povo. Parece até bom, mas como esses novos tempos de tecnologias exponenciais têm afetado tudo isso?
O ativismo digital que provocou essa vontade de comentar e postar sobre todo e qualquer assunto político ganhou relevância em 2013 (lá se vão 5 anos), quando se iniciaram os primeiros protestos contra o aumento da passagem de ônibus, a Copa do Mundo e a Olímpiada. Quem não se lembra do #ImaginaNaCopa. O ápice destes movimentos, no entanto, aconteceu às voltas do impeachment de Dilma Rousseff. As redes sociais tiveram um peso enorme nas organizações de movimentos, passeatas e ações. Foi a tecnologia e a internet que conseguiram mostrar a importância e o impacto da sociedade civil, não o noticiário nacional. Olha que inversão vivemos. A tecnologia trouxe mais acesso à informação para todos, independentemente de posicionamento, gênero, raça ou poder aquisitivo.
Mas calma! Nem tudo são flores no relacionamento da tecnologia com a política. Exemplo: as notícias falsas se espalham com a mesma velocidade das verdadeiras. Ou seja, atualmente acontecem problemas que não ocorriam antigamente, como pessoas perdendo as referências do que é certo ou errado, de quem está em qual lado, graças aos conteúdos oportunistas gerados por alguns e espalhados por muitos. Quem não leu algum artigo sobre como as fake news ajudaram Trump a vencer as eleições nos EUA? Não podemos negar a capacidade de alcance exponencial dessas novas mídias e tecnologias.
Não é o conhecimento que gera divisões nas populações e sim a alienação fantasiada de engajamento desinformado e desenfreado. Muitos propagam conceitos, ideias e relatos como sendo especialistas. Apesar de o conhecimento estar disponível “igualmente” a todos os indivíduos com alguma conexão com a internet, poucos se aprofundam nos conceitos e posicionamentos que defendem. Ativismo e militância é bem mais confortável do seu super smartphone.
Para solucionar esse problema conjugal da Tecnologia com a Política existe uma receita básica, mas infelizmente pouco executada: educar o povo desenvolvendo literacia digital e política. Senso crítico é a chave. É preciso saber discernir o que é possível, do que é perigoso, do que é relevante, tanto no aspecto tecnológico quando no aspecto político. Acho que não custa lembrar que diferente da nossa justiça, perante a tecnologia, todos os cidadãos são iguais. Talvez seja isso que o Brasil precisa entender para ganhar novos ares, conceitos e novas formas.