Somos mais de 2,3 bilhões em todo o mundo, somos seus novos consumidores, seus novos funcionários.
Pense: nesse momento, você realmente queria estar fazendo o que está fazendo? Se você estiver no trabalho e pensar: “mas é trabalho agora, então isso não conta”, talvez tenha alguma dificuldade de continuar lendo esse texto. Mas vou te pedir para tentar. Nós, millennials, já estamos cansados de dar satisfação sobre a forma como pensamos. Somos mais de 2,3 bilhões em todo o mundo, somos seus novos consumidores, seus novos funcionários, seus novos parceiros de negócio, somos os empreendedores do século, somos o seu futuro! Me parece importante você tentar nos entender!
Primeiro, entenda isto: somos o inverso dos baby boomers. Segundo: achamos a geração X contraditória. Vamos às explicações. Hoje o lance é a jornada. Aliás essa palavra nem era muito usada há algum tempo, né!? Servia só para filmes como o Jornada nas Estrelas, parecia algo distante que só uma mago intergaláctico poderia ter! Hoje, nós millennials, cuidamos como ninguém da nossa jornada, das nossas experiências. Buscamos experiências, e não bens. Aliás sem experiência, sua empresa vai morrer com a nossa geração. Depois não diga que não avisei!
Para nós, é muito mais importante curtir a jornada, mesmo que isso signifique tentar fazer uma startup decolar e falir no final. Gostamos mais disso do que ter um plano de carreira para em 30 anos chegar no topo de uma multinacional. Para alguns, o nome disso é inconsequência, insubordinação, impaciência, mas para nós, millennials, é propósito.
Talvez por isso sabemos reconhecer novas oportunidades, modelos de negócio inovadores e profissões que nunca ninguém imaginou. É a velocidade de conexão que dita o nosso ritmo de trabalho, e não estar em um escritório – e muito bem arrumada – às 6 horas da manhã só porque é preciso bater cartão. Temos uma certa aversão a esse modus operandi. E isso não quer dizer que trabalhamos menos ou mal. Nós até aceitamos trabalhar até de madrugada, levantar com o sol, mas só se formos desafiados, porque sabemos que vamos aprender e sair daquele dia de trabalho com muito mais bagagem do que quando entramos! Aliás, vai achando que curtir a jornada é fácil…
Nossa geração também está cheia de problemas. Temos uma necessidade de, cada vez mais rápido, encontrar a nossa grande missão. Esse é um fardo pesado demais, nós nos cobramos muito. Cada vez mais cedo precisamos falar mil línguas, morar fora, fazer faculdade e pós ao mesmo tempo. Tem muita depressão, terapia, coaching e yoga envolvidos! Começamos a perceber que cuidar da alimentação também ajuda a manter nosso equilíbrio.
Só uma última coisa: como estamos quebrando todas as regras e ressignificando muita coisa, a gente acha esse lance de geração meio sem sentido, cada um pode ser quem quiser e como quiser! Você aí, deixa de dizer que não foi criado assim, que é de outra geração, que não consegue entender a gente e abrace a sua jornada! Não é uma questão de data de nascimento, é uma questão de mentalidade!
* Camila Achutti é CTO e fundadora do Mastertech, professora do Insper e idealizadora do Mulheres na Computação