24/11/2016
Depois do segundo turno em 57 municípios, partidos começam a contabilizar os votes de olho nas eleições presidenciais. Entre os que formam a base política do governo, o PSDB sal na frente- foto que mais elegeu prefeitos, 14 em 19 disputas apesar da derrota em Belo Horizonte, O PMDB ficou em segundo, com nove o PT amargou uma derrota histórica: não levou nenhuma das sete prefeituras a que concorria. Rechaçado até tio berço da legenda, a região do ABC paulista. Assim como no primeiro turno, o numero de abstenções, votos brancos e nulos surpreendeu e chegou a 21.6% do eleitorado, mais de milhões de brasileiros.
Definidos os resultados do segundo turno das eleições municipais, os principais partidos já começam a projetar 2018, com cenários, opções e percalços que precisam atravessar para sonhar com o Planalto daqui a dois anos.
A base de apoio ao governo Michel Temer no Congresso venceu nas maiores cidades. Mas é uma vitória fragmentada. Principal vencedor nas capitais, com 7, e vitorioso em 14 das 57 cidades que foram às urnas ontem, o PSDB sai fortalecido das urnas. Enfrenta, entretanto, a incógnita quanto ao tamanho da disputa interna entre o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, o senador Aécio Neves (MG) e o ministro das Relações Exteriores, José Serra, todos postulantes ao governo federal daqui a dois anos.
O PMDB do presidente Michel Temer segue sendo o maior partido em número de prefeituras, com 1.038, o que significa uma máquina eleitoral a postos para campanha. Mas teve derrotas expressivas no Rio de Janeiro e em Porto Alegre, estados administrados pelo partido. Os peemedebistas não têm um nome natural para suceder Temer, e caciques da legenda defendem uma aproximação com os tucanos. 0 PS B, que em 2012 tinha aumentado consideravelmente o número de prefeituras, embalado pelos planos presidenciais do governador de Pernambuco, Eduardo Campos morto em um acidente aéreo em 2014 diminuiu no número de cidades administradas (de 440 em 2012 para 415 agora), mas muda o patamar de relação política.
A legenda pode ser o destino de Alckmin, caso este não concorra ao Planalto pelo PSDB. O acordo é estimulado pelo atual vice-governador de São Paulo, Márcio França, interessado em abrir as portas dos socialistas para Alckmin em troca de apoio para concorrer ao Palácio dos Bandeirantes daqui a dois anos.
O PT reforçou o inferno astral derivado das denúncias da Lava-Jato, da crise econômica que assola o país e do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O partido não conseguiu vencer em nenhuma das sete cidades nas quais disputou o segundo turno. Só elegeu o prefeito em Rio Branco (AC), por influência política dos irmãos Viana o governador Tião e o senador Jorge. Pela primeira vez na história, não governará em nenhuma cidade do ABCD paulista, que sempre foi denominado de cinturão vermelho. Dois fatos foram emblemáticos para essa crise. Com o PT fora do segundo turno em São Bernardo, após oito anos de gestão de Luiz Marinho, Lula não foi votar. E a ex-presidente Duma Rousseff nem sequer estava em Porto Alegre ontem, passando o domingo em Belo Horizonte. Nenhum petista disputou o segundo turno nas duas capitais. A opção mais forte, no campo da esquerda, até o momento, é Ciro Gomes, filiado ao PDT. Apesar da disputa extremamente apertada, ele conseguiu reeleger Roberto Cláudio para a prefeitura de Fortaleza. O próprio Ciro disse que, se a vitória não viesse, poderia rever os pianos para 2018. Ao Correio, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, defendeu que o PT apoiasse Ciro na corrida presidencial. 110 primeiro cenário mostra, sim, uma vitória inicial do PSDB. Mas, de qual PSDB? Se é verdade que Aécio Neves não venceu em Belo Horizonte, também é fato, que, descontados os votos brancos, nulos e abstenções, João Doria teve 35% dos votos dos paulistanos. E boa parte desses votos vieram do antipetismo e da identificação com um candidato novo, não necessariamente por causa do apoio dado por Alckmin”, afirmou o cientista politico e professor do Insper, Carlos Melo.
Melo afirma que os desdobramentos da Lava-Jato dentro do PSDB terão um peso importante na disputa interna tucana, bem como o equilíbrio de forças na escolha do novo líder do partido na Câmara, de quem concorrerá à presidência da Casa e como li-cará a disputa pelo comando da legenda.
“Com todos esses embates, poderemos ter, com mais clareza, o nome do candidato do PSDB ao Planalto. Até porque o PSD, que flerta com Serra, tornou-se a terceira maior legenda em número de prefeituras”, completou o cientista político. A vitória de Marcelo Crivella (PRB) no Rio introduziu um novo componente nesse caldo político: a força do voto evangélico. Esse grupo político sempre teve uma participação de destaque no Legislativo. Agora, comandará a segunda maior capital brasileira com um bispo ligado diretamente à Igreja Universal”, destacou a professora de Ciência Política da FGV-Rio, Sônia Fleury. 0 SALDO números do segundo turno 1.038 número de prefeitos que o PMDB conseguiu eleger 7 Número de capitais que elegeram prefeitos do PSDB 99 O primeiro cenário mostra uma vitória inicial do PSDB. Mas de qual PSDB? Isso precisa ser considerado para 2018″ Carlos Melo, cientista político do Insper Arthur Neto, vitorioso tucano em Manaus: partido ganhou 14 das 57 cidades que foram às urnas ontem Marcello Crivella, do PRB, que foi eleito prefeito do Rio de Janeiro: a força do voto evangélico é o novo componente no caldo politico.
Fonte: Correio Braziliense 31/10/2016