Imobiliário e Industrial tendem a se recuperar, enquanto Digital e Compliance são as novas apostas de especialistas
Qual o futuro do mercado jurídico no Brasil? A crescente crise dos últimos anos abalou grandes setores do país e deixou mais perguntas do que respostas. Um caminho, ainda pouco explorado, mas apontado como promissor, é o do Direito Digital. Industrial e Imobiliário voltam a ser vistos com otimismo e Compliance também ganha destaque. A avaliação é de especialistas da Laurence Simons, consultoria de recrutamento e recolocação no mercado, que participaram de debate com alunos do Insper, no início deste mês.
O ano de 2018 deve ser um ano-chave para o setor jurídico. As novas leis trabalhistas, criadas com a Reforma Trabalhista de 2017, por exemplo, trouxeram fôlego para esta área dentro do Direito. O abalo que a crise financeira trouxe para o setor nos últimos anos não será permanente e as áreas que tiveram queda no período, tendem a voltar a crescer.
“Antigamente, formava-se em Direito e seguia-se apenas a carreira de advogado. Hoje já não é mais assim, o Compliance é um exemplo disso, sendo uma área com bastante atuação de advogados, inclusive para o mercado internacional, o que antes era bastante raro”, avalia Dennis Mello, headhunter da consultoria.
Ricardo Chazin, também headhunter da Laurence Simons, aposta no Direito Digital. Na sua avaliação, a área começa a se destacar em 2018 com muita força e com certeza ocupará espaço junto a outras protagonistas do setor até 2020. “Quem estiver se preparando para atuar nesta área, estará bem”, acredita.
Empresa x escritório
A migração de empregados entre escritórios de advocacia e departamentos jurídicos dentro de empresas também é vista como tendência para os próximos anos. Essa movimentação é cíclica. A força dos escritórios tende a crescer, justamente para atender as demandas vindas de empresas que têm suas áreas jurídicas enxugadas.
“Hoje os escritórios de advocacia estão contratando muito em áreas específicas, por que as empresas precisam. Quando este departamento da empresa está em baixa, os escritórios estão em alta e vice-versa”, explica Mello.
De acordo com os especialistas, é comum colaboradores de escritórios migrarem para empresas clientes. “É muito comum o profissional estar empregado pelo escritório, mas trabalhando para o cliente do escritório diretamente. O vínculo empregatício é com o escritório, mas quando a empresa começa a melhorar, o efetiva como empregado próprio”, analisa Chazin.
O desejo de crescimento é o que mais movimenta essa tendência migratória e percebe-se a mudança de perfil dos profissionais. “Antes, quando falávamos com diretores jurídicos, eles ficavam satisfeitos com a ideia de se aposentarem no cargo. Hoje, os novos profissionais perguntam o que vem depois, qual é o próximo passo. Atualmente, é mais comum vermos diretores jurídicos assumindo a presidência de empresas”, conclui Mello.
O encontro “Perspectivas do Mercado Jurídico e Tendências 2018”, promovido pelo Núcleo de Carreiras do Insper este mês, discutiu esses e outros pontos sobre o futuro do mercado jurídico. Além dos headhunters da Laurence Simons, o debate, mediado pelo professor e coordenador do Insper Direito – Rodrigo Rebouças, contou com a participação de alunos da escola.