Um consenso entre os principais economistas do país é a de que fazer a economia crescer de novo é o principal desafio do governo do vice-presidente Michel Temer.
O número de desempregados no país subiu 39%. “A taxa de desemprego sempre reage com a defasagem a recuperação econômica. Então, se a economia começar crescer no ano que vem, eu prevejo que começar a reduzir a partir de 2018, que é um processo lento”, fala o professor do Insper, Naércio Menezes.
E quando foi que a economia acendeu o sinal amarelo? “Houve um determinado momento em que o governo tentou, meio que na marra, derrubar a inflação e derrubar os juros sem, no entanto, construir as condições para que isso acontecesse. No caso do setor elétrico, um custo artificialmente baixo significa que os investimentos em geração de energia não acontecem. Isso, então, plantou problemas para o futuro. Quando tudo se normatizou a inflação subiu muito. E afetou. Afetou os salários reais, era uma certa ilusão aquilo que vinha acontecendo aqui”, diz o ex-presidente do Banco Central, Armínio Fraga.
O país passou de um crescimento de 7,5% em 2010 para uma queda de quase 4% ano passado. A produção parou, as vendas caíram e a arrecadação de impostos do governo também. Mas as despesas do país não.
“O Brasil tem agora uma grave crise fiscal e não vai poder resolver de novo porque não dá mais para continuar aumentando a carga tributária e não dá para resolver de novo jogando para o bolso do trabalhador”, afirma o economista do Insper, Eduardo Giannetti da Fonseca.
E quando o bolso aperta não tem mágica: tem que cortar despesa. E vai ser preciso muito diálogo para o novo governo cortar gastos, um dos principais desafios do país.
“Nós precisamos cortar gastos e também focar gastos naquilo que é papel essencial do Estado: saúde, educação, segurança”, fala o ex-presidente do Banco Central, Gustavo Loyola.
A redução da despesa do governo abre espaço para a queda de juros também, outro entrave para o crescimento da economia e desse assunto o brasileiro entende bem.
A dívida pública do Brasil está em quase R$ 3 trilhões. Encareceu depois que a economia entrou em crise. Os juros básicos subiram de 7,25% em abril de 2013 para 14,25% agora.
Isso puxou todas as outras taxas da economia, os juros das empresas e também do consumidor. “A redução dos juros passa necessariamente por uma situação fiscal melhor, uma consolidação fiscal e uma simplificação também no regime tributário”, explica Loyola.
Fonte: Portal G1 – 12/05/2016