17/06/2022
Big Data, Inteligência Artificial e Learning Analytics são algumas das tecnologias que estão impulsionando as transformações que vêm ocorrendo na educação.
O potencial de inovações do digital é tão grande, que é muito difícil ter uma visão abrangente de tudo o que virá de novo ou do que está em pleno desenvolvimento.
A única certeza é que as instituições de ensino já começaram a incorporar (e usufruir) a fusão entre tecnologia e inovadores métodos de ensino e aprendizagem.
Para entender esse movimento, listamos aqui alguns tópicos para ficar por dentro do que é a educação do futuro.
O termo faz referência à Revolução 4.0, ou a Quarta Revolução Industrial que estamos vivendo, com a evolução da tecnologia e a incorporação do mundo físico ao digital.
Esta evolução se dá graças a um sistema de tecnologias avançadíssimas como a inteligência artificial, a internet das coisas, a robótica e a computação em nuvem.
O Instituto de Estatística da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco) estima que 120 milhões de pessoas vão cursar o ensino superior até 2030, sendo 2,3 milhões no exterior (ou seja, não estarão estudando em seus países de origem).
Para atender essa demanda, as escolas estão transitando entre sistemas tradicionais de ensino presencial, mas principalmente em modelos híbridos ou 100% online.
Um exemplo vem da Universidade de Stanford, que ofereceu uma apresentação presencial de Machine Learning para 400 pessoas e uma versão online para 100 mil participantes com o mesmo conteúdo, mas com o diferencial de que este último poderia ser acessado em qualquer horário. Os resultados foram surpreendentes em termos de difusão do conhecimento.
Mais alunos absorveram melhor os conceitos da aula online e consideraram muito úteis os materiais de apoio online, o que não se deu da mesma forma na aula presencial.
As plataformas de ensino virtual estão se aperfeiçoando. Hoje é parte da rotina estudantil o acesso a conteúdos interativos online, imagens digitalizadas, PDFs explicativos, fóruns de dúvida, links para fontes externas, teleconferência e animações.
Agora, as plataformas vão em direção a serviços que nem imaginávamos.
O quadro branco online substituiu o quadro negro da parede e uma plataforma oferece a sala de intervalo virtual para alunos e professores saírem momentaneamente das aulas e confraternizarem entre si (ou não) durante um breve descanso.
Imagine um simulador de pouso e decolagem de aviões. Depois pense no Pokémon GO, game em que os Pokémons só existem na tela do celular, mas estão dentro de cenários que reproduzem aquele onde o jogador se encontra. Você sabia que esses são dois exemplos de realidade virtual e aumentada?
Agora considere um pentágono 3D que, apesar de virtual, o professor e os alunos podem manipulá-lo como se fosse verdadeiro para estudar os vários lados do objeto. É isso que a faculdade do futuro está trabalhando neste exato momento.
Se hoje as visitas à Yale com realidade virtual já existem na internet, e você é apenas um observador que pode escolher algumas poucas opções de trajetos, talvez num futuro muito próximo terá autonomia para percorrer a universidade do jeito que bem entender, garantindo uma experiência única para seu passeio.
O Big Data são dados digitais coletados com um volume de informação, velocidade e variedade tão grandes, que um ser humano não é capaz de analisar.
Se uma pessoa não cumpre essa função, cabe a um software organizar e selecionar as informações. Afinal, quem usa a internet deixa a sua “pegada digital”, que são rastros mapeáveis de cada um de nós no mundo digital.
É como funciona a sugestão de conteúdos e de anúncios que aparecem no feed da sua conta de uma rede social, com algoritmos que identificam tendências, preferências e comportamentos para oferecer material de seu interesse e que se encaixam dentro do seu perfil. Um conceito similar é aplicado à Educação 4.0.
Os gestores das escolas terão condições de acompanhar a trajetória dos estudantes durante o aprendizado, identificando pontos fortes e fracos, razões para desistência nos estudos, questões em exames que deixaram de ser respondidas e quais atividades extracurriculares são as mais adequadas para cada um dos estudantes.
Ao mesmo tempo, os alunos poderão montar seu próprio plano de estudo de acordo com suas preferências e também por meio do feedback das escolas, de forma a melhorar habilidades próprias ou desenvolver outras que não são tão evidentes assim.
A área de conhecimento que reúne ciência, tecnologia, engenharia e matemática é uma das mais promissoras do futuro pelas suas aplicações em campos tão díspares como a agricultura e a exploração espacial, e tão significativas para a economia como na indústria em geral.
Uma característica predominante das aulas de robótica é incentivar o desenvolvimento do pensamento crítico e criativo dos alunos quando, por exemplo, grupos trabalham em um protótipo que, testado, pode ser melhorado, e, aperfeiçoado, pode virar modelo padrão.
Com a robótica, os estudantes têm a oportunidade de lidar com propostas que podem se transformar em soluções mais atraentes para problemas reais. Esse é o caso do brasileiro Julio Duaibes.
Estudante de engenharia de produção, ele desenvolveu um respirador automático que pode custar quatro vezes menos que os modelos tradicionais usados em hospitais.
Lá fora, em países como Japão e Coreia do Sul principalmente, as escolas adotam a disciplina na mais tenra idade. Como disse o pensador Aristóteles, “é fazendo que se aprende a fazer [aquilo que se deve aprender a fazer]”, frase adotada pelas faculdades mais avançadas que incentivam os alunos a colocar a mão na massa.
Na Educação 4.0, o Learning Analytics fornece informações sobre os materiais online que os professores indicam para estudo e quais os mais vistos pelos alunos, mostrando preferências ou dificuldades encontradas pelos estudantes à medida que estes interagem no digital.
Depois de analisados, esses dados indicarão aos gestores os caminhos para melhorar a jornada de aprendizado de cada aluno de forma individualizada. Um recurso inovador já está ativo no Coursera, plataforma com cursos online dos mais variados tipos.
Se vários estudantes de um curso respondem errado a mesma questão, o professor recebe uma notificação e fica a par da dificuldade de cada aluno, evidenciando que falta um reforço da matéria.
Ou seja, o método coletivo das salas de aulas presenciais que conhecemos hoje cederá lugar ao ensino personalizado do amanhã.
Discussão em altaO desenvolvimento de tecnologias aplicadas na educação se encontra em sua fase inicial e ainda há muito por vir. A grande dúvida é se todos os envolvidos da cadeia de conhecimento serão capazes de utilizar as novas ferramentas educacionais, e sem perdas. Isso porque a pandemia forçou a migração para aulas online, o que evidenciou vantagens e desvantagens do ensino remoto no rendimento dos estudantes. Um estudo do Insper em parceria com o Instituto Unibanco mostrou que os alunos, pelo menos da rede pública, iniciaram o atual ano letivo com menor desenvolvimento em língua portuguesa e em matemática, em decorrência da substituição do ensino presencial pelo remoto durante a pandemia de coronavírus. O psicológico dos alunos também foi afetado pela não interação presencial com educadores e colegas, problema esse que a tecnologia não foi capaz de prever. |
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