30/03/2020
Daniel Krás, Gerente de Laboratório do Fab Lab, inicia a série de entrevistas com professores e gestores do Insper sobre ações e dicas para mitigar o impacto do vírus Covid-19
ENTREVISTA| CONTEÚDO SOBRE A PANDEMIA DE COVID-19 |ACESSE A PÁGINA ESPECIAL
Seguindo os esforços conjuntos de toda a Comunidade Insper para mitigar o impacto do vírus Covid-19, iniciamos uma série de entrevistas com professores e gestores para abordar ações realizadas pela nossa escola, além de dicas e orientações nas mais diversas áreas para colaborar com a superação dos desafios deste período.
Nesta primeira edição, o entrevistado é Daniel Krás, Gerente de Laboratório do Fab Lab, que aborda o início dos trabalhos da escola na impressão e testes de modelos de peças para dispositivos de proteção utilizados por profissionais da área da Saúde, como máscaras de proteção facial (face shield).
1) Como surgiu a ideia do Fab Lab ajudar a mitigar o avanço do novo coronavírus?
O Fab Lab é parte do Insper e, como toda a instituição, o primeiro passo foi iniciar o trabalho remoto e isolamento social (até agora a ferramenta mais importante no combate ao Covid-19).
Através da Rede FabLab Brasil, comunicados da internacional (FabLabs.io) e grupos de discussão, tomamos conhecimento de iniciativas maker ao redor do mundo. Tanto a comunidade maker quanto a comunidade Insper (alumni, alunos e parceiros da instituição) entraram em contato para viabilizar alguma ajuda produzindo equipamentos. A mobilização da equipe já começava.
No dia 23 de março, foi publicada uma portaria no Diário Oficial da União abrindo oportunidade para produtores independentes oferecerem produtos para agentes de saúde, desde que validados e autorizados por alguém com competência técnica e produzidos adequadamente.
Nos dias seguintes, a equipe do Fab Lab realizou uma análise das oportunidades de colaboração com a comunidade e solicitou liberação da diretoria para engajar em ações que estivessem organizadas: documentação de projeto disponível, canal de validação com especialistas disponível e material para iniciar o projeto disponível.
Houve a autorização da diretoria para iniciarmos as atividades e, então, começamos a organizar o revezamento do time para o trabalho.
2) Como está sendo feito esse trabalho?
O trabalho feito no laboratório consiste em impressões de peças 3D e corte de chapas para teste e validação de protótipos. O trabalho feito em laboratório ou remoto acontece com a avaliação e modificações de projeto, coordenação de atividades entre os membros da equipe e desenvolvimento de soluções escaláveis. Ou seja, aprendemos com a rede internacional, replicamos o conhecimento aqui, validamos localmente e, a seguir, buscamos desenvolver soluções de produção em grande escala.
A associação do Insper Fab Lab com outras iniciativas tem o objetivo de facilitar o acesso aos especialistas médicos, como já ocorreu semana passada na visita ao HC em São Paulo.
Tais solicitações de apoio dos laboratórios do Insper em atividades relacionadas ao combate do Covid-19 vêm sendo direcionadas para mim. Eu ajudo a organizar a participação da equipe técnica, verificando disponibilidade de pessoas e equipamentos. As pessoas também são incluídas em debates para darem opinião e indicarem como conseguiriam ajudar.
Esse novo conjunto de atividades é muito importante nesse momento, mas não mais importante do que atender o propósito do Insper com os alunos e professores. Alguns grupos do Projeto Final de Engenharia (PFE) demandam laboratórios também e a organização de atividades deve ser sincronizada para conseguirmos realizar tudo maximizando os impactos positivos.
3) Há uma previsão da quantidade de peças que serão fabricadas?
Ainda não há previsão de peças total a serem produzidas. Uma produção de peças expressiva não é a melhor contribuição do Fab Lab, cuja força maior é prototipagem rápida. Na frente de trabalho de máscaras de proteção (face shield), estamos melhorando o desenho para validação tanto em UTI quanto nas demais atividades. Isso permitirá a produção de um molde e fabricação por injeção de plástico, conseguindo assim um número expressivo de unidades.
4) O que significa, para você, poder colaborar com a produção de peças importantes para o combate ao novo coronavírus?
É uma ação muito bonita e gratificante. Porém, como um produto pode causar dano em outra pessoa se não estiver bem feito, também cobra muita responsabilidade.
5) Você acredita que essa e outras iniciativas desenvolvidas em Fab Labs neste momento de crise podem impulsionar ainda mais a cultura maker?
Eu acredito que sim. Os fatos mostram pessoas trabalhando de maneira colaborativa para o bem comum, desenvolvendo projetos, testando e validando com uma velocidade difícil de encontrar em outros modelos de negócio. As pessoas criam, compartilham com a rede, esperam feedback e melhorias e apresentam novas versões sempre buscando um melhor resultado para o usuário.
Daniel Krás é graduado em Filosofia e Engenharia de Controle e Automação e tem Pós-graduação em Gestão de Empresas. Fez a certificação Fab Academy em 2017 no Insper FabLab. Atua como Gestor do Fab Lab, posição de referência para demandas internas e externas, acomodando as atividades da equipe e viabilizando a disponibilidade de recursos e insumos.