Ex-executiva da Vale, a brasileira Carla Grasso foi indicada ontem para ser vice-diretora-gerente e diretora administrativa (“chief administrative officer”) do Fundo Monetário Internacional (FMI) pela número 1 da instituição, Christine Lagarde. Carla vai exercer uma nova função no Fundo, “criada para alçar a gestão operacional e administrativa do Fundo ao nível de excelência exigido pelo papel e responsabilidades singulares da instituição em uma economia mundial em rápida transformação”, diz nota divulgada pela instituição.
A executiva ocupou a vice-presidência de recursos humanos e serviços corporativos da Vale de 2001 a 2011, tendo entrado na companhia em 1997. Em 2014, Carla colaborou com a campanha à presidência do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Carla traz para sua nova função um legado de liderança extraordinária, raciocínio estratégico e sólida experiência em gestão operacional. Realizamos um extenso processo seletivo de alcance mundial para preencher esta posição nova e crucial para o FMI. Tenho plena confiança de que encontramos uma gestora e líder formidável para integrar nossa equipe”, afirmou Lagarde.
“Estou feliz por juntar-me ao FMI”, disse Carla, segundo comunicado da entidade. “O FMI é uma das organizações internacionais mais respeitadas do mundo e eu estou muito ansiosa em poder trabalhar com meus novos colegas de direção, bem como com o talentoso pessoal do Fundo, para ajudar a fortalecer ainda mais a instituição, em um momento em que deve responder às necessidades de uma economia mundial em rápida transformação e as de todos os seus países membros.” A executiva afirmou ainda ser “um prazer especial poder voltar a Washington depois de ter trabalhado junto ao FMI e no Banco Mundial no início da minha carreira”.
Carla teve uma passagem longa na Vale. Entrou na empresa em 1997, depois da privatização da companhia. Foi diretora de pessoal, administração e tecnologia da informação do centro corporativo. Promoveu forte redução de pessoal e fez mudança no plano de previdência dos funcionários.
Na gestão de Roger Agnelli, ganhou mais destaque na companhia. Houve descontentamentos com a sua atuação. Em entrevista ao Valor, em 2010, Agnelli defendeu a executiva. “Ela é dura, mas é eficiente, é exigente. Há esse desgaste, mas diretora de recursos humanos é sempre complicado, não é?”, afirmou o executivo, que deixou a companhia em 2011, desgastado com o governo federal. Carla também deixou a empresa na época.
No ano passado, Carla trabalhou como coordenadora-executiva do programa de governo de Aécio, atuando na primeira fase do programa com Antonio Anastasia, que acabara de deixar o posto de governador de Minas Gerais para poder se candidatar ao Senado. Era Anastasia quem estava à frente do programa. Quando o mineiro encerrou em junho sua participação na elaboração do programa de Aécio para se dedicar a sua própria campanha, ela continuou a trabalhar com Arnaldo Madeira, que ficou à frente do programa. Ela foi casada com Paulo Renato de Souza, ministro da Educação no governo Fernando Henrique, morto em 2011.
Carla ocupará o cargo no FMI a partir de 2 de fevereiro, depois de a indicação ser aprovada pela diretoria- executiva do Fundo, um procedimento normal para todas as nomeações. “Carla vai coordenar as áreas de orçamento, recursos humanos, tecnologia, serviços gerais e auditoria interna, a fim de assegurar a gestão eficiente, eficaz e completa dessas funções essenciais para a eficácia global do FMI”, diz o comunicado, acrescentando que ela também vai supervisionar as atividades do FMI nas áreas de desenvolvimento de capacidades e formação.
Além de trabalhar na Vale, Carla foi secretária de Previdência Complementar entre 1994 e 1997, e também teve posições de assessoria e coordenação nos ministérios da Previdência, Fazenda e Planejamento, assim como no Gabinete da Presidência da República do Brasil.
Ela também foi consultora do Banco Mundial. A executiva tem mestrado em política econômica pela Universidade de Brasília (UnB). No ano passado, foi professora de Educação Executiva no Insper, em São Paulo.
Fonte: Valor Econômico – 15/01/2015