19/05/2022
Evento “Do Insper à Captação” reuniu alguns dos empreendedores formados no Insper que estão captando milhões em suas empresas
Márcio Martins Araújo
Como saber se uma ideia pode virar um grande negócio? Quais são os desafios inerentes ao empreendedorismo e como enfrentá-los? E como funcionam os processos de captação em uma startup? Essas foram algumas das perguntas respondidas no evento Do Insper à Captação, organizado pela Liga de Empreendedores, com apoio do CEMP (Centro de Empreendedorismo), que aconteceu no auditório do Insper na segunda-feira, 16 de maio.
Em um bate-papo descontraído, Rodrigo Tognini, presidente e co-fundador da Conta Simples, Thiago Achatz, co-fundador da Z1, João Pedro de Simone, co-fundador e vice-presidente de operações da Worc, e Matheus Marotzke, co-fundador e vice-presidente de tecnologia da Klubi, contaram sobre suas trajetórias pessoais e apontaram alguns caminhos para o desenvolvimento de um bom projeto. Todos eles fazem parte do grupo de alunos e ex-alunos do Insper que captou em 2021 e 2022 um total superior a 4 bilhões de reais em suas startups.
Rodrigo Tognini, formado em 2018 no curso de Administração, levantou cerca de 150 milhões de reais em investimentos para a Conta Simples, fintech de gestão de despesa e conta corrente. Ele, que já foi um jogador de basquete e é um dos fundadores da Liga de Empreendedores do Insper, explicou que as mentorias organizadas na escola com grandes empresários, como Jorge Paulo Lemann e Beto Sicupira (AB InBev), Luiza Trajano (Magazine Luiza) e Abilio Diniz (hoje na BRF e no Carrefour) o ajudaram no processo de consolidação de seus projetos. “Eles contavam histórias e mostravam para a gente que eram pessoas de carne e osso, gente como a gente”, disse Tognini. “Se eles conseguiram, eu também consigo. Não será fácil, não será rápido, mas esse é um processo de construção mental de valor, que me mostrou que eu queria mesmo estar nessa jornada.”
O networking na escola também foi fundamental para o desenvolvimento da fintech, segundo Tognini. “Eu sinto que o Insper é a minha casa. Eu entendia que daqui de dentro sairiam os próximos grandes empreendedores, grandes empresários e líderes do Brasil e por isso eu deveria aproveitar essas oportunidades. E foi o que aconteceu. Os meus sócios eu conheci nesse networking. Os primeiros funcionários do Conta Simples e os investidores vieram também desse networking”, afirmou. Além disso, ele ressaltou a importância do Programa de Bolsas do Insper em sua trajetória: “Na minha empresa, começamos com um capital de apenas 10 mil reais. Não vim de família rica e comecei com quase nada. Fui bolsista aqui no Insper e tenho muito orgulho de ter feito parte do Programa de Bolsas”.
Matheus Marotzke, da primeira turma de Engenharia de Computação, captou 32 milhões de reais para a Klubi, startup voltada para o mercado de consórcio de automóveis. E afirmou que um dos segredos para a captação é a construção de relações. “É preciso sempre conversar com investidores e manter as relações. Se o papo for recorrente, isso ajudará a abrir rodadas de investimento. Sem contar que o marketing precisa ser bem feito, pois as pessoas devem saber que a empresa existe.” Marotzke disse também como o curso de engenharia do Insper o ajudou em sua trajetória. “A grande sacada do curso de engenharia é que a gente teve a oportunidade de construir projetos. Aprender a teoria é fundamental, mas as hard skills são muito importantes. E eu só consegui fazer essas coisas porque aprendi aqui no Insper a construir e resolver problemas.”
Formado em Economia em 2018, Thiago Achatz trabalhou em startups que se tornaram unicórnios (empresas novas com valor de mercado superior a 1 bilhão de dólares), como Rappi e Yellow, antes de fundar a Z1 Bank, startup com conta digital para adolescentes, que já captou 69 milhões de reais. Para ele, não basta apenas ter uma boa relação com os investidores, é preciso também mostrar a todos continuamente que a empresa foi construída a partir de uma base ética. “Quando você vai para o mundo real para empreender, ter claro na cabeça o que é certo e o que é errado é muito importante. E nisso o Insper me ajudou muito”, disse Achatz.
João Pedro de Simone, formado em Administração em 2017, levantou para a Worc, uma plataforma que recruta e seleciona pessoal para o setor de food service, 69 milhões de reais. Entre os investidores está o Softbank, fundo japonês que investe em tecnologia ao redor do mundo. Para ele, definir bem as métricas do negócio é o grande segredo da captação. “É muito importante manter as métricas porque é preciso saber onde você quer chegar. Nem sempre estar com muito dinheiro pode dar as melhores opções. É melhor trabalhar com pouco porque você saberá o que fazer com o dinheiro.” E alertou sobre os desafios de manter a captação proporcional ao crescimento da empresa. “É sempre legal balancear. Se o crescimento não acompanhar a captação, isso pode gerar grandes problemas para o negócio. Além disso, a empresa não cresce a qualquer custo, mas cresce com o menor custo possível.”
Para Thomaz Martins, coordenador do CEMP, o Insper tem papel fundamental na jornada dos alunos no empreendedorismo, e salientou que o objetivo da escola é sempre ajudar o empreendedor independentemente da fase do projeto. “Nossa função como escola é criar um ambiente seguro para que durante toda a jornada do empreendedor, seja aluno ou ex-aluno, o Insper esteja ao lado dele.”