07/11/2013
Estratégias, tendências e práticas para sua empresa crescer mais
COMO SAIR DO INFERNO DAS DÍVIDAS
A gestão do endividamento é um dos maiores desafios enfrentados pelos empreendedores. O problema é ainda mais crítico no caso de negócios de menor porte – na maioria das vezes, a dificuldade envolve não apenas compromissos bancários, mas também trabalhistas, tributários e com fornecedores. “Em empresas menores, é comum uma única pessoa cuidar de todos esses relacionamentos, o que torna a tarefa ainda mais complexa”, diz Marcelo Nakagawa, professor de empreendedorismo do Insper.
Resolver as pendências financeiras requer planejamento e determinação. Em primeiro lugar, é preciso colocar ordem na casa, analisando com cuidado as entradas e saídas. Depois, deve-se organizar as dívidas, separando-as de acordo com tipo, formato, valor e impacto sobre a operação. Em seguida, será necessário partir para a renegociação com bancos e fornecedores. Na última etapa, o empreendedor deverá capitalizar a empresa, para voltar a crescer. As práticas apresentadas a seguir não servem apenas para quem está com a corda no pescoço. Usadas regularmente, podem garantir a saúde financeira do negócio.
1. ORDEM NA CASA
Separe os canais
Misturar as contas do negócio com as pessoais é um dos erros mais comuns dos pequenos e médios empreendedores. Há quem pague fornecedores com seus próprios cheques, ou use o dinheiro da empresa para saldar a escola do filho. A confusão entre os números impede que o empreendedor saiba se o seu negócio é ou não rentável. Além disso, quem mistura contas corre o risco de pagar mais por empréstimos, já que os bancos costumam cobrar juros mais altos para pessoas físicas do que para clientes corporativos.
Cuide dos controles gerenciais
Elabore planilhas que ajudem a organizar os números do negócio: contas a pagar, contas a receber, comissões sobre vendas, controle de estoque, fluxo de caixa. Controlar o capital de giro é fundamental. É preciso saber tudo o que entra e o que sai, para poder prever como serão os custos e gastos nos próximos meses – e de quanto você pode dispor para pagar as obrigações devidas.
Contabilize os débitos
Liste todas as dividas da empresa, separando-as por categoria: bancária, trabalhista, tributária, fornecedores, prestadores de serviços etc. As pendências bancárias também devem ser agrupadas por formato – cartão de crédito corporativo, cheque especial, empréstimo para capital de giro etc. Essa primeira organização permite analisar se determinado tipo de gasto pode ser substituído por outro mais barato. Por fim, priorize as despesas de acordo com a sua importância: o não pagamento do financiamento de um equipamento, por exemplo, pode levar a empresa a paralisar suas atividades. Em seguida, é preciso somar os valores a serem pagos mensalmente, considerando juros, taxas e multas. Compare esse valor com a previsão do fluxo de caixa, para saber se terá condições de pagar o total, ou somente uma parte deste. Nesse cálculo, não se esqueça de levar em conta os gastos habituais do negócio. Faça simulações com diversas possibilidades de pagamento. De posse do valor que melhor se adequará a seu fluxo de caixa, agende reuniões com os credores e prepare-se para as negociações.
2. RENEGOCIAÇÃO
Procure os fornecedores
O processo deve priorizar os itens com impacto mais imediato na operação do negócio – dividas com concessionárias de energia elétrica ou telefonia, por exemplo. Seja claro com os credores, apresentando situação atual e mostrando qual é o seu plano para equilibrar as contas. Dessa maneira, poderá conquistar a confiança da outra parte, que tem interesse em ver os débitos saldados. “Pelos relatos que ouço dos empreendedores, oito entre dez fornecedores aceitam renegociar para manter o cliente”, diz João Carlos Natal, consultor do Sebrae-SP. Não se esqueça de fazer uma pesquisa no mercado, verificando os valores praticados por fornecedores concorrentes. Com esses dados na mão, fica mais fácil conseguir uma redução nos preços.
Converse com os bancos
Aqui também vale a regra da transparência: exponha o cenário e apresente um planejamento viável para resolver o problema. Considerando as necessidades do negócio, diga de maneira clara quanto pode pagar c em quanto tempo. A partir dai, tente negociar parcelas menores e taxas mais baixas. “É fundamental levar dados confiáveis para a mesa de negociação. Os bancos consideram a falta de informações um dos principais entraves para o financiamento de pequenas e médias”, diz Dariane Castanheira, professora e consultora do ProCed-FIA (Programa de Capacitação da Empresa em Desenvolvimento da Fundação Instituto de Administração). Dependendo da sua situação, pode valer a pena concentrar todas as dividas em uma única instituição.
Busque uma conciliação
Uma alternativa para quem procura uma solução capaz de atender as duas panes é buscar um mecanismo de conciliação como o Pace (Posto Avançado de Conciliação Extraprocessual). Resultado de uma parceria entre o Sebrae e a CACB (Confederação das Associações Comerciais do Brasil), os Paces instalados em seis estados brasileiros atuam para estabelecer acordos entre credores e devedores, gratuitamente e sem a obrigatoriedade de advogados.
Fonte: Revista PEGN
Data: 01/11/2013