Diante do desempenho fraco das vendas neste ano, empreendedores e especialistas alertam que cuidar bem do estoque pode salvar uma empresa. As vendas do varejo recuaram 0,9% em maio, na comparação com abril, segundo dados divulgados pelo IBGE. Em relação a maio do ano passado, as vendas do comércio caíram mais ainda: 4,5%. Diante desse cenário, a Hermitex, empresa de uniformes executivos em Campinas (SP), decidiu mudar sua estratégia de armazenagem. Segundo seu presidente, Lucas Kolokathis, 27, o estoque de peças prontas foi reduzido em 30% e o de matéria-prima aumentou para suportar até quatro meses de produção. “Com a matéria-prima, é possível vender direto ou até fazer outros produtos”, diz. “Infelizmente temos uma montanha russa nos pedidos, dois meses bons, três ruins. Por isso optei por estoque que serve para vários cenários.” DINHEIRO PARADO O consultor do Sebrae-SP Gustavo Carrer diz que mudar o estoque é uma boa primeira opção para encarar tempos mais difíceis, já que permite mobilidade maior. “O pequeno empresário não tem como mudar custos fixos, como a energia elétrica. Também tem o peso da mão de obra, mas numa estrutura já enxuta é difícil cortar. Então, a opção mais rápida é reduzir o estoque.” Para o médio prazo, Carrer recomenda que os empresários façam mais compras, porém em quantidades menores, para garantir que nada fique encalhado. “Mas aí é fundamental saber quais produtos giram mais. É preciso se adequar ao atual perfil do seu consumidor”, diz o consultor. Luciana Bonometti, 26, dona do ateliê de doces Lu Bonometti Biscotti & Dolcezze, resolveu apostar em produtos mais em conta. Na Páscoa, por exemplo, trocou os ovos de porcelana dos anos anteriores por embalagens mais baratas, com tecido. “Os primeiros meses deste ano foram muito difíceis. Se tivesse apostado nos ovos de cerâmica, eles ficariam morando no estoque”, afirma. Um dos maiores desafios no gerenciamento de um estoque é a projeção de vendas. O e-commerce de vinhos Evino usa dados de percepção do mercado, histórico de compras e faz ajustes de acordo com a sazonalidade. “Fazer estes cálculos diminui a necessidade de usar outlets ou saldões para vender mercadorias paradas”, comenta Ari Gorenstein, 35, um dos fundadores. Silvio Laban, coordenador dos programas de MBA do Insper, alerta que, tão importante quanto ter as contas na mão, é saber reagir rápido a momentos de vendas fracas. “As fórmulas funcionam bem em situações estáveis. Mas a crise trouxe uma mudança abrupta na economia. O mais indicado é ter um processo rígido de controle de estoque para tomar ações corretivas o quanto antes”, diz.
Fonte: Folha Online – 19/07/2015 |