Preços dos colecionáveis digitais partem de 5,99 dólares, mas comprador só sabe o que adquiriu depois de pagar e resgatar o código na plataforma online
A Neon, uma startup de Nova York que mantém uma plataforma online de compra e venda de NFT (token não fungível, da sigla em inglês), lançou o que chama de primeira máquina de venda automática do mundo desses itens digitais colecionáveis. A máquina, instalada em uma galeria perto de Wall Street, o distrito financeiro de Nova York, aceita cartões de crédito e débito em dólares e, em seguida, dispensa uma caixa que contém o código para o NFT escolhido. O comprador pode então resgatar esse código na plataforma da Neon.
“Sem necessidade de criptomoeda, carteira criptográfica ou conhecimento especializado, a Neon construiu a maneira mais simples e acessível de comprar, vender e negociar NFTs no mundo real”, disse a Neon em um comunicado à imprensa. “Dar às pessoas a opção de usar máquinas de venda automática e uma plataforma online fácil que dissocia a criptomoeda da participação da NFT significa que podemos envolver o público mais amplo possível”, afirmou Jordan Birnholtz, cofundador e diretor de marketing da Neon. Segundo ele, o objetivo é “é apoiar artistas e criadores, permitindo que eles vendam arte digital para todos e ajudar quem quiser se tornar um colecionador”.
Assim como acontece com o Kinder Ovo, que em seu interior contém um brinquedo de surpresa para a criança, os compradores só saberão qual NFT está dentro da caixinha da Neon depois de resgatá-lo. Dentro da caixinha há um código QR, que o comprador pode escanear para ver sua nova obra de arte em qualquer smartphone, laptop ou tablet. Os preços do NFT variam de 5,99 a 420,69 dólares.
Mercado em expansão
Como mostramos nesta reportagem, o NFT é um certificado digital exclusivo com o qual se registra a propriedade um ativo. Em outras palavras, é um código de computador que serve para autenticar um arquivo digital, garantindo que ele é não fungível (não substituível, ou seja, único). Dessa forma, o NFT pode transformar qualquer coisa do universo digital (um quadro, uma música, um vídeo, uma capa de revista ou até mesmo um meme de internet) em um ativo único, exclusivo e com sua autenticidade garantida pela tecnologia da blockchain.
Palavra mais popular de 2021, segundo o dicionário Collins da língua inglesa, o NFT já foi adotado por alguns dos principais museus de arte do mundo, como o British Museum, em Londres, e a Galleria degli Uffizi, em Florença. Casas de leilões tradicionais, como as centenárias Christie’s e Sotheby’s, também passaram a vender NFT. Em 2021, segundo uma estimativa da empresa de dados blockchain Chainalysis, as obras de arte digitais em tokens não fungíveis movimentaram 41 bilhões de dólares. Esse valor já se aproxima do mercado de arte de obras físicas, que vendeu em torno de 50 bilhões de dólares em 2020 (essa cifra, porém, foi prejudicada pela pandemia da covid-19).
Apesar do crescimento do mercado de NFT, é preciso cautela — como diz o ditado, nem tudo o que reluz é ouro. Que o diga o empresário iraniano de criptomoedas Sina Estavi, que em março do ano passado comprou um NFT do primeiro tweet do fundador do Twitter, Jack Dorsey, por 2,9 milhões de dólares. No início de abril deste ano, Estavi colocou o tweet para revenda no popular mercado de NFT OpenSea, inicialmente pedindo 48 milhões de dólares. Ele retirou esse preço depois de as ofertas na primeira semana não terem passado de alguma centenas de dólares. Na segunda semana do leilão, o lance mais alto foi o equivalente a cerca de 6.800 dólares.