15/07/2020
Pesquisa realizada pelo Insper em parceria com a Fundação Roberto Marinho é lançada em webinar. Acompanhe a íntegra do seminário virtual e acesse o estudo completo.
No dia 14 de julho, promovemos, em parceria com a Fundação Roberto Marinho, o lançamento da pesquisa Consequências da Violação do Direito à Educação. O estudo inédito, resultado de parceria entre as duas instituições, analisa as consequências privadas e sociais da não conclusão da educação básica em quatro dimensões: empregabilidade e remuneração; efeitos da remuneração dos jovens para a economia e a sociedade; longevidade com qualidade de vida e violência.
O lançamento, realizado por meio de seminário virtual, contou com a participação de Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, Ricardo Paes de Barros, professor do Insper, Marcos Lisboa, presidente do Insper, e Wilson Risolia, Secretário geral da Fundação Roberto Marinho. O debate foi mediado pela jornalista Miriam Leitão.
“Nós sabemos bem o que significa cercear o direito à educação para crianças e jovens. Porém, só saber que isso existe não basta. Está na hora de não permitir que 575 mil jovens, todos os anos, deixem de concluir o ensino básico, o que compromete muito nosso crescimento para o futuro”, ressaltou Wilson Risolia.
Apresentação do estudo
Ricardo Paes de Barros realizou a apresentação do estudo, a metodologia utilizada e suas principais conclusões. De acordo com o professor, uma característica fundamental de todos os países é ter a aspiração de que todos os seus jovens concluam a educação básica. “Isso está previsto nas ODS, no Plano Nacional de Educação e na Constituição Federal Brasileira. Só que estamos longe de atingir esse objetivo”.
E não é por falta de esforço, destaca Paes de Barros. “Gastamos mais de R$ 300 bilhões, por ano, de recursos públicos com a educação básica no Brasil. Apesar disso, não estamos alcançando os resultados que gostaríamos. Como devemos interpretar esse insucesso? Um modo seria naturalizá-lo. O outro é reforçar a necessidade de garantir a educação básica para todos e destacar o tamanho da perda que acontece quando um jovem não conclui esse período de estudos. E temos muito a dizer nesse sentido por meio da pesquisa que estamos lançando hoje”.
De acordo com o estudo, há uma perda de R$ 372 mil reais por jovem que não conclui o ensino básico. Para chegar a esse número, foi escolhida uma população de referência (jovens nascidos em 2002 e que, em 2018, tinham 16 anos), representando um contingente de 3,3 milhões de jovens. Desses, 575 mil (17,5%) não devem concluir a educação básica. “Ao considerarmos esses 575 mil jovens e multiplicarmos por R$ 372 mil reais, chegamos a R$ 214 bilhões por ano, o que representa quase 3,5% do PIB anual”.
O estudo analisa quatro dimensões que resumem parcela significativa dos impactos da educação. Na vida individual do jovem, são a empregabilidade e remuneração; e a longevidade e qualidade de vida. Sobre a sociedade, são as dimensões das externalidades econômicas e do alcance de uma cultura de paz.
Considerando essas dimensões, a perda de R$ 372 mil por cada jovem que não conclui o ensino básico é composta por R$ 159 mil em relação à perda de renda e empregabilidade e R$ 114 mil a respeito da longevidade e qualidade de vida. Externalidades econômicas representam perdas de R$ 54 mil e, as taxas de homicídio, R$ 45 mil.
“Não devemos naturalizar essa perda. Sem dúvida alguma devemos perseverar, por razões éticas e econômicas. A perda por jovem que não irá concluir a educação básica é quase quatro vezes maior do que é investido nele”, concluiu Paes de Barros.
Debate
“Os números apresentados pelo estudo mostram o enorme desafio que nós temos. Ainda temos grandes lacunas na sociedade e precisamos ter muito diálogo, de forma transparente e com base em dados de qualidade, como os apresentados nessa pesquisa, para garantir que os jovens tenham estímulos e condições de terminar a educação básica e conseguir um emprego de qualidade no mercado de trabalho”, destacou Rodrigo Maia.
Marcos Lisboa comentou que, há décadas, muitos trabalhos vêm demonstrando o impacto da educação em múltiplas dimensões. “O resto do mundo já entendeu essa importância. Porém, no Brasil, precisamos retomar esses números e analisar o caso de nosso país. São necessários diagnósticos detalhados. Hoje, aprendemos que é muito importante termos experimentos controlados para sabermos exatamente quais desenhos de políticas públicas são mais indicados”.
Na sequência, os participantes debateram temas propostos por Miriam Leitão e pelos espectadores do seminário virtual, que incluíram assuntos como a comissão da Câmara dos Deputados que acompanha as ações do Ministério da Educação e debate questões sociais brasileiras, ferramentas e caminhos que podem ser usados para manter o jovem na escola, como o novo ensino médio pode ajudar a melhorar esse cenário, a necessidade de entender e replicar bons exemplos nacionais de educação e o que fazer agora para evitar uma piora do cenário de evasão escolar no período pós-pandemia.
Acesse a íntegra do estudo Consequências da Violação do Direito à Educação, realizado por Ricardo Paes de Barros e Laura Machado, com apoio da Oppen Social.