Um grupo de economistas elaborou um documento para reger o setor no país em caso de vitória da oposição. Intitulado “Sob a luz do sol: uma agenda para o Brasil”, não cita diretamente a presidente Dilma Rousseff (PT), mas faz, claramente, um diagnóstico para desmontar o argumento de Dilma de que a estagnação da economia está ligada à crise internacional, e propõe ações para um cenário de derrota da petista.
Reunidos no Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP), organização que se define como “independente e apartidária”, os economistas elaboraram propostas como a redução gradativa da meta de inflação dos atuais 4,5% para 3% e o fim do financiamento subsidiado do BNDES, apontados como “transferência de recursos do Tesouro por fora do Orçamento”.
O documento defende transparência nas contas públicas para resgatar credibilidade e propõe investimentos em infraestrutura e educação a fim de aumentar a produtividade e retomar o crescimento da economia.
Assinatura Oposicionista
O texto foi elaborado por economistas interlocutores das campanhas de Aécio Neves (PSDB) e de Marina Silva (PSB), como o ex-presidente do BNDES, Edmar Bacha, o professor de economia da Fundação Gertulio Vargas (FGV) Samuel Pessoa, o vice-presidente do Insper, Marcos Lisboa, e o diretor da LCA Consultoria Bernard Appy, os dois últimos ex-secretários do Ministério da Fazenda no governo Lula.
No grupo há ainda outros ex-colaboradores de Lula que migraram para o mercado financeiro, como o ex-secretário do Tesouro Nacional Joaquim Levy (hoje à frente da gestora de investimentos do Bradesco) e o ex-diretor do Banco Central Mário Mesquita (sócio do Banco Plural). O economista-chefe do Itaú, Ilan Goldfajn, também é signatário.
Enquanto Aécio e Marina se atacam, seus consultores econômicos concordam cada vez mais, reforçando a leitura crescente no mercado financeiro, que a vitória dela pode alterar o ambiente econômico tanto quanto a do tucano, tido como fora do páreo.
Como rejeitam a política econômica de Dilma, investidores estão interessados em reuniões com Marina. Na última segunda-feira, um jantar reuniu 50 deles na casa de Florian Bartunek, da gestora de recursos Costellation, em São Paulo. A maioria fez doações para a campanha. Segundo um convidado, a candidata agradou, apesar de fugir do perfil clássico de gestora. Analistas acreditam que, no governo, ela teria a colaboração de economistas do PSDB.
Fonte: O Globo – 18/09/2014.