26/06/2012 – Brasil Econômico – SP
Por: Marcelo Nakagawa
Eu sei qual é a resposta, mas minha dúvida ainda está na pergunta: Por que as empresas fazem isto? Na semana passada, fui à farmácia e comprei uma caixa de pastilhas para garganta com 12 unidades. Quando abri, notei que empilhadas, ocupariam 1/5 da caixa. Por que utilizam uma embalagem tão grande? Depois passei no supermercado. Já em casa, por curiosidade comecei a analisar algumas embalagens.
Na de iogurte, a primeira surpresa. Estava escrito bebida láctea. O.k. Justo de novo. Não estava escrito iogurte.
Mas seria mais justo ainda se explicassem que bebida láctea é leite diluído em seu soro. Continuando minha leitura, não encontrei pera como um dos ingredientes do leite de soja sabor… pera! Era suco de maçã…com aroma de pera.
O.k. Tinha alguma coisa de pera. Mas seria mais justo chamar de sabor maçã com pera. E para esta lista não ficar muito longa, tem o chocolate granulado que iria utilizar na minha receita de cupcake. Nova surpresa. Não havia nenhum ingrediente que remetia a cacau. Mas por que chamam aquilo de chocolate granulado? Só aí notei que só estava escrito granulado mesmo. O.k. Justo. Mas seria mais justo se escrevessem que era gordura vegetal hidrogenada marrom granulada.
Sim, tudo isto é justo para um número cada vez maior de empresas.
Elas atuam no limiar daquilo que é determinado pela justiça. Mas não é certo quando você fica sem o verdadeiro suco e iogurte ou ingredientes para o seu cupcake.
Pode ser aos poucos, mas comece a valorizar mais o trabalho dos empreendedores que não ficam pensando sobre o que é justo ou certo, mas naquilo que é o melhor para você. Há milhares deles. É só prestar um pouco mais de atenção e encontrará pequenos shows preparados para você por estes bons empresários de micro, pequeno e até grande porte.
Só para não fugir dos nossos exemplos. Se for pensar em sucos, inspire-se na trajetória da Odwalla, a marca de sucos preferida de Steve Jobs. Fundada por três músicos em 1980 cansados dos sucos industrializados, até hoje é sinônimo de sucos verdadeiros, mesmo tendo sido comprada pela Coca-Cola em 2001. Mas não precisa ir até aos Estados Unidos. A Sucos do Bem cumprem bem este papel no Brasil. Em2007, Marcos Leta cansou de tomar sucos que “não eram sucos” e decidiu montar a empresa que só vende sucos integrais e mais nada.
Mas também, se puder, conheça a Stonyfield Yogurt, a maior empresa fabricante de iogurte orgânico do mundo.
Mais do que um empresário bem sucedido, seu cofundador Gary Hirshberg é uma espécie de missionário do movimento do Capitalismo Consciente que prega que não há nenhum motivo aparente para que um negócio não possa ser ético, responsável socio-ambientalmente e lucrativo. No Brasil, Ricardo Schiavinato, o empreendedor da Nata da Serra está dando os primeiros passos nessa direção com seus iogurtes orgânicos.
Hum…E ainda tem o cupcake! Não precisa ir até o Magnólia em Nova York. Mesmo porque parece que eles diminuíram o tamanho e mantiveram o preço. Você conhece bem histórias assim. Privilegie o trabalho de vários empreendedores que estão se aventurando neste mercado no Brasil. A minha loja preferida é a Just Cupcakes, na Vila Olímpia, em São Paulo.
Melissa Freitas não mede esforços em te brindar com o que há de melhor em tudo, incluindo o atendimento, café e, é claro, seus cupcakes.
Negócios assim não têm clientes, têm fãs.