03/12/2020
Curso básico de Língua Brasileira de Sinais (Libras) é oferecido aos alunos da Graduação do Insper. Inscrições estão abertas para novas turmas até 07/12.
A inclusão das pessoas com deficiência é um desafio e, apesar dos avanços conquistados na sociedade, ainda há muitas barreiras a serem eliminadas para garantir a dignidade, os direitos e o bem estar das pessoas com deficiência, tais como acessibilidade, preconceitos e – no caso das pessoas surdas – a barreira da comunicação. Foi buscando enfrentar questões como essas que o Insper propôs, por meio de sua Comissão de Acessibilidade, a criação de uma disciplina eletiva voltada para ensinar os princípios da Língua Brasileira de Sinais (Libras) e abordar aspectos da Cultura Surda com alunos da Graduação.
A disciplina é desenvolvida em uma perspectiva engajada com a responsabilidade social e os direitos humanos. Nela, além de aprender princípios da comunicação em Libras, os alunos também se aproximam dos desafios da acessibilidade, visando criar soluções criativas no futuro.
A professora Raquel Lopes, Doutora em Distúrbios do Desenvolvimento e Especialista em Libras, é a responsável por ministrar as aulas. Para ela, ao proporcionar o ensino da Língua Brasileira de Sinais aos alunos e colaboradores, o Insper pretende formar cidadãos conscientes, socialmente responsáveis e comprometidos com a importância da acessibilidade e da diversidade.
Atualmente, o Insper oferece duas turmas de Libras, nas quais o estudante aprende o básico para comunicar-se e mudar conceitos socialmente preestabelecidos. “O fato de a disciplina ter um modelo que estabelece uma relação efetiva com os surdos traz resultados e experiências enriquecedoras, uma vez que são proporcionadas oficinas práticas durante as aulas. Minha trajetória como professora e pesquisadora foi constituída na relação com alunos surdos, por isso, compreendo a necessidade dessa troca de experiências para a conscientização da condição linguística e cultural dessas pessoas”, explica Raquel.
De acordo com a professora, os surdos tiveram de lutar pelo reconhecimento da Língua de Sinais como meio de comunicação e expressão e o maior desafio agora é despertar a curiosidade para o aprendizado da língua e a importância de superar barreiras e preconceitos. “Esses desafios visam construir pontes e saberes em diferentes áreas como administração, economia, direito e engenharia. É interessante, por exemplo, que os alunos entendam a necessidade do desenvolvimento de produtos e novas tecnologias para que surdos e pessoas com deficiência em geral tenham mais acesso à informação”, diz Raquel.
Conhecendo a disciplina
Mariana Zanholo, aluna do sétimo semestre de Administração, cursou a disciplina e conta que se sentiu insegura no início, com medo de não conseguir se comunicar. Ao longo do curso, porém, ela achou interessante o desenvolvimento do aprendizado, que partiu do nível mais básico. “A professora Raquel realmente começa trabalhando na aquisição de vocabulário e, com o tempo, vai elevando para frases e diálogos maiores. Além disso, assim como eu, todos os meus colegas de turma estavam em uma situação fora de sua zona de conforto, o que impulsionou muito o nosso desenvolvimento.”
Para ela, a disciplina teve dois pontos especialmente marcantes: as primeiras vezes que conseguiu responder à professora em sala de aula utilizando Libras, sendo compreendida por todos, e as aulas com participação de uma professora surda convidada, com quem a única maneira de se comunicar era por meio da Língua Brasileira de Sinais. “Como trabalho final, tivemos que realizar uma entrevista com a professora surda convidada e fiquei super feliz de ter conseguido me desenvolver ao longo do curso para compreender as suas respostas e conhecer mais sobre a sua trajetória e seu trabalho na inclusão dos surdos”, diz Mariana.
“Ter contato com questões ligadas à acessibilidade na Graduação é importante para que a gente consiga se preparar, enquanto profissionais, para solucionar desafios na sociedade. Eu espero que cada vez mais as oportunidades para a comunidade surda surjam e fiquem evidentes, e que essas disciplinas na Graduação nos tornem as pessoas que contribuirão para que isso aconteça nos ambientes nos quais estivermos inseridos”, conclui Mariana.
Para 2021, estão abertas inscrições para novas turmas desta disciplina até 07/12. Acesse o tutorial de escolha das disciplinas eletivas.
Comissão de Acessibilidade
Segundo Vinícius Barqueiro, do Centro de Gestão e Políticas Públicas do Insper e Coordenador da Comissão de Acessibilidade Insper, o ensino de Libras na Graduação está em linha com a constante construção de uma Comunidade Insper acessível e inclusiva, o que envolve diferentes atividades de formação e sensibilização. “Para além da aprendizagem da língua em si, ações como a disciplina eletiva de Libras buscam sempre sensibilizar a todos acerca da Cultura Surda”.
Vinícius menciona outras ações feitas nessa linha de sensibilização, como a exposição sobre a Cultura Surda na Biblioteca Telles e os aulões de Libras ministrados por colaboradores do Insper fluentes em Libras para o corpo técnico-administrativo. Também ressalta a constante preocupação com a acessibilidade digital do Insper, entre elas o avatar de Libras no site, as legendas nos vídeos institucionais e a interpretação de Libras em eventos presenciais e on-line. Saiba mais sobre a acessibilidade no Insper e confira nosso material com dicas práticas de acessibilidade digital.