A disciplina do terceiro semestre habilita os alunos de Engenharia Mecânica e Mecatrônica a projetar, fabricar e aperfeiçoar os mais diversos bens de consumo
Leandro Steiw
Uma das habilidades do engenheiro é a capacidade de criação, entre as quais, o design de produtos e bens de consumo. Os alunos de Engenharia Mecânica e Mecatrônica do Insper são capazes, no terceiro semestre do curso, de aplicar conceitos de desenho técnico, usinagem e controle na disciplina Design para a Manufatura. “Tradicionalmente, são disciplinas que são dadas separadas nos cursos de Engenharia e, no final, você espera que o engenheiro se lembre de tudo e faça o design para a manufatura. Essa não é a realidade do Insper, pois gostamos de pôr a mão na massa. Aqui, qualificamos os estudantes a fazer rapidamente a curva de aprendizado desses métodos”, diz o engenheiro de produção Alex Camilli Bottene, coordenador do TechLab do Insper e professor da disciplina.
Ele conta que o programa foi inspirado na matéria homônima do Massachusetts Institute of Technology (MIT), pois não foram encontradas outras referências similares no Brasil. Os conteúdos incluem desenho técnico, ferramentas de fabricação e metrologia, encadeados conforme o processo de manufatura vai avançando ao longo do semestre. “Todo projeto é desenhado com um propósito, que é fabricar, e tudo o que se fabrica você confere se deu certo”, resume Bottene, doutor em Engenharia de Produção pela Universidade de São Paulo (USP). “Para fechar tudo isso, uma vez que nós projetamos, fabricamos e conferimos, aprende-se que não é tudo que se projeta que é fácil fabricar. Tudo tem um custo, nada é de graça.”
Professor da disciplina, o engenheiro mecânico Franco Henrique Moro diz que as práticas são feitas nas máquinas do TechLab, o laboratório de engenharia dedicado ao ensino de métodos de produção na indústria. “Eles fazem job rotation. Cada semana passam em uma máquina para realizar a parte de um projeto e depois montá-lo”, diz Moro, mestre em Engenharia de Produção pela USP. Softwares de CAD, tornos, fresadores e centros de usinagem são a base da indústria de bens duráveis, um dos ambientes de aplicação do design para a manufatura. No entanto, as aplicações são abrangentes, e os alunos são estimulados a conhecerem opções mais específicas e aprofundadas.
DNA da criação
A complexidade técnica das disciplinas da Trilha de Design, o DNA da habilidade de criação do engenheiro do Insper, aumenta nos períodos seguintes. No começo, é um barquinho como o apresentado neste vídeo. No quinto semestre, é um gerador eólico ou uma máquina pick and place. No sexto, um coração artificial ou uma linha de automação. No sétimo, uma máquina térmica ou uma linha de automação e controle. Enfim, no oitavo semestre, o Projeto Final de Engenharia (PFE).
“Design para manufatura é o momento da trilha no qual começamos a fornecer os subsídios para eles entenderem que a atividade de design é um processo”, afirma Alex Bottene. O engenheiro separa o projeto em etapas, para conseguir fazer a gestão e entender quais são as necessidades em cada uma dessas etapas até chegar ao produto final. “Você parte da ideia e chega ao produto. E isso vai só ganhando mais complexidade”, observa Bottene. Olhar o mundo e transformá-lo: eis a habilidade de criação do engenheiro.
VÍDEO: Saiba mais sobre a disciplina Design para a Manufatura