… enche os cofres. Com o amparo do BNDES e a compra da Seara, a empresa já é o maior grupo privado do Brasil.
A cada três bois abatidos no Brasil, um sai das unidades do grupo JBS. São 42600 cabeças de gado por dia. O frigorífico dos irmãos Batista, que já ostentava o status de maior empresa brasileira de alimentos, ganhou corpo com a compra da Seara, na última semana, por 5,8 bilhões de reais. Toma-se agora a segunda companhia brasileira em faturamento, com 100 bilhões de reais de vendas ao ano, e a maior de capital privado, superando a Vale. A Seara, uma tradicional empresa catarinense com atuação no abate de aves e em alimentos industrializados, pertencia, desde 2009, ao frigorífico rival Marfrig, que se viu obrigado a se desfazer da marca para reduzir seu endividamento – o valor da compra corresponde, na verdade, a dívidas que serão assumidas pela JBS. “A Seara tem um valor estratégico imenso, que reforça nossa operação em áreas em que não éramos tão atuantes”, disse Wesley Batista. presidente da JBS
A bolding J&F, dos irmãos Batista, agrega a JBS e negócios em diversos ramos: papel e celulose (com a Eldorado), financeiro (Banco Original), alimentos lácteos (Vigor) e cosméticos e produtos de limpeza (Flora), entre outros. A compra da Seara é mais um degrau na ascensão meteórica do frigorífico. Há pouco mais de um ano, a JBS não tinha sequer operações de abate de aves no Brasil, até arrendar as instalações da Doux Frangosul e passar a ter a capacidade de abater 1,2 milhão de aves ao dia. Com a Seara, triplicou de tamanho e fica atrás apenas da líder BRF (perdigão-Sadia). Mundialmente, vai superar a americana Tyson Foods e assumirá a liderança do setor, graças às operações do grupo brasileiro nos Estados Unidos. Outro salto se dará agora na área de alimentos industrializados. A JBS tinha menos de 1 % desse mercado e passará a 17% com a Seara, segundo projeções.
A escalada da JBS se intensificou a partir de 2007, quando ela abriu o capital na Bovespa, levantando recursos para sustentar a expansão. Recentemente, a empresa buscou aprimorar a sua administração, atraindo executivos de peso. Há um ano, o ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles foi contratado para presidir o conselho consultivo da J&F. Sem o apoio do governo, entretanto, a companhia não teria ido tão longe. O BNDES detém 23% das ações da JBS e já concedeu 6,4 bilhões de reais em empréstimos à J&F. Diz Sérgio Lazzarini, professor do Insper:
“A questão a que o governo e o BNDES não responderam de maneira objetiva é quais são os benefícios para o pais que justificam incentivar a formação de gigantes nacionais, como a JBS”.
MARCELO SAKATE
Fonte: Revista Veja – SP – 19/06/2013