22/10/2021
Alumna Insper usa suas habilidades socioemocionais e seu conhecimento em tecnologia para gestão em femtech voltada à saúde reprodutiva
Érika Bosco é alumna de Administração do Insper, formada na turma de 2003. Desde então, ela desenvolveu uma longa carreira no mercado financeiro, em gestoras de recursos nas áreas de tecnologia, fundos de investimentos e relação com investidores.
A administradora considera a experiência no Insper uma referência acadêmica, profissional e de vida, que proporcionou excelentes conexões. Além de grandes amigos, a época da graduação trouxe networking, muito por conta do engajamento de Érika na Comunidade Alumni, com a qual sempre compartilha conhecimento e experiências. Atualmente, ela é CFO (Chief Financial Officer) na Fertilid, uma empresa que usa tecnologia para cuidar da saúde de pessoas com ovários, por meio do monitoramento da saúde reprodutiva e da orientação para escolhas conscientes sobre o próprio corpo.
Érika bateu um papo conosco sobre como um conjunto amplo de experiências, desafios e apoio contribuíram para desenvolver as soft skills ao longo da sua carreira. Confira a seguir.
Como você desenvolveu suas soft skills? Quais ambientes e desafios foram fundamentais?
Em primeiro lugar, o ambiente familiar. Tenho a sorte de ter pais que, além de garantirem a minha formação acadêmica, me prepararam para ser uma pessoa independente e determinada. Com eles, desenvolvi o pensamento crítico, a coragem, a resiliência e a capacidade de adaptação para enfrentar os desafios e as oportunidades que a vida oferece. A experiência profissional, somada a sessões de terapia e coaching têm sido de extrema importância no autoconhecimento e no desenvolvimento das minhas habilidades socioemocionais, que considero um processo contínuo e sempre desafiador.
Qual a importância do Insper no desenvolvimento de suas soft skills?
O Insper, além do ensino de alta qualidade, ofereceu o ambiente acadêmico e social no qual aprendi a necessidade da disciplina, da dedicação, do trabalho em equipe e da prática de uma comunicação efetiva. Tenho o privilégio de participar ativamente do Comitê Alumni de Desenvolvimento Profissional e Empregabilidade, em atividades direcionadas ao desenvolvimento de soft skills, com workshops, palestras e conversas sobre temas como autocuidado e mindfulness, networking feminino, o profissional do futuro, comunicação efetiva e mediação de conflitos, entre outros. Também participo dos Comitês de Empreendedorismo, do Comitê de Gestão e Saúde e do Insper Angels (uma rede com mais de 400 investidores que contribuem para o desenvolvimento de empreendedores por meio de capital financeiro e de networking e mentorias direcionadas). Esse networking e essas vivências abrem possibilidades de mais insights de negócios, de aprender continuamente e evoluir no que considero atualmente minhas melhores soft skills: a empatia, a flexibilidade, a capacidade de escuta e diálogo e a comunicação efetiva, habilidades que realmente facilitam e melhoram a qualidade das relações, a colaboração em equipe e a execução de projetos.
Qual a importância das soft skills no desenvolvimento de carreiras de modo geral e particularmente na área financeira e de tecnologia?
Trabalhei por 10 anos no mercado financeiro, em gestoras de recursos financeiros nas áreas de tecnologia, gestão de fundos de investimentos e relação com investidores. Nos últimos 8 anos, especializei-me em fundos de investimento em crédito privado/operações de securitização de recebíveis, fintechs – união das palavras financial e technology, representando o uso de tecnologia e inovação em serviços financeiros – e, mais recentemente, femtechs – termo aplicado a empresas inovadoras que usam a tecnologia para saúde e bem-estar femininos. Essa experiência profissional me permitiu constatar que tanto no mercado financeiro, quanto em outros empreendimentos, por trás dos muitos números, códigos, modelos, apresentações, sistemas, APIs, projeções e resultados, temos sempre pessoas. E pessoas têm origens, realidades, sentimentos, emoções e percepções diferentes. Reconhecer e considerar essas diferenças é a base fundamental para a formação das soft skills necessárias para a mobilização de um time disposto a colaborar entre si para criar e entregar valor.
Sentiu alguma barreira para o desenvolvimento de sua carreira na área de capitais e fintechs especificamente por ser mulher? Considera que as soft skills ajudaram de alguma forma a lidar com essas situações?
Comecei a enfrentar as barreiras e a perceber a seriedade da questão ao longo do tempo, principalmente, nas negociações de salários, nos posicionamentos e na apresentação de ideias e projetos mais audaciosos. De modo geral, a assertividade feminina ainda é considerada uma atitude agressiva, incômoda. Tenho pesquisado exaustivamente sobre o assunto e, apesar dos enormes avanços, a desigualdade de gênero continua sendo um fato em todo o mundo. Expectativas históricas da sociedade e sistemas corporativos opacos continuam a ser barreiras para o desenvolvimento profissional da mulher. As soft skills foram importantes em minhas relações sociais e mais importantes ainda na condução dos trabalhos de equipe. Mas as barreiras continuam a existir e não se trata apenas de superá-las, já que de uma forma ou de outra elas irão permanecer enquanto não forem desenvolvidas habilidades para interferir e modificar o sistema.
Hoje, você é CFO na Fertilid. Quais soft skills considera importantes desenvolver para atuação em negócios de tecnologia voltados especificamente ao universo feminino?
Independentemente do tipo de negócio, são imprescindíveis a capacidade de escuta e o diálogo. Na escuta, a suspensão dos julgamentos, a habilidade de calar o próprio “eu” por alguns instantes para ouvir o “outro” plenamente. No diálogo, a sensibilidade, a capacidade de conceder ao outro o espaço para se expressar a qualquer tempo. Em minha experiência, essas soft skills realmente podem transformar o trabalho e a qualidade das relações. Elas funcionam como facilitadoras da colaboração entre os membros de um time, fortalecendo seu propósito.
Quais soft skills você considera mais relevantes na hora de definir uma contratação para sua equipe?
Para além da formação acadêmica e tecnológica que a posição exigir, considero como grandes diferencias a empatia, uma certa humildade, a flexibilidade, a capacidade de comunicar as próprias ideias, de lidar com pessoas e de realmente ser capaz de se inserir e colaborar em um time diverso.