Setor industrial conta com a política fiscal austera anunciada pelo ministro Guido Mantega para melhorar a confiança do setor e puxar aumento de investimentos.
Com resultado superior ao apurado em 2012, o crescimento econômico de 2,3% em 2013 surpreende o mercado.
Em 2013, o investimento cresceu 18,3, resultado considerado positivo pelos observadores de mercado. A qualidade dos investimentos deve seguir no foco de atenção do governo.
“Precisamos continuar melhorarando a qualidade do crescimento por meio do aumento dos investimentos além do estímulo ao consumo”, comenta João Sicsú, ex-diretor de Políticas e Estudos Macroeconômicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ele destaca que o investimento cresceu quase três vezes mais que o PIB em 2010, sinalizando o principal combustível para um avanço mais significativo da produção de riqueza do País.
Renato da Fonseca, gerente-executivo de Pesquisa e Competitividade da Confederação Nacional da Indústria acrescenta que a garantia de que o governo cumprirá suas metas fiscais fornece certo conforto de que a taxa de juros não vai ser o principal mecanismo para conter a inflação – o que poderia intimidar os investimentos ao longo de 2014.
“Ensaiamos uma recuperação forte até 2010, mas os juros voltaram a subir e a retomada do investimento não permaneceu”, comenta. “Ainda não encontramos um caminho estável para a evolução do investimento.”
Otto Nogami, professor de economia do Insper, entende que é exatamente esse o caminho para um crescimento mais vultoso em 2014. “Precisamos de um conjunto de ações interligadas, na busca de estabilidade”, diz. “Buscar uma real austeridade fiscal, reduzir os gastos e o custeio e depender menos dos capital externo vai garantir mais recursos para o mercado nacional.”
Nesta seara, o inimigo que o Brasil terá de derrotar é a desconfiança – e o mercado tem se mostrado cético. Na quinta-feira (20), Mantega veio a público anunciar a meta de superávit primário de R$ 99 bilhões – 1,9% do PIB – e um corte de R$ 44 bilhões no Orçamento.
A novidade parece ter acalmado os mercados: já no dia do anúncio, os contratos de juros com vencimento para janeiro de 2017 caíram 0,2 ponto percentual. “É exatamente por isso que o governo está empenhado em garantir que vai cumprir a meta fiscal de 1,9% em 2014”, completa Fonseca, da CNI.
Ilan Goldfajn, economista-chefe do Itaú, acredita que esse cumprimento será a chave para manutenção da credibilidade do País no mercado internacional. “Acho que se entregar 1,9% não será rebaixado pelo S&P”, diz o economista, que considera a possibilidade do rebaixamento para o final de 2014.
Fonte: iG Notícias – SP – 27/02/2014