O dólar bateu em R$ 2,62 e a Bolsa de Valores recuou mais 1,85% nesta sexta (14) com o atraso na divulgação do balanço da Petrobras e a nova fase da operação Lava Jato da Polida Federal, que prendeu mais um ex-diretor da estatal e presidentes de empresas suspeitas.
O quadro acentuou as dúvidas em relação à equipe econômica do segundo mandato da presidente Dilma Rousseff. A preocupação é que o caso desestabilize mais o governo, impossibilitando a formação de uma equipe com credibilidade.
No inicio da noite, o Banco Central informou que vai reforçar as intervenções no câmbio a partir de segunda. O BC vai elevar de US$ 450 milhões para US$ 700 milhões a oferta de contratos de swap cambial nas operações que vencem em dezembro.
Esses leilões têm efeito similar ao da venda de dólares e ajudam a segurar a moeda.
O presidente da BM&F Bovespa, Edemir Pinto, diz temer que a crise na Petrobras abale a reputação do mercado financeiro do país. A estatal é investigada pela SEC (CVM dos EUA) e pelo Departamento de Justiça do governo dos EUA.
No encerramento dos negócios, a moeda americana terminou negociada a R$ 2,599 no mercado à vista (referência do mercado financeiro), com alta de 0,15%. É a maior cotação desde 18 de abril de 2005. No câmbio comercial, a moeda fechou em R$2,60, com ganho de 0,30%.
Câmbio real
Na casa de R$ 2,60, o dólar está perto do mesmo patamar de julho de 1994, quando entrou em vigor o Plano Real e US$ 1 valia exato R$ 1. A época, o controle da inflação foi feito pela chamada âncora cambial, em que o controle dólar fixo segurava a inflação por meio de importados.
De acordo com Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper, atualizando R$ 1 pelo do IPCA o valor seria hoje R$ 4,1135.
Acontece que o dólar também teve uma inflação de 61% pelo CPI (Índice de Preços ao Consumidor) dos EUA nesses 20 anos. Com isso, R$ 4,1135 equivaleriam hoje a US$ 1,61. Portanto, US$ 1 seria hoje R$ 2,5549 -1,69% menor do que há 20 anos.
O Ibovespa, principal índice da Bolsa, recuou 2,73% na semana. Odestaque negativio ficou para as ações da Petrobras. Na semana, elas recuaram 7,5% e 7,19%.
Analistas temem que a estatal perca o grau de investimento, selo de bom pagador da divida, se tiver de assumir perdas com os desvio nas refinarias.
Fonte: Folha de S. Paulo – 15/11/2014.