Cresce desconfiança nas empresas do Norte, Nordeste e Centro-Oeste
A desconfiança das pequenas e médias empresas do Centro-Oeste, Norte e Nordeste com relação tanto aos seus negócios quanto a economia cresceu no que diz respeito ao primeiro trimestre de 2015.
De acordo com Índice de Confiança do Empresário de Pequenos e Médios Negócios no Brasil (IC-PMN) referente ao período de janeiro a março, essas regiões apresentaram os mais baixos níveis da série histórica, iniciada no primeiro trimestre de 2009.
“No meio daquele ano [2009], os resultados eram parecidos, mas apesar da economia mundial estar em crise, o Brasil tinha certo grau de liberdade [para evitar ser impactado por essa situação]. As expectativas de inflação estavam ancoradas, o que poderia reduzir os juros, como foi feito, e como existia uma folga fiscal, os gastos públicos poderiam aumentar. Agora, essas medidas são impossíveis de serem feitas. Isso leva a crer que não haverá melhora na expectativa da economia e da confiança“, prevê o professor e pesquisador do Insper, Gino Olivares. O estudo foi feito pela instituição, com apoio do Santander.
Conforme o indicador, o Centro-Oeste e o Nordeste apresentaram quedas respectivamente de 15,8% (56,3 pontos) e 11,6% (57,9 pontos), maiores do que a região Sul (de 9,8% para 56,4 pontos, seguido pelo Norte (-5,7%, para 63,7 pontos) e Sudeste (-3,3%, para 60,2 pontos).
“Essas regiões estavam mais preservadas da desaceleração econômica, com a distribuição de renda e maior consumo. Mas o otimismo acima da média dos empresários do Centro-Oeste, das últimas pesquisas, devidos a esses fatores, não se manteve, o que mostra que a crise está afetando o País por inteiro. Ou seja, há uma homogeneização da queda na confiança dos empresários de negócios de menor porte“, entende Olivares.
Pós-eleições
De modo geral, IC-PMN, ao somar 58,9 pontos – escala de 0 a 100 pontos, onde 100 representa o nível máximo de confiança -, mostrou um recuo de 7,18% em comparação aos 63,4 pontos do quarto trimestre de 2014, após uma breve estabilização no período de outubro a dezembro deste ano.
“Isso ocorreu em virtude da quantidade de notícias ruins depois das eleições. A discussão sobre a deterioração das contas públicas ficou mais visível. A oposição dizia que o Brasil precisava de ajustes fiscais e o governo atual afirmava que está tudo bem. Mas assim que a Dilma Rousseff foi reeleita, foram tomadas medidas que a oposição apontava que tinha que fazer, como o aumento dos juros. Esse cenário deixou claro que a situação será mais complicada para os negócios em 2015“, diz o professor do Insper.
O coordenador do Centro de Empreendedorismo da Fundação Getulio Vargas (FGV), Tales Andreassi, endossa a opinião de Olivares. “Os empresários não estão vendo nada que possa melhorar o desempenho econômico, ainda mais depois das notícias pós-eleições e da Petrobras. Só se houver um fato novo que essa confiança deve aumentar”, avalia o especialista.
De acordo com o estudo, feita com 1.318 executivos, a piora do indicador no período foi puxada pela confiança do empresário da indústria, com uma retração de 8,5%, para 58,4 pontos. “Assim como na pesquisa anterior, a indústria apresentou o pior resultado, registrando neste trimestre o desempenho mais baixo da série histórica“, afirma Olivares.
No comércio, o IC-PMN atingiu 58,3 pontos, uma diminuição de 7,1%, enquanto os pequenos e médios empresários do setor de serviço apontaram uma retração de 6,4% no indicador, para 60,3 pontos.
Com relação aos quesitos, o pior desempenho ficou por conta das expectativas em relação à economia para o primeiro trimestre, com queda de 10,2% antes o quarto trimestre de 2014, para 51,6 pontos. Em termos de perspectivas quanto ao faturamento, o índice registrou retração de 8,8%, para 64,7 pontos. A intenção em realizar investimentos teve a menor queda no período (-4,8%), com 57,5 pontos.
Fonte: DCI – 18/12/2014