SÃO PAULO- Os dados mais fortes da economia americana contribuíram para reforçar as apostas de que o Federal Reserve (Fed, o BC americano) irá elevar os juros ainda em 2015. E essa expectativa fez o dólar comercial subir 0,72% ontem, a R$ 3,187, enquanto a Bolsa de Valores de São Paulo ( Bovespa) recuou 2,25%, aos 52.760 pontos. No mês, a moeda americana acumula variação positiva de 5,77%, liderando os indicadores de rentabilidade de maio. No ano, os ganhos chegam a 14,34% — o dólar terminou 2014 cotado a R$ 2,662. Para Raphael Figueredo, analista da Clear Corretora, os investidores estão cautelosos e sensíveis ao noticiário político e econômico, o que aumenta a volatilidade. O indicador que deflagrou a busca por dólares ontem foi o dado da atividade econômica dos Estados Unidos. O PIB da maior economia do mundo teve uma queda de 0,7% no primeiro trimestre, enquanto o mercado esperava recuo de 1%. Além disso, houve uma melhora nos índices de confiança do consumidor, o que indica uma recuperação econômica. — Dos indicadores divulgados ontem, o mais importante foi o PIB americano, que veio um pouco melhor que o esperado e está conduzindo essa alta do dólar no Brasil— avaliou Figueredo. O investidor que tem interesse de investir em dólar tem nos fundos o caminho mais fácil. As carteiras atreladas à variação cambial tiveram uma alta de 4,63% em maio. A variação considera os rendimentos até o dia 26, último dado fornecido pela Anbima. No ano, é essa categoria de fundos que lidera o ranking de investimentos, com ganhos de 19,18% em 2015. Essa opção, no entanto, não é recomendável para qualquer um. Amerson Magalhães, diretor do Easynvest, lembra que essa é uma aplicação de maior risco e volatilidade, não sendo indicada a pequenos investidores. — O investimento em dólar não é para qualquer perfil de investidor. Você assume um risco de moeda, que é elevado. Se fizer isso por meio de um fundo, a taxa de administração será alta. E se fizer diretamente na BM&FBovespa, o custo desse tipo de operação também é elevado para um investidor pessoa física— explicou. Já a Bovespa, que liderou os ganhos em abril, ficou na lanterninha. O Ibovespa, seu índice de referência, caiu 6,17% em maio, ante ganhos de 9,93% no mês anterior. No ano, o índice de referência do mercado de ações ainda está no azul, com valorização de 5,51%. Como seguem o índice, os fundos Ibovespa também ficaram no vermelho em maio, com uma rentabilidade negativa de 1,90% até o dia 26. No ano, a variação está positiva em 5,68%. VANTAGEM DOS FUNDOS DI O professor Michael Viriato, coordenador do Laboratório de Finanças do Insper, explica que essa mudança nos fundos Ibovespa é um reflexo da alta volatilidade dos mercados, especialmente no Brasil, onde pesam fatores de esfera política.
Para quem quer correr menos risco, ele recomenda as aplicações em renda fixa — o que inclui fundos DI e de renda fixa, além de investimento em títulos públicos no Tesouro Direto. — No nível que temos de Selic ( hoje a 13,25% ao ano), a renda fixa é uma concorrência quase desleal com os outros investimentos — disse Viriato, lembrando que essa categoria de aplicação é uma das mais seguras.
No mês, a variação do DI foi de 0,98%, e no ano de 4,85%. Já os fundos dessa categoria tiveram variação de, respectivamente, 0,85% e 4,72%. Os fundos de renda fixa, por sua vez, segundo dados da Anbima, tiveram ganhos de 0,99% em maio e de 5,42% no acumulado do ano. Já os fundos multimercado multiestratégia, que investem em mais de um ativo, acumularam ganhos de 1,99% em maio e de 8,24% no ano.
Fonte: O Globo – 30/05/2015