Fonte: Bloomberg – 3/9/2017
Brasil precisa da reforma da Previdência para recuperar a política fiscal e complementar o tripé macroeconômico, que já conta com um comportamento “excepcional” do câmbio e a inflação no piso da meta, diz por telefone Claudio Haddad, pres. do conselho do Insper Instituto de Ensino e Pesquisa e ex-diretor do Banco Central.
“A previdência chegou a um nível sem sentido. O Brasil já gasta 12% do PIB e esta conta pode chegar a 20% nos próximos anos”
“Estamos no nível dos países europeus, que têm regime de bem estar social e uma população muito mais envelhecida”
“O Brasil pode até aguentar o adiamento da reforma, mas a incerteza ficará maior. Quanto mais cedo fizer, melhor”
“O problema fiscal é aritmético, não ideológico”
Brasil enfrenta problema político “muito sério”, com presidente enfraquecido e que tem de atender a muitos interesses; “isso dificulta as reformas”
“Reforma da previdência é difícil com os políticos de olho nas eleições”
Economia está começando a se recuperar, mas dependendo da eleição pode haver turbulências
Equipe econômica tem capacidade; juros ainda têm espaço para cair com inflação no piso da meta
Câmbio flutuante vem funcionando; tripé econômico funciona, mas “falta a parte fiscal”
Dólar estável, balança comercial positiva e reservas elevadas mostram situação “excepcional” na área cambial
Tripé havia sido colocado de lado a partir do segundo mandato de Lula; “a nova matriz econômica de nova não tinha nada”
Criação da TLP é “passo na direção correta, questão é se vai ser aprovada ou não”
Mudanças microeconômicas, incluindo BNDES, gestão da Petrobras, concessões de infraestrutura, representam avanços, mas precisam ser “incorporadas como políticas de Estado”
NOTA: Claudio Haddad tem PhD pela Universidade de Chicago, foi diretor do BC entre 1980 e 1983 e economista-chefe do Banco Garantia