04/08/2022
Desde o primeiro ano de atividades, em 2017, foram capacitados mais de 5 mil alunos em diversos programas, mais que o dobro da meta inicial
Tiago Cordeiro
Em 2016, uma equipe de professores do Insper começou a visitar centros de pesquisas de referência internacional em políticas públicas. Depois de passar por instituições como a Universidade Nacional de Singapura, Oxford (Inglaterra), Colúmbia e Harvard (Estados Unidos), os professores traduziram o que viram em um plano de negócios para os anos de 2017 a 2022.
Agora, no início do segundo semestre letivo deste ano, o Centro de Gestão e Políticas Públicas (CGPP) celebra cinco anos de existência. Comemora as metas alcançadas, incluindo o fato de ter formado mais de 5 mil pessoas, quando o objetivo inicial não passava de 2 mil.
“Depois de entender o que as boas escolas faziam mundo afora, demos início às atividades do CGPP. O Insper já desenvolvia pesquisas na área de políticas públicas, mas o Centro tinha como missão melhorar a sociedade brasileira, por meio da formação de pessoas e da geração de conhecimento em gestão e políticas públicas. Com isso, a parte de cursos passava também a ter um papel central. E o fortalecimento da relação entre formação e pesquisa seria fundamental para ampliar a contribuição, não só para nossos alunos, mas também para a sociedade como um todo”, diz André Luiz Marques, coordenador executivo do centro, economista com mais de 30 anos de experiência nos setores privado e público.
Dedicado a promover e qualificar o debate sobre elaboração, formulação e avaliação de políticas públicas no Brasil, o CGPP é voltado não apenas a servidores públicos, mas também a outras categorias profissionais que podem impactar o setor, incluindo colaboradores e lideranças de empresas privadas e de organizações do terceiro setor.
“O rigor analítico é crucial. Buscamos analisar e descrever o que funciona e o que não funciona em termos de políticas públicas”, afirma Marques. “Atuamos baseados em fatos, dados e evidências, com ética, excelência e valorização da diversidade.”
Alcançar um número expressivo de pessoas foi o resultado, em parte, da diversificação de temas e formatos de cursos, que foram além do previsto inicialmente. “Implementamos cursos presenciais e online, de curta e de longa duração, e procuramos abranger pessoas de todos os lugares do país”, diz o coordenador executivo do CGPP.
O programa de bolsas contribuiu para ampliar o alcance do Centro. Quando se considera que parte do público-alvo teria dificuldades em fazer cursos de capacitação continuada, facilitar o acesso financeiro aos cursos se mostrou crucial.
O CGPP também atende aos alunos de outros cursos da instituição. “Mais de 1.500 alunos dos cursos de graduação do Insper, das mais diversas áreas de conhecimento, já passaram pela trilha temática de disciplinas em gestão pública. São futuros profissionais que tiveram contato com temas de conhecimentos ligados ao setor, independentemente da área em que vão atuar no futuro”, diz Marques.
O CGPP dá suporte a quatro cátedras, três centros de pesquisa, dois núcleos e uma rede para a geração de conhecimento:
– Cátedra Ruth Cardoso, voltada a pesquisas sobre política pública: educação, mercado de trabalho, saúde e impacto socioambiental.
– Cátedra Instituto Ayrton Senna, que realiza pesquisas sobre políticas públicas na área de educação.
– Cátedra Instituto Unibanco, dedicada a pesquisas sobre educação no ensino médio do Brasil.
– Cátedra Fundação Lemann, que atua em colaboração com os melhores pesquisadores em economia aplicada do Brasil e do mundo, com viés prático e conectado com os desafios públicos do país.
– Centro de Agronegócio Global, focado na análise dos grandes vetores de transformação e da dinâmica da inserção do Brasil no agronegócio mundial, desenvolvendo estudos estratégicos, desenho de políticas e formação de pessoas.
– Centro de Regulação e Democracia, que mantém um espaço de pesquisa e debate sobre a relação entre o Estado e as organizações e entre o Estado e as pessoas.
– Centro Brasileiro de Pesquisa Aplicada à Primeira Infância (CPAPI), vinculado à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp).
– Centro de Evidências da Educação Integral, responsável por concentrar estudos que buscam sistematizar e produzir conhecimento sobre os efeitos da educação integral para o desenvolvimento humano.
– Insper Metricis, que desenvolve estudos sobre estratégias organizacionais e práticas de gestão envolvendo projetos com potencial de gerar alto impacto socioambiental.
– Núcleo de Estudos Raciais, dedicado à promoção de iniciativas e estudos empíricos para auxiliar no debate racial brasileiro.
– Rede Ciência para o Desenho de Políticas Educacionais, que atua no auxílio a gestores públicos com a produção, organização e ensino do conhecimento científico para o desenho de políticas educacionais.
Muitos vereadores, deputados estaduais, federais, prefeitos e governadores já passaram pelas salas de aula em programas do CGPP, além de diretores de empresas e de organizações do terceiro setor. “A área de políticas públicas, para entregar bons serviços ao cidadão, precisa de equipes e lideranças bem formadas e também de profissionais capazes de lidar com a diversidade”, afirma Marques. “Afinal, existem diferentes realidades no Brasil. Quase 70% dos municípios têm menos de 20 mil habitantes, onde as soluções desenvolvidas nas grandes metrópoles não funcionam.”
Marques afirma que o balanço dos cinco anos é o melhor possível. E que já existe um plano de negócios para o próximo período de cinco anos. “Quando olhamos para a frente, para os desafios que o país enfrenta todo dia, sabemos que ainda tem muita coisa a ser feita. Procuramos transmitir um conhecimento amplo e abrangente, para que as pessoas entendam os problemas a fundo e consigam buscar soluções particulares e aderentes para cada um deles.”
Em agosto, um evento com debates nos dias 18 e 19 vai celebrar os cinco anos do CGPP. O evento apartidário Políticas Públicas para um Brasil Melhor terá a presença de grandes nomes das áreas de Educação, Segurança Pública, Agronegócio e Sustentabilidade, Desigualdade Social, Infraestrutura, Saúde e Tributário. Será uma oportunidade de, mais uma vez, expandir a proposta do centro para setores amplos da sociedade.