Cansado da rotina de gerente de banco e da pressão por ter de bater metas nos três anos em que trabalhou em instituição financeira, o administrador de empresas Nelson Lins, 34, decidiu, em 2009, aproveitar o gosto pelo esporte para montar a academia Vitally, em Recife. Três anos depois, o nome foi alterado para Selfit.
Hoje, são 23 unidades no Norte e Nordeste do país, com previsão de mais oito até o fim do ano, e quatro sócios. Segundo ele, a mudança do nome foi feita quando as selfies explodiram nas redes sociais.
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Surgiu a ideia de juntar selfie com fitness, dando origem à Selfit.
Nelson Lins, dono da empresa
O faturamento e o lucro de 2016 não foram divulgados. A projeção de faturamento para 2017 é de R$ 100 milhões, diz Lins.
Ao sair do banco, Lins diz que buscava mais de qualidade de vida e o sonho de empreender. “Percebi que existia muita academia de bairro no Recife. Faltava algo profissional”, afirma Lins, que como gerente de banco ganhava R$ 5.000 por mês.
Ele optou pelas regiões Norte e Nordeste. “A marca teria um valor mais alto sendo líder regional, e os locais eram carentes de boas academias. O Sudeste tem maior concorrência no setor”, diz.
O investimento inicial foi de R$ 200 mil, fruto de um empréstimo no Banco do Brasil, usando o FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador), destinado, entre outras coisas, ao financiamento de Programas de Desenvolvimento Econômico.
Em 2012, o amigo José Leonardo Pereira, 38, também administrador de empresas, insatisfeito com o dia a dia no cargo de diretor de operações em uma multinacional (não quis citar o nome), tornou-se sócio.
Fizemos um novo projeto e apresentamos ao banco. Eu já tinha um know-how e histórico de pagamento por causa do empréstimo anterior. Pegamos um dinheiro maior e abrimos uma rede low cost (custo baixo).
Nelson Lins, dono da empresa
Nasciam as cinco primeiras academias Selfit, em três Estados diferentes, Bahia, Paraíba e Pernambuco. Em 2015, os sócios procuraram um fundo de investimentos para expandir o negócio, pois, dizem, seria a forma mais rápida de expansão da marca.
Recorreram a Rodrigo Martins, 34, corretor de negócios, que prospectou o fundo de investimento americano HIG, que também se associou à rede.
A academia ainda ganhou mais um parceiro, Roberto Caon, 30, administrador de empresas, que cuida da parte de expansão do negócio. Em novembro, a Selfit se tornará franquia. Valores de investimento inicial e outros números não foram divulgados.
A rede está presente em 12 cidades de nove Estados: Alagoas, Amazonas, Bahia, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe.
O número de alunos não foi divulgado, e a rede conta com 393 funcionários. Para frequentar a academia, é necessário pagar a matrícula e uma anuidade, ambas de R$ 99,90, e escolher um dos dois planos disponíveis (padrão em todas as unidades):
Self (R$ 59,90): inclui horário livre, ergometria (esteira e bicicleta ergométrica) e musculação. Sem multa de cancelamento caso a saída seja comunicada com 30 dias de antecedência.
Blue (R$ 89,90): inclui horário livre, ergometria, ginástica, dança, livre acesso a todas as unidades, camisa blue e a possibilidade de levar um acompanhante para praticar exercícios quatro vezes por mês. Há multa de cancelamento no valor de 25% referentes às parcelas que ainda não foram pagas.
Para Marcelo Nakagawa, professor de Empreendedorismo e Inovação do Insper, a crise econômica é uma aliada da Selfit, devido aos preços mais acessíveis, que atraem os clientes.
“Pelo momento econômico em que o Brasil vive, as pessoas buscam soluções com preços mais baixos. E a academia tem isso. A segunda questão é a nova roupagem. Vem com uma embalagem moderna. É prático. Os clientes chegam e fazem os exercícios.”
Mas, para que a empresa continue prosperando, os proprietários precisam estar atentos à concorrência, principalmente àqueles que pretendem seguir o modelo de negócio adotado, diz o especialista.
“O que tem contra eles é o efeito cópia. A gente já observou nas paleterias (lojas que vendem picolés mexicanos), por exemplo. Várias começaram a surgir como cópias, mas com preços menores. Esse efeito faz com que o produto pareça igual aos outros, que o clamor que tinha inicialmente comece a corroer”, diz.
Para ele, a empresa precisa criar uma experiência que a diferencie das demais. “O desafio é criar uma experiência que seja única para o cliente, para ele se sentir cativado e para que atinja os objetivos que quer.”