A Caixa Econômica Federal, a Federação Nacional da Distribuição de Veículos Automotores (Fenabrave) e o Banco Pan assinaram ontem, em São Paulo, o chamado “Acordo de Apoio de Final de Ano às Concessionárias”.
O acordo prevê condições especiais para financiamento de veículo, além de produtos e serviços para as concessionárias. A iniciativa visa o incremento das vendas e consequente crescimento do setor. Especialistas entrevistados pelo DCI enxergam a política de créditos como positiva momentaneamente, porém não a veem como a solução para a baixa demanda do setor.
Segundo Ricardo Mollo, professor de Finanças do Insper – Instituto de Ensino e Pesquisa, o acordo é esperado, pois o setor de automóveis tem no financiamento um fator chave, ou seja, existe uma grande dependência em relação a esse tipo de política. Apesar disso, ele diz que hoje, os bancos estão cada vez mais receosos e restritivos em fazer financiamentos, devido à queda na economia.
Instrumentos
A Caixa vai operar até dezembro com taxas especiais para os financiamentos de veículo à pessoa física, além de possibilitar o pagamento da primeira parcela após o Carnaval de 2015. Para pessoas jurídicas, o banco remodelou o produto chamado CredFrota, destinado à renovação e/ou ampliação de frotas para empresas.
As novas condições do produto incluem ampliação de prazos, novos itens financiáveis e liberação das garantias de acordo com a proporcionalidade dos valores amortizados. Além das ofertas de financiamento de veículo, o banco também vai disponibilizar às concessionárias produtos como financiamento da folha do 13º salário; antecipação de recebíveis, com taxas a partir de 1,25% a.m; e capital de giro, com taxas a partir de 1,35% a.m. e prazo de até 36 vezes para pagamento.
O objetivo é dar mais fôlego financeiro aos empresários, num momento de alta nas despesas e queda nas vendas, segundo nota da Caixa, Fenanbrave e Pan.
Promoção
Segundo o professor Mollo, o acordo provavelmente ajudará na movimentação do setor, pois todos os incentivos são bons. Apesar disso, ele enxerga a alternativa como uma promoção, ou seja, algo momentâneo. “O setor vai se equilibrar apenas quando o cliente sentir que é o momento ideal para a compra, quando ele tiver certeza de seu emprego e de sua renda, pois a compra de um carro é uma decisão que exige maior reflexão“, afirma.
Andrew Storfer, diretor administrativo da Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade (Anefac), concorda e diz ainda que “o problema está na falta de confiança do consumidor em relação à economia, que não apresenta bons sinais. Isso já começou a ser sentido pela população devido à alta da inflação”, acredita o executivo.
Outros setores
Os entrevistados acreditam ainda que a política de aumento de crédito também não resolve os problemas de demanda de outros setores.
Na visão de Storfer, o receio da população em relação à economia atinge outros âmbitos, o que leva a dificuldade de vendas e a estoques altos.
Nesse sentido, ele acredita ser difícil vislumbrar soluções no curto prazo, portanto a tendência é que a política de crédito aconteça também em outros setores.
Fonte: DCI – 30/10/2014.