Indicadores reunidos pela Organização Mundial de Propriedade Intelectual sugerem que o país desperdiça boa parte das oportunidades de inovação tecnológica
Bernardo Vianna
O Índice Global de Inovação, divulgado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual (Wipo, na sigla em inglês), visa representar a performance dos ecossistemas de inovação de 132 economias e rastrear as tendências globais mais recentes. Para isso, o índice avalia diversos indicadores, divididos em dois grupos. O primeiro representa elementos da economia que facilitam a inovação, como investimento do governo em pesquisa, gastos com educação e ambiente de negócios. O segundo mede o impacto dessas atividades de inovação nas economias dos países.
O resultado da avaliação dos indicadores é uma pontuação entre zero e 100 que pode ser utilizada para entender a eficiência do ambiente de inovação de um país em relação aos demais. Entre os 132 países analisados, o Brasil ocupa a 57ª colocação. Já na comparação com os países de renda média alta, ocupamos a 11ª colocação — ao lado de China, Bulgária, Tailândia, Irã, África do Sul e Peru, o Brasil forma o grupo de países que tiveram desempenho acima do esperado para a faixa de renda em 2021. Entre os países da América Latina e do Caribe, o Brasil ocupa a 4ª posição, atrás de Chile, México e Costa Rica.
Diferentemente do que acontece com países no topo do ranking, o Brasil não se sai bem ao considerarmos a razão entre investimentos em fatores que propiciam a inovação e o aproveitamento das oportunidades assim geradas. O escore brasileiro de aproveitamento é pouco maior que a metade da pontuação de investimento, ao passo que, entre os países no topo do ranking, esse aproveitamento está na casa dos 80%.
Além do ranqueamento dos países, as bases de dados da Wipo também permitem observar quais os campos tecnológicos em que mais há inovações sendo desenvolvidas. Isso é possível por meio do histórico de patentes publicadas anualmente, que registra o tipo de tecnologia que foi empregado em cada registro.
Para as visualizações a seguir, consideramos os campos mais diretamente ligados às tecnologias digitais: as tecnologias de computadores, que envolvem desenvolvimento de métodos eletrônicos de processamento de dados; novos métodos de gestão desses dados; tecnologias de comunicação digital, cujo principal caso de uso é a própria internet; e tecnologias de telecomunicação.
Além desses, observamos os três principais campos de inovação considerando o número de patentes publicadas no mundo em 2020: maquinário elétrico, que corresponde aos equipamentos não eletrônicos voltados à geração, transformação e distribuição de energia elétrica; tecnologias de medição, que são as empregadas para obter dados quantitativos de processos de produção ou de objetos sendo analisados; e tecnologia médica.
No caso do Brasil, os três principais campos tecnológicos em termos de publicação de patentes compõem uma lista diferente: em primeiro lugar estão os registro de novos fármacos; em segundo lugar, as tecnologias médicas; e, em terceiro, as patentes de novos compostos químicos orgânicos de alto valor agregado (químicos finos).