15/07/2016
O Banco Central está com um enorme dilema nas mãos: deixar o dólar flutuar e, ao mesmo tempo, levar a inflação para o centro da meta, de 4,5%, até o fim de 2017, como vem prometendo.
Com a moeda norte-americana na casa de R$ 3,30, a missão de reduzir o custo de vida pode ser mais fácil, mas o risco de o país prejudicar uma das poucas áreas que vêm dando sinais de recuperação, as exportações, aumenta, o que poderá resultarem mais desemprego.
“O BC precisa definir o que é prioritário em relação ao câmbio: combater a inflação, que significaria uma valorização do real ante o dólar, ou manter uma cotação que favoreça as vendas externas”, disse Otto Nogami, professor de Finanças da escola de negócios Insper.
“Acredito que a instituição prefere manter o processo de recuperação das exportações e buscar outros mecanismos para o combate à inflação. logo, deve demorar um pouco mais para cortar as taxas de juros”, afirmou. Pelas contas do professor, o patamar ideal para o dólar, hoje, é de R$ 3,53. Ontem, o BC realizou a sexta intervenção no mercado de câmbio desde a posse de llan Goldfajn na presidência da instituição. Cada uma somou US$ 500 milhões. hoje, repetirá a operação, a fim de ratificar os sinais de que está atento a movimentos atípicos. O dólar encerrou a segunda-feira cotado R$ 3,310, com alta de 0,47%. A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) subiu 1,54%, para os 53.960 pontos, acompanhando os mercados internacionais. segundo o gerente de Câmbio da Treviso Corretora, Reginald Galhardo, o mercado ainda está se adaptando e interpretando CVM questiona a Oi A Comissão de Valores Mobiliários (CVM) pediu que a operadora de telefonia Oi detalhe todos os passos que levaram a companhia a recusar a proposta de renegociação de dividas, o que poderia ter evitado o processo de recuperação judicia órgão regulador também inquiriu a empresa sobre a renúncia de Bayard Gontijo, ex-presidente da 0i, no início de junho.
Está no radar da CVM se os membros do conselho de administração aturam em sentido contrário aos interesses da companhia. Nos ofícios enviados à 01, a autarquia cita noticias sabre a resistência a aceitar o pleito liderado pelos membros eleitos pela Pharol a antiga Portugal Telecom, por meio da subsidiária Brate A tele portuguesa é a principal acionista da 01, corri 22,24% do capital votante.
que R$ 3,30 é o piso fixado pelo BC. “A autoridade monetária tem que colocar a inflação na meta, mas precisa agradar a gregos e troianos. Para que as exportações brasileiras tenham competitividade e o exportador consiga ter lucro, o ideal seria um patamar de R$ 3,50 para a moeda norteamericana”, destacou. na opinião de André Perfeito, economista-chefe da Gradual Investimentos, a atual queda do dólar é pontual e, até o fim do ano, voltará a R$ 3,80. “Hoje, infelizmente, o Brasil está na contramão do mundo, uma vez que todos os países estão desvalorizando suas divisas para tornar seus produtos mais competitivos”, frisou. “O ideal é que o BC não deixe o dólar cair tanto para que possamos continuar com o forte ajuste nas contas externas”, ressaltou. Para Newton Rosa, economista-chefe da Sul América Investimentos, o dólar permanecerá próximo de R$ 3,30 até o fim do ano e o BC não reduzirá, de forma rápida, a taxa básica de juros (Selic). Se o Banco Central quiser fazer com que a inflação chegue em 4,5% até o ano que vem, a Selic permanecerá em 14,25% até dezembro de 2017″, avisou. O câmbio atual é bom para a classe média, mas é ruim para as exportações. No entender do economista Bruno Lavieri, sócio da 4E Consultoria, o BC está, aos poucos, sinalizando que não está defendendo um patamar para o dólar e aproveitando para reverter o estoque de swap cambial, que passa de US$ 60 bilhões.
Ele lembrou que os juros no país estão entre os mais altos e acabam atraindo um fluxo maior de capitais, o que empurra os preços da divisa dos Estados Unidos para níveis preocupantes para as exportações.
rombo pode ser maior Os analistas se atentaram ontem para um fato preocupante: a despeito de a equipe econômica chefiada pelo ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, reforçar, diariamente, o compromisso com a austeridade fiscal, o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) de 2017 abre brecha para que as contas do setor público no ano que vem fechem com rombo maior do que o previsto.
Segundo especialistas, o governo federal foi desobrigado de buscar um resultado melhor em suas contas para compensar eventual desempenho pior do que o esperado por parte de estados e municípios, como sempre ocorreu.
prática, a decisão torna a meta indefinida e adiciona elemento de incerteza sobre o desempenho das contas públicas em 2017. A Fazenda informou que, em 2017, o setor público como um todo terá deficit de R$ 143 bilhões. Desse total, R$ 139 bilhões serão de responsabilidade do governo central (Tesouro Nacional, Banco Central e Previdência), R$ 1,1 bilhão de estados e municípios e R$ 3 bilhões de estatais. Mas o buraco estimado para os governos regionais é considerado otimista, pois o próprio governo calculou um impacto negativo de R$ 15 bilhões nas contas dos estados. diante dessa disparidade, relator da 1.00, senador Wellington Fagundes (PR-MT), disse que o resultado fiscal para estados e municípios é só uma indicação, não uma obrigação legal. e o governo federal não será obrigado a cobrir a frustração no ajuste, caso ela ocorra. Para arrecadar R$ 5! bilhões e evitar que o rombo nas contas do governo central em 2017 supere os R$ 139 bilhões, o Ministério da Fazenda não medirá esforços. Além de aeroportos, campos de petróleo e hidrelétricas, venderá a Lotex, estatal que será criada pela Caixa Económica Federal para controlar as raspadinhas. Também será ofertado ao mercado o sistema Sporting Bet, em que as pessoas apostam em placar de jogos ou em times por meio da intemet. O secretário de Acompanhamento Econômico da Fazenda, Mansueto Almeida, explicou que o processo de venda da Lotex será bem diferente do que o governo anterior tentou fazer com a Caixa Seguridade, cujo IPO (oferta inicial de ações, na sigla em inglês) foi adiado várias vezes.
“Será criada uma estatal no mesmo dia em que ela será vendida”, informou. Segundo ele, o estudo de avaliação do valor de mercado da Lotex está sendo feito pelo Banco do Brasil Investimentos. “Há muitos estrangeiros interessados neste segmento”, disse Mansueto, incluindo o Sporting Bet, cujas apostas de brasileiros são feitas por meio de sites localizados nos Estados Unidos. Isso tem um valor enorme e é uma das coisas que devem sair no próximo ano”, assinalou. Ele garantiu, porém, que tudo só será ofertado no ano que vem. Isso vale, inclusive, para a abertura de capital da Caixa Seguridade. O secretário acredita que haverá surpresas nas receitas oriundas de privatizações e concessões, e que a projeção de R$ 55 bilhões é conservadora. “Tudo vai depender das condições dos mercados. Para o caso da con cessão de petróleo, por exemplo, teremos que ver como estará o preço do barril”, disse. O governo, porém, fará o que for possível para acelerar todo o processo de venda de ativos, para evitar frustrações. O detalhamento de todo esse processo terá que contar no projeto de Orçamento de 2017 que será enviado ao Congresso até o fim de agosto próximo. (RH) Governo venderá parte das áreas de jogos que estão hoje com banco estatal Raspadinha privatizada CIrtos Sitva – 29Ml5 Para André Perfeito, o Brasil não pode andar na contramão do mundo: tem que ampliar a competitividade Calote na Caixa Os bancos públicos levaram calote de R$ 2,6 bilhões do governo federal nos últimos quatro anos, dos quais R$ 12 bilhão terão que ser registrados no balanço do primeiro trimestre deste ano da Caixa Econômica Federal.
A fatura se refere a tarifas bancárias que não foram pagas à instituição pela gestão de 12 programas sociais, entre eles o Bolsa Família, o Fies (financiamento estudantil), o seguro-desemprego e o abono salarial.
O atraso no pagamento desses serviços é diferente das pedaladas que sustentaram o processo de impeachment de Dilma Rousseff, mas a prática foi também condenada pelo Tribunal de Contas da União (TCU).
para receber as tarifas, a Caixa chegou a recorrer a uma cãmara de conciliação da Advocaciageral da União (AGU). Houve um acordo, mas considerado insuficiente pelo banco. tanto que a Caixa entrou com urna dezena de ações que ainda correm na Justiça contra todos os ministérios que lhe devem. A dívida deve ser quitada quando o Congresso aprovar um projeto de lei que dá crédito adicional de R$ 2,7 bilhões para o Executivo saldar todos os débitos bancários. O Ministério da Fazenda acredita que, com essa previsão legal, será possível fazer os pagamentos. analistas que acompanham o balanço da Caixa garantem que a instituição contém um passivo oculto de quase R$ 30 bilhões e que, quando for dado transparência aos números, o banco terá que receber urna injeção de capital por parte do Tesouro Nacional.
Fonte: Correio Braziliense – DF – 12/07/2016