Além de monitorar a Amazônia, satélites brasileiros integram a maior rede de telecomunicações da América Latina
Bernardo Vianna
De acordo com o UCS Satellite Database, o satélite há mais tempo em órbita foi lançado em 1974, da base de Vandenberg, no estado americano da Califórnia. De uso civil, o Amsat-Oscar 7 foi colocado em órbita pela Radio Amateur Satellite Corporation, uma organização de radioamadores, e funcionou até sua bateria falhar, em 1981.
Em 2002, novamente o satélite deu sinal de vida, quando se descobriu que seus painéis solares permitiram um funcionamento intermitente ao longo de 20 anos. Surpreendentemente, também foi descoberto que esse funcionamento havia sido percebido por ativistas poloneses que lutavam contra a lei marcial imposta no país no início dos anos 1980 e que o satélite, supostamente perdido, havia sido usado para driblar a vigilância soviética sobre as comunicações da oposição.
Esta é apenas uma das muitas histórias que emergem da exploração da base de dados sobre satélites em órbita mantida pela Union of Concerned Scientists, uma organização sem fins lucrativos fundada há mais de 50 anos por cientistas e estudantes do Massachusetts Institute of Technology, o MIT. A base reúne informações sobre mais de 4.800 satélites em operação e é atualizada três vezes por ano com informações sobre as características técnicas de cada satélite, sobre suas órbitas e sobre quem os construiu, quem os opera, para que funções são utilizados e até mesmo a localização das bases de onde foram lançados.
O Brasil possui, atualmente, 13 satélites em órbita, além de outros três que divide com países como China, Estados Unidos e Japão. Sete dos satélites brasileiros pertencem à Embratel Star One, maior operadora de satélites de comunicações da América Latina, atualmente uma subsidiária da Claro. Lançados entre 2000 e 2021, esse conjunto de satélites é capaz de transmitir rádio, TV, telefonia e internet para o Brasil, o México e demais países da região.
Já o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) opera seis satélites, dois deles em parceria com a Administração Espacial Nacional da China. Os dois mais antigos, o SCD-1 e o SCD-2, lançados em 1993 e 1998, respectivamente, têm como função monitorar dados ambientais e meteorológicos da Amazônia. O Inpe também foi responsável por colocar em órbita o primeiro satélite totalmente construído no Brasil, o Amazônia-1, lançado em 2021 do Centro Espacial de Satish Dhawan, na Índia.