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Seminário virtual debate o papel da autoridade monetária no combate à crise
30/04/2020
Em webinar, Marcos Lisboa, José Alexandre Scheinkman e Ilan Goldfajn abordam questões relativas ao papel da política monetária e fiscal no enfrentamento à pandemia
No dia 30 de abril, promovemos o webinar O papel da autoridade monetária no combate à crise. Neste seminário virtual, Marcos Lisboa, presidente do Insper, debateu o papel da autoridade monetária em períodos de crise como a atual, imposta pela Covid-19, com José Alexandre Scheinkman, professor de economia da Universidade Columbia (cadeira Edwin W. Rickert) e professor emérito na Universidade Princeton (cadeira Theodore Wells) e com Ilan Goldfajn, Presidente do Conselho do Credit Suisse no Brasil e Diretor do Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP).
O debate iniciou com a análise da atuação do Federal Reserve Board (Fed) durante a crise de 2008/2009. Scheinkman ressaltou a intervenção conjunta do Fed com o Tesouro norte-americano, que incluiu medidas de política fiscal, como o salvamento dos bancos, por exemplo. “Não há dúvidas que o Fed conseguiu salvar o sistema financeiro dos Estados Unidos nessa crise. Já se era preciso salvar todo o sistema ou fazer com que parte dele pagasse esses custos é algo que se discute até hoje”.
Na sequência, Marcos Lisboa questionou sobre o papel da política monetária e fiscal neste momento no Brasil, uma economia emergente e com dívida alta. De acordo com Ilan, essa crise vai resultar em aumento da dívida pública em quase todos os países do mundo em uma proporção não vista há muito tempo. “Em algum momento, vamos ter que lidar com esse aumento. Países que têm espaço fiscal estão em situação melhor. No nosso caso, esse espaço é limitado. Nessa situação, temos um choque que deve aumentar a dívida em torno de 10% do PIB.”
Ainda segundo Ilan, como não há recurso para tudo, começam a surgir ideias que envolvem a política monetária, que não tem o papel de suprir recursos fiscais. “E nós somos campeões em tentar achar soluções mágicas para gerar recursos onde não existem. Precisamos deixar muito claro que não há emissão monetária que faça com que a gente não tenha que lidar com a questão de falta de recursos.”
De acordo com Marcos Lisboa, para de fato transformar a base monetária em exógena, seria necessário abandonar modelos de metas de inflação e parar de ter o Banco Central (BC) como comprador de última instância. “E isso tem várias implicações sobre taxas de juros e de câmbio”, ressaltou.
A confusão entre problema de liquidez e risco de crédito, para Marcos, é um ponto importante a ser esclarecido. “Está sendo confundida a consequência com a causa. A causa original é o imenso risco de crédito que atravessa a economia”, explicou Marcos, que também destacou a dificuldade de criação de mecanismos e políticas que consigam fazer a seleção adequada para onde os recursos do Estado deveriam ser destinados.
O seminário virtual prosseguiu com a abordagem de temas como a medida debatida pelo Congresso que transfere poderes para o BC brasileiro ter instrumentos mais semelhantes ao do Fed, a saída expressiva de recursos estrangeiros desde o ano passado e, agora, o risco de saída do país de recursos de brasileiros, a atuação do BC e do Tesouro no mercado de dívida como braços independentes, como vai ficar o país após a pandemia, a utilização de reservas e o conceito de QE (Quantitative Easing).