Indicadores divulgados ontem mostram uma possível recuperação do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no terceiro trimestre deste ano. Para especialistas, a tendência é que a retomada da economia ocorra de forma lenta até o próximo ano.
De acordo com entrevistados, a indústria será o setor com mais possibilidades de estimular números melhores de crescimento em 2015, devido à tendência de desvalorização do real ante ao dólar e de um mercado de trabalho menos aquecido, impondo, dessa forma, menos pressões por reajustes salariais.
Segundo dados do Banco Central (BC), o Índice de Atividade Econômica (IBC-Br) – indicador de prévia do PIB – avançou 0,40% em setembro em relação a agosto, na série dessazonalizada. Nos doze meses encerrados em setembro, a expansão do PIB é de 0,60%. Já no acumulado dos nove primeiros meses do ano, o indicador está positivo em 0,01%. Comparando os meses de setembro deste ano e do ano passado, houve expansão de 0,92%.
Avanço tímido
Ao comentar os dados da prévia do PIB ao DCI, a economista da Tendências Consultoria, Alessandra Ribeiro, afirma que, apesar de serem positivos, os números ainda são insuficientes para reverter a queda de 0,6% que ocorreu na atividade econômica do segundo trimestre deste ano. A projeção da consultora é que o PIB cresça 0,3% no terceiro trimestre e 0,2% no final deste ano.
“A expectativa é de uma retomada modesta da economia. A confiança dos empresários ainda está muito ruim, além das incertezas em relação a um segundo mandato da Dilma [Rousseff, presidente da República]”, afirma Ribeiro.
“Devemos levar em conta também os ajustes econômicos que devem ser realizados em 2015, principalmente nas contas públicas, o que deve impactar negativamente o ritmo de atividade. Sem contar a expectativa de mais elevação das taxas de juros pelo Banco Central e dos ajustes nos preços administrados”, completa.
O professor do Instituto Insper, Otto Nogami, afirma que a prévia do PIB veio além do esperado, mas que o resultado não é tão animador, devido à base de comparação baixa em relação ao segundo trimestre.
Ele espera uma expansão pequena do PIB em 2014, em 0,40%, enquanto o mercado tem projetado 0,21%. No entanto, Nogami esclarece que tudo depende dos resultados da Pesquisa Mensal de Serviços que será divulgada hoje pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), já que esse setor tem peso significativo no PIB do País.
Setores
A projeção da consultora da Tendências é que o setor de serviços cresça em 1% nesse ano. Já o PIB agropecuário deve crescer em 2,9% e a atividade industrial deve registrar queda 2,1%, segundo Ribeiro.
Para 2015, a expectativa de crescimento econômico é melhor entre os especialistas. A Tendências espera expansão do PIB em 1% e o professor do Insper projeta número positivo entre 0,6% e 0,8%.
“Em 2015, do lado da oferta, teremos alguma reação da indústria por conta do câmbio depreciado e de um mercado de trabalho bem mais fraco, o que deve implicar em menos pressões para realização de reajuste salariais. Então podemos esperar alguma competitividade da indústria, com crescimento da atividade em 1,5%”, diz Ribeiro. “Já os serviços devem ter expansão de apenas 0,8%, justamente em função da desaceleração do mercado de trabalho”, finaliza.
Outros números
Números do Indicador Serasa Experian de Atividade Econômica (PIB Mensal), divulgados ontem, também revelam uma recuperação tímida da economia brasileira. Após dois trimestres seguidos de retração, o índice avançou 0,2% no terceiro trimestre deste ano, ante o trimestre anterior, levando em conta ajustes sazonais.
Para o economista do Serasa Experian, Luiz Rabi, esses números são positivos, já que “retira o Brasil de uma recessão técnica”, no entanto afirma que o cenário ainda é de baixo dinamismo econômico. “O quadro ainda é de estagnação para o quarto trimestre desse ano. Ainda existe uma baixa confiança dos empresários na economia e a expectativa é de taxas de juros cada vez mais altas”, afirma Rabi.
Fonte: DCI – 18/11/2014.