Enquanto os profissionais buscam valorização salarial, as empresas acreditam que o mais importante é treiná-los em novas habilidades, aponta pesquisa da consultoria EY
A pandemia da covid-19 mudou de maneira dramática a maneira como as pessoas encaram o trabalho. No mundo inteiro, a crise sanitária provocou reflexões e debates em torno de conceitos como sucesso, valor e propósito do trabalho. Mas há uma grande diferença entre o que os empregados mais valorizam e o que os empregadores acham importante oferecer a eles nesse novo ambiente.
É o que revela a pesquisa “2022 Work Reimagined”, realizada pela consultoria EY. A empresa ouviu mais de 17.000 funcionários e 1.575 empregadores de 26 setores em 22 países, incluindo o Brasil. O estudo identificou os principais motivos da rotatividade ou da retenção da força de trabalho e apontou as áreas às quais os líderes devem dar atenção no novo contexto pós-pandemia.
De acordo com a pesquisa, tanto os empregadores quanto os empregados reconhecem que é preciso levar em conta o trabalho híbrido e flexível, mas nem todas as empresas criaram e comunicaram uma política e diretrizes formais e claras a respeito. Os funcionários se sentem empoderados pela flexibilidade do trabalho e enxergam uma combinação mais ampla de oportunidades de emprego. Mas há também o reconhecimento de que uma aceitação maior de condições de trabalho híbrido e flexível pode representar uma progressão mais lenta na carreira.
Há claras diferenças na percepção do trabalho entre empregadores e funcionários. Segundo a pesquisa, 72% dos empregadores acreditam que as novas formas de trabalho farão com que alguns segmentos da força de trabalho percam vantagem competitiva. Entre os empregados, apenas 56% têm essa percepção.
O que os funcionários mais valorizam no emprego atualmente, de acordo com o estudo, são a oportunidade de aumento salarial, a flexibilidade em relação a quando e onde trabalhar e a progressão na carreira. Já os empregadores acreditam que os funcionários mais desejam no momento são treinamento e capacitação em novas habilidades, horários e locais de trabalho flexíveis e investimentos no seu bem-estar geral.


Quase metade (43%) dos entrevistados declarou que, provavelmente, deixará o atual emprego nos próximos 12 meses. Essa taxa é mais acentuada em alguns setores, como tecnologia (56%) e imóveis e construção (53%). Em contraste, os empregados do setor público (30%) e da saúde (38%) são os que menos pensam em trocar de emprego nos próximos 12 meses.

A pesquisa da EY apontou também os países em que os empregados estão mais inclinados a mudar de emprego nos próximos 12 meses. A Índia ficou em primeiro lugar nesse aspecto (66%). O Brasil também ocupou os primeiros lugares no ranking, com pouco mais da metade (51%) dos entrevistados manifestando que desejam trocar de emprego nos próximos 12 meses.
