Se for aprovada pelo Congresso, a aplicação de até 30% do saldo do FGTS em dívida do BNDES será uma oportunidade única para o trabalhador elevar o retorno do dinheiro parado no fundo de garantia, que perde ano após ano para a inflação.
O fundo com dívida do BNDES promete pagar 7% ao ano mais TR. Em 2014, o FGTS rendeu só 3,8% (3% mais 0,8% da TR) –abaixo dos 6,41% da inflação pelo IPCA e dos 7,08% da poupança.
Na semana passada, o conselho do FGTS autorizou a compra de R$ 10 bilhões em debêntures (dívida de longo prazo) do BNDES por meio de um fundo de investimento que ainda será criado. É nesse novo fundo que os trabalhadores poderão aplicar até 30% do seu saldo no FGTS.
Como a aplicação é em uma dívida do banco estatal, o risco de calote é considerado baixíssimo –o mesmo de moratória do Brasil. Seria diferente se os papéis fossem de obras de infraestrutura, em que o risco de calote seria do projeto e dos empreiteiros.
Vários detalhes ainda precisam ser definidos. O principal deles é se haverá pagamento de Imposto de Renda, como ocorreu no caso do investimento do FGTS em ações da Petrobras e da Vale. Se a dívida do BNDES for enquadrada como debênture de infraestrutura, terá isenção.
Para Mario Avelino, presidente do Instituto FGTS Fácil, vale a pena aderir. “Na condição atual, deixar o dinheiro no FGTS é ser confiscado todos os anos”, disse.
“Será uma oportunidade para elevar o rendimento do FGTS, mas mesmo assim ainda perderá para a inflação”, disse Ricardo Rocha, professor de finanças do Insper.
Fonte: Folha Online – 30/05/2015