As ações da Petrobras na bolsa tiveram sua maior alta semanal desde 1994, considerando o fechamento no pregão desta sexta-feira (4). Os papeis preferenciais da empresa subiram 48,25% na semana, o maior ganho desde a semana encerrada em 7 de janeiro de 1994, de 50,67%. Já as ações ordinárias (que dão direito a voto) subiram 44,85%. As informações são da Economatica.
A Vale também teve fortes fortes ganhos, na esteira do viés positivo na Bovespa e tendo como suporte a nova alta dos preços à vista do minério de ferro. As ações ordinárias da empresa subiram 50,45% nesta semana e as preferenciais, 45%, ainda de acordo com a Economatica.
Ações de outras empresas do setor também tiveram forte valorização semanal. Os papéis da Usiminas e da CSN subiram 52,81% e 51,20%, respectivamente.
Disparada da bolsa
A Bovespa fechou em alta nesta, após dia apontado como um pregão de euforia por analistas. O principal índice da Bovespa chegou a avançar quase 6% nos primeiros negócios, com investidores reagindo à nova fase da operação Lava Jato envolvendo o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, alvo de mandado de condução coercitiva pela Polícia Federal.
O Ibovespa subiu 4,01%, aos 49.084 pontos. Esta é a maior pontuação de fechamento desde outubro de 2015, quando no dia 9, o índice terminou o pregão aos 49.338 pontos.
Na semana, a bolsa subiu 18% – maior elevação percentual desde outubro de 2008. No mês e no ano, há valorização de 14,7% e 13,23%, respectivamente.
“A reação do mercado é totalmente Lula e Dilma. Qual é o pensamento do mercado? O governo Dilma e Lula seguraram o preço da gasolina, a Petrobras não cresceu nos últimos anos…além desse efeito, o mercado pensa na economia como um todo. A Dilma está fazendo um péssimo trabalho de 2013 para cá. O mercado acredita que todo mundo vai cair e que um possível novo governo dê um gás na economia do país”, disse ao G1 o professor de finanças e economista da NeoValue Investimentos, Alexandre Cabral.
Incertezas
“Nós estávamos passando por momentos de incerteza e com a inexistência de uma perspectiva de uma melhora da economia brasileira, principalmente pela própria inanição do governo. Então com essas resultantes da Lava Jato, começa a surgir um alento e a nível de mercado ressurge uma perspectiva de que o Brasil pode melhorar. Como os ativos [ações das empresas] estão extremamente baratos, essas perspectivas de mudança fazem com que o mercado se aqueça”, diz Otto Nogami, professor de economia do Insper.
Segundo ele, o mercado é altamente especulativo e pontual, então quando as coisas acontecem elas já repercutem rapidamente. “Essa operação de hoje não estava precificada pelo mercado como estava o rebaixamento do grau de investimento do Brasil pela Moody’s na semana passada”, explica.
De acordo com Nogami, eventos inesperados com perspectiva positiva, de melhora e de resgate da credibilidade fazem com o que o mercado se anime, mesmo que seja no curto prazo. “Pode ser que na segunda-feira o mercado volte a ser como estava antes, mas no ponto em que tudo está, agora não tem mais volta, vai ser uma ‘rapa geral’”, diz.
Cenário político
O mercado brasileiro tem sido intensamente influenciado pelo noticiário político. Muitos operadores entendem que vem crescendo a chance de afastamento da presidente Dilma Rousseff, algo que tem provocado reações favoráveis no mercado, enfraquecendo o dólar, segundo a Reuters.
“Está crescendo no mercado a aposta de que Dilma não vai terminar seu mandato”, disse o economista da 4Cast Pedro Tuesta à agência Reuters. Ele ressaltou, porém, que o quadro é bastante incerto e um eventual impeachment pode dificultar o reequilíbrio da economia brasileira.
O dólar também reagiu ao quadro político e fechou em queda, abaixo de R$ 3,80. Na semana, a queda foi de 5,93% – maior recuo semanal desde outubro de 2008, segundo a Reuters.
Fonte: Portal G1 – 04/03/2016