Nos Estados Unidos, pedidos de demissão voluntária crescem mais entre os profissionais mais velhos e experientes
The Great Resignation (A Grande Renúncia) é o nome dado ao fenômeno observado desde o início da pandemia da covid-19, sobretudo nos Estados Unidos, onde um número recorde de pessoas deixou voluntariamente seus empregos. Com a inflação em alta e uma recessão despontando no horizonte, pode não ser o melhor momento para largar um emprego. Mas isso não está impedindo os trabalhadores americanos de tomar essa decisão.
No início da pandemia, a tendência foi liderada por trabalhadores mais jovens e menos qualificados em setores de baixa remuneração, como varejo, serviços de alimentação e assistência médica. Agora, de acordo com uma análise do site Recode, a debandada de empregos no país é puxada por trabalhadores mais velhos e experientes em setores mais bem pagos, como finanças, tecnologia e áreas especializadas.
De acordo com dados do Bureau of Labor Statistics, agência do governo americano que compila estatísticas do mercado de trabalho, um recorde de 4,5 milhões de pessoas deixaram seus empregos no país no mês de março, o mês mais recente disponível. Isso representa 3% dos postos de trabalho disponíveis naquele mês. Mais da metade do crescimento de desistências de trabalho veio do setor de serviços profissionais mais bem remunerados.
Dados coletados pela Visier, um plataforma de análise de informações de RH, apontam que, em todas as faixas etárias, o número de trabalhadores que pediram demissão nos Estados Unidos aumentou no primeiro trimestre deste ano em comparação com igual período do ano passado. O crescimento foi mais acentuado no grupo de profissionais com 45 a 50 anos — um crescimento de 37% das demissões voluntárias no período analisado.

Levando-se em conta o tempo de serviço, o número de trabalhadores com 15 a 20 anos de experiência que deixaram seus empregos cresceu 71% no período.

É importante ressaltar que as pessoas que desistem de seus empregos, geralmente, são as que têm meios financeiros de fazê-lo, ou seja, as que conseguem se manter mesmo sem um emprego fixo. Entre o grupo mais estável financeiramente, os desligamentos estão sendo motivados por diversos fatores, desde o desejo de continuar trabalhando remotamente até uma busca maior de propósito.
Adam Galinsky, professor da Columbia Business School, considera o Great Resignation uma “grande crise da meia-idade”, que foi amplificada pela pandemia da covid-19. “Uma pandemia global obviamente faz as pessoas refletirem sobre sua própria mortalidade”, disse o especialista ao site Recode. “No meio da vida, tomamos consciência de nossa própria mortalidade e isso nos permite refletir sobre o que realmente importa para nós.”
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