O ano termina com a economia desanimada. Para os executivos, é hora de negociar suas futuras metas com realismo, para ter perspectivas de aumento na remuneração, diz Rodrigo Soares, diretor da Consultoria Hays
Do ponto de vista da economia, 2014 não começou tão animado quanto os anos anteriores, mas não tão desanimado quanto está terminando. Apesar das dificuldades, as metas dos executivos foram, em geral, agressivas, provavelmente no esteio dos anos anteriores. Na maioria dos casos, não deu para cumpri-las, e os bônus minguaram. Por isso, metade dos executivos terminou o ano insatisfeita com seus pacotes de remuneração : 49%, dos 549 diretores e CEOs ouvidos no Guia de Salários 2014, feito pela consultoria Hays em parceria com o Insper. O número é 13 pontos percentuais acima do registrado em 2013. Além de bônus menores, 54% deles não receberam aumento no salário fixo. Esse cenário deve mudar. Segundo Rodrigo Soares, diretor da Hays, a tendência é que ao menos os bônus cresçam, justamente porque 2015 já começa com baixas expectativas.
Quais as perspectivas salariais para os executivos no ano que vem?
A perspectiva é de recessão maior nas empresas e por isso as remunerações fixas não devem sofrer aumentos. Mas muitos executivos vão ganhar nas bonificações atreladas às metas e resultados, principalmente ligadas a três pilares: aumento de vendas e de produtividade e redução de custos.
A remuneração variável tende a crescer em relação a 2013 e 2014?
Depende do mercado e da empresa. Mas, de modo geral, as empresas vão pagar remunerações variáveis equivalentes sobre metas ainda bastante agressivas, porém mais realistas.
Mesmo com a economia desaquecida?
Ao contrário do que ocorreu em 2013, agora o executivo está mais preparado para negociar bônus, baseado em análises do passado e do mercado. Já sabe que a economia não vai bem. No início de 2014, não se sabia que o ano seria tão ruim. O profissional tinha uma expectativa positiva e teve dificuldades para cumprir as metas.
Para reduzir os custos, algumas empresas trocam seus funcionários por executivos do mercado, com redução da remuneração. Isso é uma tendência?
Não. Para reduzir custos, em geral, as empresas estão aumentando a versatilidade dos cargos. Isto é, os profissionais ganham mais responsabilidades. O executivo que antes cuidava de duas ou três áreas, hoje responde por quatro ou cinco. Alguns presidentes acumulam a função de uma das diretorias principais. Outros, que antes respondiam pela operação local, passam a cuidar de urna região. Na prática, isso conta como aumento de produtividade.
A perspectiva de crescimento na remuneração variável será suficiente para deixar o executivo mais satisfeito do que está agora?
Insatisfação existe desde que o mundo é inundo. O profissional agora não deve se preocupar com a satisfação, mas, sim, com a adaptação a um cenário que não é favorável. 0 executivo maduro é o que faz parte da solução – e não do problema.
Fonte: Revista Época Negócios – 09/12/2014