Fonte: Exame – 10/03/2017
A recessão não pode ser usada de álibi para justificar um fracasso ou para abandonar planos sólidos de investimento.
Os cuidados para tomar ao iniciar um negócio na crise
Com exceção de alguns breves momentos da economia brasileira, a crise sempre esteve presente na vida do brasileiro.
E, apesar da crise atual ser, por uma série de fatores, a mais severa em décadas, ela não pode ser usada de álibi para justificar um fracasso ou para abandonar planos sólidos de investimento. Pesquisas mostram que o que se faz dentro da empresa tem impacto muito maior que fatores setoriais ou econômicos.
Entretanto, alguns cuidados precisam ser tomados:
1 — Defina bem sua estratégia e proposta de valor
O cerne de uma boa estratégia envolve três elementos principais: um diagnóstico claro, uma diretriz norteadora e um conjunto de ações coerentes.
Estratégia é fazer escolhas. E as escolhas envolvem renúncias: quais mercados não atender, quais segmentos não buscar e quais ações não fazer. Você deve ter na ponta da língua os argumentos concretos para a seguinte pergunta: “por que o cliente deve escolher a sua empresa e não a do concorrente?”.
2 — Mantenha uma estrutura de custos enxuta e escalável
Se a expectativa em relação ao mercado é de volatilidade, não é recomendado realizar investimentos demasiados no aumento da capacidade própria, pois isso, além de requerer mais capital, aumentaria a estrutura de custos fixos.
Nesses momentos, buscar alternativas, como o estabelecimento de parcerias, pode ser uma boa solução para reduzir o risco, mesmo que isso impacte em margens.
Normalmente, quando a expectativa é de crescimento, as empresas buscam transformar custos variáveis em fixos para aumentar as margens. Entretanto, quando a expectativa é de retração, a regra é a inversa: transformar custos fixos em variáveis.
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3 — Identifique os mercados que crescem na crise, e avalie se é possível atendê-los
Estudos apontam que empresas com posicionamento baseado em diferenciação se prejudicam em momentos de crise. Por outro lado, empresas com posicionamento baseado em preço baixo se beneficiam nessas situações (Garcia-Sanchez, & Vassolo, 2014).
Avalie se há produtos ou serviços com esse perfil no portfólio de sua empresa. Em caso negativo, analise a viabilidade de lançar algo nessa linha, mesmo que temporariamente, atentando-se para os riscos de posicionamento e estratégias de arquitetura de marca.
4 — Avalie os resultados e reveja a estratégia com frequência maior
Em momentos de crise, a palavra de ordem é mudança. Para estar atento a isso, aumente a frequência do seu monitoramento do desempenho estratégico. Quanto mais rápida a reação às mudanças, maior o aproveitamento das oportunidades e proteção contra as ameaças.
David Kallás é professor de estratégia do Insper.
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Começo de negócio: o que se faz dentro da empresa tem impacto muito maior que fatores setoriais ou econômicos
Fonte: David Kallás – A recessão não pode ser usada de álibi para justificar um fracasso ou para abandonar planos sólidos de investimento.