[{"jcr:title":"Mulheres na tecnologia é tema de pesquisa no Insper"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"Mulheres na tecnologia é tema de pesquisa no Insper","jcr:description":"Rafaela Afférri, aluna do Insper, conta sobre seu trabalho em pesquisa sobre inclusão de mulheres na engenharia de software"},{"cq:tags_0":"tipos-de-conteudo:pesquisa-na-graduação"},{"subtitle":"Rafaela Afférri, aluna do Insper, conta sobre seu trabalho em pesquisa sobre inclusão de mulheres na engenharia de software","author":"Bárbara Nór","title":"Mulheres na tecnologia é tema de pesquisa no Insper","content":"Rafaela Afférri, aluna do Insper, conta sobre seu trabalho em pesquisa sobre inclusão de mulheres na engenharia de software   Bárbara Nór   Até 2050, cerca de 75% de todas as ocupações profissionais serão relacionadas ao universo STEM (ciências, tecnologia, engenharia e matemática), de acordo com um levantamento da ONU. Por outro lado, também segundo a ONU, as mulheres são apenas 35% dos estudantes nesses cursos — e os números só pioram quando olhamos para distribuição de gênero nas empresas e em cargos de liderança. Essa realidade não passou despercebida por Rafaela Afférri de Oliveira 19 anos, aluna do terceiro semestre do curso de Ciência da Computação no Insper. Desde cedo, ela se interessou por tecnologia. Na sétima série, teve o primeiro contato com programação ao fazer um curso de jogos digitais e, ao longo do ensino médio, se envolveu com diversos outros cursos de programação. Já nessa época, ela percebia que era parte de uma minoria: Rafaela era uma das únicas meninas naquelas turmas. Para ela, desde muito jovens, as meninas acabam aprendendo que áreas como ciência e tecnologia não são para elas. “Quando você pede para crianças desenharem cientistas, elas começam a desenhar homens”, diz. “Isso mostra que elas já internalizaram que aquilo não é uma possibilidade para as mulheres.” O resultado acaba sendo como uma bola de neve: quanto menos as meninas se sentem bem-vindas nessas áreas, menos se formam — e menos ainda trabalham com isso, o que só reforça o sentimento de que mulheres não pertencem às áreas STEM. “Ter pouca mulher atrai menos mulher”, diz Rafaela. “Isso não é incentivado, você não vê aquilo, não consegue se autoincentivar, não tem ninguém para você se espelhar.” Não é à toa que, assim que começou a estudar Ciência da Computação no Insper, o tema da inclusão das mulheres tenha atraído o interesse de Rafaela. “Sempre fui interessada pela história do feminismo”, afirma Rafaela. Ela lembra que, já no início da graduação, lia sobre o tema das mulheres e tecnologia por conta própria. O interesse aumentou ainda mais ao cursar uma das disciplinas do primeiro semestre da faculdade, sobre ética e sociedade. “A gente entrava em contato com esse lado um pouco mais social das ciências da computação, sobre questões que afetam o mundo”, diz. “Nessa matéria, nos dividimos em grupos para apresentar um seminário, e o meu grupo fez sobre o impacto das mulheres na tecnologia.” Ao mesmo tempo, fazer iniciação científica também era outro desejo de longa data de Rafaela. Seu pai é pesquisador, e ela conta que o mundo acadêmico sempre esteve muito presente em casa. “Ele é doutor, orienta muitos alunos em mestrado e doutorado”, diz. “Era o dia a dia ouvir meu pai falando sobre artigos, a gente assina a revista da Fapesp.” No Insper, ela viu a oportunidade de unir as duas coisas: seu interesse pelas questões das mulheres na tecnologia com a vontade de fazer pesquisa. “Os professores estavam sempre contando sobre suas pesquisas e dizendo para os alunos interessados entrarem em contato.” Foi o que ela fez ao procurar a professora Graziela Tonin, que faz parte de um grupo de estudo que conduz uma revisão sistemática de literatura sobre iniciativas voltadas para mulheres na área de engenharia de software, em conjunto com outras universidades do Brasil e liderado por uma pesquisadora dos Estados Unidos. Rafaela passou pelo edital, conseguiu uma bolsa de estudos e, no começo do segundo semestre do curso, começou a participar do projeto. “Tivemos reuniões de alinhamento para eu entender como funciona uma pesquisa científica, e só comecei a participar mais ativamente no final do semestre.” O primeiro passo foi fazer um piloto para testar o processo de coleta de dados da pesquisa. “Fizemos um programa que analisa artigos de um certo período de anos e puxa todos os dados: título, autores, ano de publicação e resumo.” Uma vez coletados, esses dados eram checados para ver se as informações batiam e se de fato falavam sobre o tema a ser investigado. Foram mais de 10 mil artigos analisados, divididos entre três duplas de pesquisadores. Os artigos que passavam pelo filtro da pesquisa — isto é, que falavam sobre iniciativas voltadas para mulheres na engenharia de software – passavam por um segundo filtro, no qual a introdução e a conclusão de cada um deles eram lidas para ver se de fato o artigo era relevante para a pesquisa. Por fim, os que passavam para a terceira etapa eram lidos na íntegra. “Aí, a gente passava para realmente uma extração de dados dos artigos, marcando quais eram as iniciativas exploradas e qual era o grupo para o qual essas iniciativas eram aplicadas, se falava sobre mulheres na pós, no ensino médio ou na indústria.” Por fim, depois disso, era a hora de analisar as referências citadas em cada um os artigos para ver se algum poderia ser incluído na análise. “Aí, começava tudo de novo.” O processo, chamado de “snowballing”, está hoje na terceira fase. “É devagar porque são muitos dados, e temos que fazer pausas para conferir os números”, diz Rafaela. “Tem uma equipe na pesquisa cujo papel é só fazer a auditoria de todo o processo, checar se tem alguma discrepância.” Segundo a aluna, a experiência vem trazendo muitos desafios, mas também muito aprendizados. “É uma responsabilidade grande, porque você tem outras pessoas contando com você e pelo fato de eu estar recebendo uma bolsa”, diz. “Estou aprendendo muito sobre como trabalhar com outras pessoas — principalmente com os pesquisadores de outras universidades, a comunicação é de extrema importância — e, claro, minhas hard skills com Excel aumentaram em 90%”. E, claro, já nessa fase de análise, Rafaela, que pretende seguir na pesquisa e fazer um mestrado, conta que já conseguiu ter insights . “A primeira coisa que percebi é que existem poucas informações [sobre iniciativas voltadas para as mulheres nessa área]”, diz. “A maioria dos artigos é muito rasa, não são iniciativas que foram completas, e muitas não tiveram tempo de implementação o suficiente”, avalia. Ela conta também que aprendeu que, até a década de 1980, as mulheres eram maioria na computação. “A programação era vista como um trabalho inferior por muito tempo, como algo quase só de digitação, sem muito significado”, diz. “Quando a área começou a ganhar destaque, o número de mulheres começou a cair, até chegar nos números que a gente tem hoje.” Para Rafaela, os avanços recentes ainda não são o suficiente para reverter a situação. Um dos maiores problemas é o fato de que as mulheres simplesmente não se sentem bem-vindas, nem reconhecidas, nesses ambientes. Ainda assim, ela mesma considera que teve sorte nesse sentido. “A minha turma é a que tem mais mulher. São 8 meninas na sala, um número razoável em uma turma de 34 alunos”, diz. “Facilita você ter um pouco mais de pessoas que parecem com você.” Mas situações chatas ainda acontecem. “Fazendo trabalhos em grupo já escutei de meninas que o resto do grupo não deixava que elas fizessem a parte considerada mais difícil do trabalho, que elas só ficavam com a parte ‘fácil’, ou só com o design”, diz. “E obviamente elas queriam participar de tudo.”   Iniciação Científica e Tecnológica Os alunos de graduação do Insper interessados em pesquisa científica ou tecnologia e inovação podem participar do [Programa de Iniciação Científica e Tecnológica](https://www.insper.edu.br/graduacao/iniciacao-cientifica-tecnologica/) . Os selecionados a cada semestre recebem bolsas do CNPq e do próprio Insper, contando com orientação de professores da instituição. Há duas modalidades: o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) e o Programa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (PIBITI). O programa é parte do esforço do Insper em promover a pesquisa na graduação, oferecendo aos alunos a oportunidade de desenvolver habilidades importantes tanto para a carreira acadêmica quanto para o mercado de trabalho. A pesquisa permite aos alunos pensar de forma sistemática e aprimorar habilidades cognitivas, socioemocionais e de apresentação, preparando-os para interagir com o público acadêmico, gestores e formuladores de políticas públicas.      "}]