[{"jcr:title":"Eleições de 2024 apresentam desafios e oportunidades para as mulheres na política"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"Eleições de 2024 apresentam desafios e oportunidades para as mulheres na política","jcr:description":"Evento do Insper em parceria com a organização social Conecta debateu os obstáculos enfrentados pelas lideranças femininas, além de estratégias para ampliar sua presença e influência"},{"subtitle":"Evento do Insper em parceria com a organização social Conecta debateu os obstáculos enfrentados pelas lideranças femininas, além de estratégias para ampliar sua presença e influência","author":"Ernesto Yoshida","title":"Eleições de 2024 apresentam desafios e oportunidades para as mulheres na política","content":"Evento do Insper em parceria com a organização social Conecta debateu os obstáculos enfrentados pelas lideranças femininas, além de estratégias para ampliar sua presença e influência Ana Diniz, Luana Tavares, Ana Fontes e Allyne Andrade   Tiago Cordeiro   Apenas 45 cidades brasileiras têm maioria de vereadoras nas câmaras municipais — e são, na maioria dos casos, cidades com menos de 15 mil habitantes, administradas por prefeitos homens. Além disso, as mulheres ocupam somente 16% das aproximadamente 58 mil vagas para vereadores em todo o país, segundo [dados](https://www.tse.jus.br/comunicacao/noticias/2024/Marco/apenas-45-cidades-brasileiras-tem-maioria-de-vereadoras-nas-camaras-municipais) do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Este é o cenário formado em 2020, e que já representou avanço em relação às eleições municipais de 2016, quando pouco mais de 13% das vagas eram ocupadas por mulheres. Em 2024, eleitores e eleitoras têm pela frente uma nova oportunidade de avançar na igualdade de gênero na política. Este foi o tema do [evento](https://www.insper.edu.br/agenda-de-eventos/desafios-e-oportunidades-para-as-mulheres-na-politica/) “Desafios e oportunidades para as mulheres na política”, uma realização do Núcleo de Estudos de Gênero do Centro de Gestão e Políticas Públicas (CGPP) em parceria com a Conecta, organização social que trabalha para incentivar o protagonismo feminino na política nacional. Reuniu, em 4 de junho, três lideranças de referência no tema. [Allyne Andrade](https://www.insper.edu.br/pesquisa-e-conhecimento/docentes-pesquisadores/allyne-andrade/) , superintendente-adjunta do Fundo de Direitos Humanos do Brasil, é doutora em direito pela Universidade de São Paulo (USP), com Master of Laws na área de Teoria Crítica Racial da UCLA School of Law (2019). É também professora no Insper. Ana Fontes é empreendedora social, fundadora da Rede Mulher Empreendedora (RME), e do Instituto RME, além de vice-presidente do Conselho do Pacto Global da ONU Brasil e Membro do Conselhão da Presidência da República (CDESS). Também é delegada líder do W20, grupo de engajamento do G20. E [Luana Tavares](https://www.insper.edu.br/pesquisa-e-conhecimento/docentes-pesquisadores/luana-tavares/#:~:text=Luana%20se%20dedica%20h%C3%A1%20mais,protagonismo%20feminino%20na%20pol%C3%ADtica%20nacional.) se dedica há mais de 20 anos ao setor de impacto social no Brasil. Foi diretora executiva do Centro de Liderança Pública (CLP) por 8 anos e em 2021 fundou a Conecta. Mediado por [Ana Diniz](https://www.insper.edu.br/pesquisa-e-conhecimento/docentes-pesquisadores/ana-diniz/) , professora no Insper, o debate abordou formas de fortalecer a representatividade feminina, não apenas como eleitoras (são 82 milhões, ou 53% do total), mas também como líderes e agentes de mudança. E realmente há muito a avançar: como aponta o [relatório](https://www.weforum.org/publications/global-gender-gap-report-2023/) Global Gender Gap Report 2023, do Fórum Econômico Mundial, o Brasil está na 57ª colocação global quando o assunto é a participação das mulheres na política. Violência e acesso a financiamento De acordo com Andrade, a legislação avançou em 2009, quando a [Lei das Eleições](https://www.tse.jus.br/legislacao/codigo-eleitoral/lei-das-eleicoes/lei-das-eleicoes-lei-nb0-9.504-de-30-de-setembro-de-1997) estabeleceu que cada partido ou coligação deverá preencher no mínimo 30% e no máximo 70% de candidaturas de cada sexo nas eleições para a Câmara dos Deputados, a Câmara Legislativa do Distrito Federal, as assembleias legislativas estaduais e as câmaras municipais. Mas falta uma política pública estruturada para colocar esse indicador em prática. “Em muitos espaços em que existem cotas para mulheres, elas acabam funcionando não como piso, mas como teto”, apontou. Daí a importância de nomear esse problema, de forma a conseguir atacá-lo, como disse Fontes. “No W20, passamos muito tempo debatendo terminologias, que são fundamentais para mudar os termos do debate. Costumamos ouvir que a mulher não sabe fazer o jogo político, mas ele foi criado pelos homens. Podemos criar nossos próprios jogos, porque este modelo atual nos exclui. O mesmo vale para networking: podemos fazer do nosso jeito, em outros termos.” Para Andrade, hoje já existe uma gramática para verbalizar a exclusão das mulheres como expressão da violência política. “De acordo com a [pesquisa](https://terradedireitos.org.br/violencia-politica-e-eleitoral-no-brasil/#:~:text=Foram%20registrados%20163%20assassinatos%20e,o%20ano%20de%202021%20inteiro.) da Terra de Direitos e Justiça Global, as mulheres são vítimas de 36% dos casos de violência política, mais que o dobro da taxa de ocupação de vagas em câmaras municipais. Entre os principais obstáculos para a participação feminina na política, a primeira questão é a violência. O sistema partidário no Brasil já é extremamente violento”, disse a professora. Para Fontes, o acesso a dinheiro é uma questão prioritária. “A dificuldade no acesso ao fundo partidário está relacionada à falta de acesso das mulheres aos espaços de poder. Ou seja, há um obstáculo de justiça econômica. Elegemos homens ricos num país em que a maior parte dos pobres são mulheres. Espaço de poder é espaço de dinheiro.”   Espaços dentro dos partidos “Quando se trata da dificuldade do acesso a posições de liderança, na comparação entre o setor privado e o setor público, os problemas são semelhantes”, analisou Tavares, que há dois anos se [candidatou](https://terradedireitos.org.br/violencia-politica-e-eleitoral-no-brasil/#:~:text=Foram%20registrados%20163%20assassinatos%20e,o%20ano%20de%202021%20inteiro.) a deputada federal por São Paulo e conquistou uma vaga como suplente. “Eu sempre quis contribuir com a sociedade, atuei no terceiro setor, mas não como uma posição política. Agora tenho atuado na busca por implementar políticas efetivas para as mulheres, encarando as desigualdades de gênero que existem no mundo político.” Ela apontou a importância de as mulheres buscarem novos espaços nas lideranças internas dos partidos. “Eu acredito nos partidos, a democracia exige que a gente tenha partidos, eles dão acesso ao direito de participação. Mas atualmente as mulheres no geral ainda estão fora desses espaços de tomada de decisão.” Para isso, lembrou, é importante que as líderes femininas consigam superar uma dificuldade: transitar no ambiente partidário, entender esse ambiente é desafiador. “Desafios e oportunidades para as mulheres na política” foi o primeiro de uma série de encontros que serão realizados ao longo do ano para discutir questões de gênero nas eleições municipais de 2024. O próximo encontro acontecerá em 3 de julho e discutirá a importância da participação feminina nas decisões políticas. [Para participar, inscreva-se gratuitamente neste link.](https://www.insper.edu.br/agenda-de-eventos/a-importancia-da-participacao-feminina-nas-decisoes-politicas/)"}]