Testes em laboratório indicam que combinação de materiais tornará a produção de energia por células fotovoltaicas cada vez mais eficiente
Bernardo Vianna
De acordo com o MIT Technology Review, células solares que combinam o tradicional silício com a inovadora perovskita — um mineral relativamente raro na natureza — podem impulsionar a eficiência dos painéis solares a novos patamares. A afirmação é feita em um artigo da publicação do Massachusetts Institute of Technology que lista 10 avanços tecnológicos considerados os mais promissores para o ano de 2024.
Segundo a publicação, um novo recorde de eficiência de geração de energia elétrica por meio da absorção da luz solar foi quebrado em novembro de 2023, suplantando o recorde anterior, que durou apenas alguns meses. Tal aceleração do desenvolvimento de painéis solares vem de um tipo especial de tecnologia, que combina o silício, que representa 95% do mercado atual, com novos materiais cuja estrutura é capaz de absorver diferentes comprimentos de onda de luz. As chamadas células tandem, que combinam silício e perovskita, são capazes de melhor aproveitar o espectro luminoso e, dessa forma, produzir mais energia elétrica por unidade.
A tecnologia de células tandem silício-perovskita, porém, apesar dos excelentes resultados em laboratório, ainda enfrenta obstáculos para a implementação comercial, como preocupações em relação à sua durabilidade e os poucos testes em ambiente externo realizados. Ainda de acordo com o MIT Technology Review, a empresa britânica Oxford PV anunciou, em maio de 2023, ter alcançado uma eficiência de 28,6% para uma célula tandem de perovskita em tamanho comercial, que é significativamente maior do que aquelas usadas para testes em laboratório. A empresa planeja entregar seus primeiros painéis e aumentar a produção em 2024. Além disso, outros fabricantes podem lançar produtos mais tarde nesta década.
Segundo o site de inteligência de dados Statista, a capacidade de produção de eletricidade por células fotovoltaicas, métrica que representa a quantidade máxima de energia que pode ser produzida com todos os geradores em plena operação, mantém a tendência de crescimento desde 2015, o que reflete o redirecionamento dos mercados globais em busca de fontes de energia renováveis. Entre aquele ano e 2022, a capacidade de geração de energia solar global tornou-se 900 gigawatts maior e deve crescer mais 2,3 terawatts até 2027, segundo as projeções do relatório Global Market Outlook for Solar Power 2023-2027, publicado pela SolarPower Europe, associação europeia do setor de energia solar.
De acordo com a análise do Statista, embora ainda haja demanda significativa por petróleo, gás e carvão, o enfrentamento da crise climática e a preocupação com os impactos ambientais dos combustíveis fósseis fazem crescer a pressão por alternativas limpas e renováveis. Soma-se a isso a queda dos custos de produção de energia por fontes sustentáveis para a projeção de um futuro promissor para o mercado de energia renovável. É esperado que o setor continue a desempenhar um papel cada vez mais importante no atendimento da demanda global por energia sem que isso signifique aumento das emissões de gases de efeito estufa.