[{"jcr:title":"As múltiplas oportunidades de aprendizado em computação"},{"targetId":"id-share-1","text":"Confira mais em:","tooltipText":"Link copiado com sucesso."},{"jcr:title":"As múltiplas oportunidades de aprendizado em computação","jcr:description":"O professor Igor Montagner fala sobre as experiências profissionais e pessoais durante o período de intercâmbio na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos"},{"subtitle":"O professor Igor Montagner fala sobre as experiências profissionais e pessoais durante o período de intercâmbio na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos","author":"Ernesto Yoshida","title":"As múltiplas oportunidades de aprendizado em computação","content":"O professor Igor Montagner fala sobre as experiências profissionais e pessoais durante o período de intercâmbio na Universidade de Illinois, nos Estados Unidos   Leandro Steiw   O professor Igor Montagner está integrado ao projeto de ensino para estudantes do primeiro ano de Ciência da Computação, junto a um grupo de pesquisa da [Universidade de Illinois](https://www.insper.edu.br/noticias/insper-e-universidade-de-illinois-formalizam-acordo-de-cooperacao/) , nos Estados Unidos. Ele foi um dos docentes do Insper que, nos últimos meses, fizeram período sabático no campus de Urbana-Champaign da instituição parceira. Grande parte do tempo lá foi dedicado ao projeto de pesquisa “Adapting immediate feedback and frequent testing to project-based courses”, à participação em uma disciplina de pós-graduação como ouvinte e às atividades do grupo Pesquisa em Ensino de Computação. Um dos principais resultados foi o desenho de uma melhoria para a disciplina Developer Life, com a medição dos resultados decorrentes da mudança. Com o fim do primeiro semestre, os dados coletados em entrevistas com alunos foram compilados e submetidos a um dos principais fóruns de discussão na área de ensino de computação. “Obtivemos resultados mais relevantes do que tínhamos até então, tal o nível de sofisticação de algumas iniciativas da Universidade de Illinois”, diz Montagner. O objetivo do estudo é garantir que os alunos que ingressem na Ciência da Computação consigam acompanhar o curso até o fim. A disciplina Developer Life ocupa 32 horas da grade por semana. Para alguns jovens que acabaram de entrar na faculdade, não é impossível se perder na velocidade de progressão dos conteúdos. O trabalho tenta entender como manter o avanço de conteúdos em sala de aula sem deixar algumas pessoas para trás no aprendizado. Implantou-se, então, a ideia das segundas chances: múltiplas avaliações que abrem ao aluno renovadas oportunidades de dominar a matéria. “Foi bem interessante porque, à medida que as ações funcionaram como queríamos, outras ideias de continuação começaram a aparecer, algumas relacionadas a incômodos dos alunos, que permitem pensar em melhorias para o próximo ano”, afirma Montagner. Em maio deste ano, a professora Mariana Silva, da Universidade de Illinois, esteve no Insper para acompanhar a experiência e falar sobre [ferramentas](https://www.insper.edu.br/noticias/metodo-de-ensino-inovador-com-uso-da-tecnologia-foi-tema-de-seminario-no-insper/) de melhoria do aprendizado. Nos quatro meses vividos no campus de Urbana-Champaign, Montagner pôde recordar sua época de doutorado sanduíche em Rouen, no interior da França. Descontadas as peculiaridades de cada país, as duas cidades proporcionam, em comum, a mobilidade de uma cidade pequena. Em Illinois, a universidade ocupa uma parte considerável da atividade na região e recebe muita gente de fora. São 56.000 estudantes de graduação e pós-graduação provenientes dos Estados Unidos e de uma centena de países. Essa efervescência de pessoas diferentes reverte em uma série de atividades para quem permanece na cidade. “Gostei da dinâmica de cidade do interior, onde tudo é mais próximo”, afirma. “Há muita atividade de lazer, cultura e esportes acontecendo a todo o momento, entre outros motivos porque uma porção de estudantes que não são de Urbana-Champaign precisa de opções para as folgas e os fins de semana.” No tempo livre, Montagner participou dos encontros de jiu-jitsu e caratê de duas entidades universitárias e aproveitou as ciclovias do campus, convidativas no relevo plano da região. Ciclista em São Paulo, o professor pedalava do dormitório em Urbana para a faculdade, os restaurantes preferidos e o centro de esportes. Ele conta que, em meia hora, sem pressa, cruzava toda a cidade. A intenção de não perder o hábito ciclístico acabou direcionando para o programa local de recuperação de bicicletas abandonadas, uma prática do clássico “faça você mesmo”. O interessado escolhe um modelo que foi doado ou recolhido das ruas e, com a assistência de mecânicos, remonta a bike numa oficina com todas as ferramentas necessárias, mediante o pagamento de mensalidade. Além das peças novas, há também partes sobressalentes que foram recuperadas dos veículos recolhidos. No final, leva-se a bicicleta para casa, sem qualquer outro custo. “Então, reformei uma bicicleta para usar por uns dois meses e meio e depois devolvi, porque ia voltar para o Brasil”, diz. “Achei uma bem velhinha que tinha por lá e troquei tudo até ficar segura para andar. Nunca havia feito algo parecido. Paguei uns cem dólares, usei todas as ferramentas, comprei três peças novas e um cadeado. Para o tanto de horas que passei lá, foi baratíssimo.”   A bike usada por Igor Montagner para circular pelo campus de Urbana-Champaign   Celebrando a pesquisa Montagner achou interessante a imersão temporária em uma universidade reconhecida pela área de pesquisa e que, simultaneamente, equilibra o foco no ensino, em projetos similares ao colocado em prática na parceria com o Insper. A Universidade de Illinois está no top 10 dos cursos de Engenharia e Ciência da Computação nos Estados Unidos. “Em quatro meses, observei diversos eventos nos quais alunos de graduação, mestrado e doutorado compartilhavam publicamente as suas pesquisas”, afirma Montagner. “Eram alunos orgulhosos de mostrar o que estavam fazendo. Alguém me falou lá: ‘Não perdemos a oportunidade de celebrar a pesquisa’. Percebi nisso a vontade de conquistar mais e mais pessoas para trabalhar juntas.” Por mais que o modelo de aprendizado seja diferente nas universidades norte-americanas, tanto em contato com os professores quanto no tamanho das turmas, aprende-se muito com as experiências em Urbana-Champaign, na opinião de Montagner. O relacionamento entre professores e alunos costuma se aprofundar fora da sala de aula, em entidades universitárias e projetos de pesquisa. Assim, muitas iniciativas podem ser importadas integralmente, outras precisam de adaptação e algumas já existem no Brasil. Sempre haverá vantagens e desvantagens a considerar. “Em uma sala com centenas de alunos, como em Illinois, se a pessoa está passando por um momento difícil e não sai do quarto, ninguém vai perceber”, explica. “Aqui, as turmas têm 50 alunos. Em muitas salas, eu olho para as pessoas e sei quem não está presente. Então, situações desse tipo têm uma importância diferente aqui e lá. Mas, se eles fazem outras coisas legais na área de ensino da computação, eu quero fazer também.”  "}]