Depois de passar três semanas no campus da instituição americana em Urbana-Champaign, João Alfredo Cardoso Lamy vai continuar participando da iniciativa

 

Tiago Cordeiro

 

Nascido em São Paulo há 20 anos, o aluno do 4º semestre da graduação em Ciência da Computação do Insper João Alfredo Cardoso Lamy chegou ao campus da Universidade de Illinois (UIUC), em Urbana-Champaign, no dia 17 de julho. Ao longo de três semanas, morou em um quarto de alojamento com uma mesa que se tornou sua estação de trabalho principal. Ele também circulou bastante. Interagiu com professores e alunos, frequentou laboratórios e bibliotecas e utilizou um dos refeitórios do campus, que tem 25 quilômetros quadrados de área.

Lamy voltou ao Brasil no dia 5 de agosto. Ficou satisfeito com o período em que realizou o estágio de verão da Universidade de Illinois, um programa anual cujo objetivo é proporcionar uma interação direta com a comunidade acadêmica do Grainger College of Engineering da instituição.

“Foi uma experiência muito rica, que me levou a conhecer a rotina da uma das escolas de engenharia mais respeitadas do mundo e me colocou em uma experiência de imersão em produção de pesquisa”, afirma ele, que nunca tinha viajado completamente sozinho antes — com exceção de um período de intercâmbio em Ottawa, no Canadá, onde ficou na casa de um amigo de seu pai e só precisou fazer a viagem de volta sem companhia.

 

Análise de comunidades

Torcedor do Flamengo, por influência da parte da família que mora no Rio de Janeiro, Lamy fez um esforço para se ambientar rapidamente e participar da forma mais produtiva possível da pesquisa para a qual foi selecionado: o trabalho “Meso-scale Structures in Large Graphs: Finding Communities with Substructure”, um dos cinco projetos desenvolvidos em parceria entre o Insper e a UIUC desde setembro de 2022, quando teve início o acordo de colaboração entre as duas instituições.

Conduzida por Fábio Ayres e Charles Kirschbaum, da parte do Insper, e Tandy Warnow e George Chacko, do lado da UIUC, a pesquisa tem por objetivo analisar como grupos se formam e se conectam, utilizando como ferramenta os grafos — área da matemática que estuda as relações entre os objetos de um determinado conjunto. Num primeiro momento, o trabalho analisa as interconexões entre artigos acadêmicos, considerando como eles citam uns aos outros. Dessa forma, pode jogar luz sobre como a produção científica é realizada e compartilhada.

O aluno trabalhou diretamente com George Chacko, que utiliza técnicas de ciência de dados para traçar panoramas detalhados da estrutura da comunidade de pesquisa e da forma como se dá a difusão de conhecimento, a partir do impacto dos artigos e da revisão por pares. Futuramente essas técnicas podem ser aplicadas para outras formas de agrupamentos.

“Chacko analisa conexões que futuramente deverão chegar a 180 milhões de nós, ou seja, pontos de contato. Eu estou contribuindo com o desenho e o teste de códigos, que precisa ser documentado. A maior rede de conexões com a qual eu trabalhei tinha 3 milhões de nós. Testei diferentes características de algoritmos de clustering”, diz Lamy.  “Aprendi com eles a encontrar padrões de uma forma mais rigorosa.”

 

Continuidade na pesquisa

O estudante pretende prosseguir na pesquisa, a partir de São Paulo, conciliando com suas atividades acadêmicas. “Pretendo continuar contribuindo remotamente com o projeto, com a supervisão do professor Fábio Ayres. E quero retornar para o estágio de verão de 2024, agora para fazer a experiência completa”, diz ele – em 2023, o primeiro ano em que o Insper enviou dois alunos para Illinois, dificuldades com a documentação atrasaram a viagem, e a experiência, que deveria durar dez semanas, acabou sendo mais curta. “Extraí o melhor da viagem. Já estou esperando pela próxima visita a Illinois.”