Empresa júnior dedicada a atender o setor e parceira do Insper Agro Global percorreu seis empreendimentos do agronegócio em quatro estados. As visitas vão render uma minissérie no Canal Rural
Tiago Cordeiro
O agronegócio é um setor amplo e diversificado, que abrange atividades que vão muito além do plantio e dependem de processos industriais e logísticos, que vêm sendo transformados por novas tecnologias, impulsionando o foco em práticas de sustentabilidade ambiental, social e de governança (reunidas na sigla ESG).
Os estudantes de graduação que atuam no AgroInsper, empresa júnior fundada em 2017 e dedicada a oferecer consultoria e gestão em projetos para o setor, conhecem bem esta realidade. Mas identificam que a população, em geral, não conhece as práticas das empresas do ramo. Para dar visibilidade e conhecer a rotina do setor, que responde por um quarto do PIB do país, segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), eles resolveram ir a campo, literalmente.
Em 2022, com o apoio do Insper Agro Global, percorreram 1.800 quilômetros para visitar produtores que atuam em São Paulo e em Minas Gerais, entrevistar os líderes e mapear e descrever práticas. A experiência foi tão bem-sucedida que os estudantes resolveram dar um salto maior em 2023.
Por 23 dias, começando em 9 de julho, sete integrantes da empresa júnior iniciaram a segunda edição da Expedição AgroInsper. Percorreram quase 7 mil quilômetros, passaram por quatro estados e visitaram seis empreendimentos que, somados, proporcionam um panorama detalhado do momento do setor.
“Começamos há 6 meses buscando apoio de grandes produtores”, relata Pedro Rocha de Felipe, de 21 anos, presidente do AgroInsper e aluno do quinto semestre da graduação em Administração. “Foi um processo desafiador, que nos colocou para fazer reuniões, fortalecer o networking com lideranças do setor e até mesmo conduzir o fechamento de contratos”, reforça Antonio Simão Stefano Neto, de 19 anos, aluno do terceiro semestre de Administração e vice-presidente da empresa júnior.
Além de Pedro e Antônio, participaram da viagem os estudantes de graduação do Insper Sofia de Souza Moreira Sampaio Piegas, Lourenço Junqueira Franco Meireles, Sofia Leal Nunes Barreto, Paulo Henrique Carrer Ribeiro e Enrico Faé Giannetti. O Insper Agro Global atua com mentorias e apoio técnico-científico aos alunos que fazem parte do AgroInsper.
Ao longo das negociações para colocar em pé a viagem, os estudantes fortaleceram o relacionamento com o Canal Rural, dedicado a produzir notícias e análises sobre o setor. “Eles entenderam a proposta e abraçaram o projeto porque viram em nós o futuro do agronegócio brasileiro”, comemora Pedro. O resultado estará disponível a partir do final de setembro, em uma minissérie inédita de cinco episódios.
A viagem acabou se mostrando importante para fortalecer o vínculo entre o Insper e o campo, aponta Antonio. “O Insper é formador de lideranças em gestão e administração, além de posicionar personalidades de referência no mercado financeiro. São áreas que só têm a ganhar com a interação com as organizações que atuam no agronegócio.”
A imersão também fortaleceu a posição do AgroInsper, afirma o presidente. “ O agronegócio é muito amplo. Na viagem conseguimos acompanhar a colheita do milho na SLC, que é utilizado pela FS para produção de etanol e é transportado pela Rumo para exportação. Além disso, vimos a produção de algodão e a questão da rastreabilidade desse produto”, diz Pedro. “Foi muito interessante também poder ver a produção de feijão na Elisa Agro com foco no mercado interno e, ainda, na última visita, conseguimos ver o Bioparque da Raízen, com grande foco em sustentabilidade.”
Logo no primeiro dia de percurso, dos três veículos utilizados, um apresentou problemas mecânicos e o outro parou por causa de pneus furados. Foi preciso improvisar para garantir a manutenção do cronograma. “Aprendemos a lidar com situações imprevistas. Dividimos a equipe: uma parte permaneceu para consertar os carros e a outra parte seguiu adiante, para não atrasar a programação. No segundo compromisso, já estávamos reunidos novamente”, diz o presidente.
A viagem prosseguiu, sem maiores incidentes — e muitos aprendizados de parte a parte. “Queremos levar uma visão jovem para o agronegócio, um setor que gera empregos qualificados e renda no interior e está focado em produzir em larga escala, de maneira sustentável, inovando em tecnologia e aumentado a conexão com o mercado financeiro”, resume o presidente.
Os empreendimentos visitados durante a Expedição AgroInsper
SLC Agrícola
• 670 mil hectares de área plantada em 22 unidades de produção localizadas em sete estados brasileiros.
• Produz e comercializa sementes de soja e algodão sob a marca SLC Sementes.
• Produz algodão, milho e soja e se dedica à criação de gado no modelo integração lavoura-pecuária (ILP).
Fazenda Pantanal
• Área totalmente arrendada de 26.289 hectares, com produção de 44.772 ha em duas safras.
• Agroindústria de beneficiamento de algodão e silo de armazenagem para grãos.
• Cultivo de soja, milho e algodão.
Rumo
• Malha ferroviária com cerca de 14 mil km e ligação direta com os portos de Santos, Paranaguá, São Francisco do Sul e Rio Grande.
• Transporte de 28% do volume de grãos exportados pelo Brasil.
• Transporte de fertilizantes, milho, trigo, soja, farelo, óleo vegetal, açúcar e combustíveis.
Terminal ferroviário de Rondonópolis (TRO)
• Principal terminal de transbordo da companhia, com capacidade para carregar mais de 1,7 milhão de toneladas de grãos por mês.
• Conexão com as principais áreas produtivas do país, como Lucas do Rio Verde (MT) e Cuiabá (MT).
• Conexão direta com o Porto de Santos (SP).
FS Fueling Sustainability
• 3 unidades industriais no Mato Grosso, com capacidade de processamento de 4,8 bilhões de toneladas de milho.
• 2 bilhões de litros de etanol por ano, mais 70 mil toneladas de óleo de milho e 1,7 bilhão de toneladas de grãos secos de destilaria.
• Geração de 533 mil megawatts de energia elétrica.
Unidade de Lucas do Rio Verde
• Primeira indústria de etanol 100% de milho do Brasil, localizada no maior centro produtivo de grãos do país.
• Capacidade de produzir 530 milhões de litros de etanol por ano.
• Aquisição de 100% do milho utilizado nas plantas em um raio médio de 150 km de distância dos fornecedores.
Elisa Agro Sustentável
• Modelo de negócio focado em agricultura irrigada, com cerca de 9 mil hectares de irrigação em Goiás.
• Produção agrícola com foco em soja, milho, algodão e feijão.
• Algodoeira com capacidade de 40 fardos/hora (até 10.000 hectares de área plantada).
• 2 usinas fotovoltaicas com 1,8 MW de capacidade.
• 2 silos com capacidade para 4.500 toneladas cada.
• Unidade de biotecnologia para produção de fertilizantes e defensivos biológicos.
Raízen
• 4ª maior empresa em faturamento no Brasil e 2ª maior distribuidora de combustíveis no país.
• Produção de 6,1 bilhões de litros de etanol e 4,8 milhões de toneladas de açúcar.
• 1,3 milhão de hectares de área agrícola cultivada.
Planta Bonfim
• Parque de bioenergia com produção de etanol, açúcar, biogás, energia elétrica e E2G.
• Capacidade de moagem de mais de 5,3 milhões de toneladas de cana-de-açúcar.
• A unidade de E2G de Bonfim terá capacidade de produção de 82 milhões de litros por ano, com investimento previsto de R$ 1,2 bilhão.
Galapagos Capital
• Asset management: alocação e gestão de fundos de investimento e previdência para pessoas físicas e investidores institucionais.
• Investment banking: serviços de M&A e captação de recursos, além de originação e estruturação de títulos de dívidas.
• Wealth management: gestão de patrimônio para clientes alta renda.
• Presente em 5 estados brasileiros e em Miami, nos Estados Unidos.